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The Good Wife – 7×20 Party

Por: em 1 de maio de 2016

The Good Wife – 7×20 Party

Por: em

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Antes de qualquer coisa: obrigado, Leonard Dick, por esse episódio.

De coração.

Party é o que The Good Wife já foi um dia e esqueceu de ser novamente. Os diálogos afiados, as subtramas e segredos debaixo do tapete, todos com finas camadas de educação e polidez, direção rápida e empolgante de Rosemary Rodriguez. O final do episódio pode até ter sido covarde, em certas leituras, mas esse é, de longe, um dos grandes momentos dessa temporada (o que não é muito difícil).

Não acreditei em muitos desdobramentos possíveis para a trama de Howard e Jackie, por uns três motivos. O primeiro é que Jackie só funcionou nessa série quando alfinetava/se opunha à Alicia. Exceto por essa rixa, é uma personagem bem apagada. Howard; não preciso comentar. E o terceiro motivo é que depois de todas as expectativas terem sido frustradas nesses últimos episódios, é difícil imaginar que algo bom vá sair. Sabiamente, o time de roteiristas de aproveitou do evento para mostrar a colcha de intrigas escondida sob o casamento. Além disso, convenhamos: festas e reuniões sociais são um dos maiores antros para destilação de veneno e farpas no convívio social. Comparação entre vestidos, críticas a comportamentos, bêbado falando verdades, tudo isso sobre o glacê branco do bolo confeitado e a taças de espumante.

Tudo conspira a favor do destino e contra a organização da festa, feita por Alicia. As flores que chegam são fúnebres, junto com um bolo para funeral. E como no cânone de The Good Wife, quanto mais as coisas podem se tornar caóticas, mais elas tendem a parecer sob a falsa ilusão de estabilidade. Como a nossa protagonista, que carrega o título da série e é uma metonímia para a jornada que acaba daqui a duas semanas, lidar com situações extremas e bagunçadas sempre exigiu classe e terninhos. Por fora, sorrisos políticos e apertos de mão. Alicia aprendeu com grandes políticos e, tornou-se ela mesma, um deles.

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A começar pela roupa. Um parabéns especial aos responsáveis pelo figurino da série. Alicia é a unica em vermelho vivo, num tom parecido com o do letreiro da série e destacando-se completamente dos outros personagens, com roupas mais sóbrias. Ela serve como protagonista e como fio condutor, o sangue que leva oxigênio de um lugar a outro, assim como o elo responsável por encaixar várias subtramas dentro de um episódio coeso e certeiro. O encontro romântico e o futuro com Jason; o divórcio (?) do marido; Zach e sua noiva; Diane e a pressão para a firma. Até mesmo as tramas nas quais ela não está diretamente ligada, como a representação jurídica de Peter no tribunal e a busca de Cary por um advogado. É na personagem de Alicia que esses fios narrativos se encontram e é por suas atitudes que eles começam a existir.

A edição rápida, não deixa o clima esfriar. A única covardia que é apresentada em Party talvez seja o diálogo sobre casamentos e sua maleabilidade. “O casamento é que deveria funcionar para nós e não nós funcionarmos para o casamento”, sintetizando a relação entre Alicia e Peter. Eles se amam? Talvez. Se respeitam? Ora sim, ora sim. O poder está nesse encontro. Peter Florrick não tem o mesmo brilho sem sua esposa, Alicia Florrick não tem a legitimidade sem o marido. Ambos sabem disso. Nós também.

Não me arrisco a propor um final para The Good Wife, embora imagine vários cenários. Um deles é Peter precisando do apoio de sua esposa e ela o ajudando, uma versão espelhada do piloto da série. Só posso agradecer por um episódio que lembra os tempos áureos desse universo.

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Daniel Matos

Ex-gordo, fã de televisão e da Palmirinha.

Belo Horizonte

Série Favorita: The Good Wife

Não assiste de jeito nenhum: Game of Thrones

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