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The Originals – 1×16 Farewell to Storyville

Por: em 15 de março de 2014

The Originals – 1×16 Farewell to Storyville

Por: em

Meus sentimentos estão bem misturados com relação a este episódio, porque ele foi realmente muito bom. Basicamente um único cenário, com três personagens e diálogos incríveis, um atrás do outro. A relação de cumplicidade entre os irmãos afetada pela mágoa de milhões de coisas que aconteceram com o tempo, tornou cada momento ali uma visita a feridas do passado, que claramente não tinha cicatrizado. The Originals caminha com um roteiro incrível e perde uma de suas atrizes principais – informação que, pelo menos eu, vou levar algum tempo para digerir.

originals116_bex e klaus

Desde o surgimento dos Originais, Rebekah vem sendo uma das minhas personagens preferidas nessa trama toda. Apesar de todo o seu poder, de tudo que pode ser, ela não passa de uma garota que teve a adolescência eternizada, junto com os seus medos e inseguranças que só foram maximizados pelo vampirismo (e pelos problemas fraternos que enfrentou durante toda sua vida). Quando li a notícia de que Claire Holt estava deixando a série, fiquei abismado. Pensei sim que o arco da personagem a levaria para fora de New Orleans por um tempo, mas uma saída definitiva parecia um pouco demais para uma protagonista da série. Então, cogitei que matariam a personagem – e quando Klaus enfiou a estaca de carvalho branco nela, meu medo se amplificou -, mas também seria uma medida extrema. Ao que parece, a decisão de deixar o elenco foi da própria atriz e as portas sempre estão abertas para retornos no futuro, mas que tudo isso foi muito estranho, com certeza foi.

O fato é que enquanto estavam no cemitério, os irmãos Mikaelson tiveram de colocar seus sentimentos para fora e tentar lidar com tudo que acabara sendo escondido com o passar do tempo. E é por isso mesmo que esses personagens são tão interessantes: eles tem milhões de camadas que acabam por justificar a personalidade que exibem hoje. Klaus pode ser um monstro sem coração, como ele mesmo se intitula, mas não seria tudo isso uma consequência direta do tratamento possessivo que Mikael sempre demonstrou com o garoto. Não seria isso fruto da renegação que sofreu perante a todos seus irmãos. Como Bex mesmo definiu, Klaus sempre foi um garoto puro, que se preocupava com a família e gostava das artes, qual foi o momento que o transformou em alguém impiedoso? Seria Bex uma das responsáveis por esse momento? Seria o seu amor por Marcel o ponto de partida para a transformação de Klaus em um ser vingativo? Acredito que não. Klaus se tornou assim por auto-defesa. Ele tem medo de mostrar o que realmente é e acabar sofrendo do mesmo jeito que um dia sofreu dentro da sua própria casa. E o personagem, apesar de estar longe da sua redenção, mostra passos largos a caminho da mesma com as atitudes que vem tomando ao longo de tempo.

originals116_kiss

Uma das maiores provas disso foi que, mesmo no auge da sua ira, Klaus não foi capaz de tomar uma atitude definitiva quanto a Rebekah, porque, apesar de tudo, ali estava sua família. E no momento em que os dois ficam a sós, com Elijah agonizando pela faca do papa Tunde, veio um dos diálogos mais poderosos da série. Apesar de imortais, eles viviam sem esperança. Sem esperança de felicidade, de ter uma família unida, de nada. Eles são a definição de amaldiçoados, sem dúvida alguma. E, enquanto Klaus se mostrava como o único amaldiçoado por Mikael, Bex fez questão de frisar que TODOS eles tinham sofrido da mesma maneira, todos tinham sentido as consequências de um pai como aquele. Foi ai que Klaus não pode mais se fazer de vítima do passado, tendo que aceitar que seus irmãos tinham sofrido tanto quanto ele (descobrir que Bex tentou matar o pai foi uma grande surpresa, pelo menos para mim – já que nem Elijah tentou fazer isso mesmo sabendo do sofrimento do irmão). Logo, a redenção era o próximo passo. Klaus e Bex, juntos, não tinha mais como funcionar, seria forçar uma relação que estava desgraçada – o caminho era ela seguir em frente e ele lutar por tudo que perdeu no passado.

A sequencia de despedidas de Rebakah deu o ponto certo do episódio e do que a personagem precisava. Seu último momento com Marcel, a libertação de Klaus, o adeus a Elijah e, por fim, a última visita a sobrinha (eles já sabem que é menina? eu não lembrava dessa informação) que provavelmente demorará a conhecer. E, por fim, uma longa estrada de liberdade para ela e sua chance de ser feliz finalmente. Mas não fiquei feliz com isso. Tudo muito bem feito, linkado, porém a saída da personagem é uma perda brusca para a dinâmica da série, que fica basicamente com Cami e Davina como personagens femininas fortes (além das outras bruxas). Só quero entender melhor o que foi que aconteceu. No mais, tivemos o drama de Davina e os ancestrais furiosos – o que já era de se esperar e deve trazer consequências para a personagem -, e a vontade louca de Marcel de entregar a menina para as bruxas (isso porque ele queria protegê-la…). Descobrimos que a maldição do tio de Cami não passou com a morte da bruxa e que logo ele estará agindo como doido por aí, fazendo muitos personagens sofrer. Só que essas foram tramas bem coadjuvantes perto do enredo principal. Enfim, adeus Rebekah (ou melhor, que seja um até breve!).

Dá uma olhada no vídeo promocional de “Moon Over Bourbon Street” e depois comenta comigo o que achou dessa despedida inesperada na série.


Leandro Lemella

Caiçara, viciado em cultura pop e uns papo bobo. No mundo das séries, vai do fútil ao complicado, passando por comédias com risada de fundo e dramas heroicos mal compreendidos.

Santos/SP

Série Favorita: Arrow

Não assiste de jeito nenhum: The Walking Dead

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