Em uma noite de poucas surpresas, The Voice Brasil determinou os seus finalistas da quarta temporada, resumindo seu ano em falta de inspiração. Foram poucos os candidatos que nos animaram, sempre fazendo apresentações no lugar comum de suas vozes ou então beirando a cover’s mal feitos. Não foi um ano fácil.
E se a edição quer arrumar seus problemas, comecemos por aquele que talvez seja o mais gritante: a relação técnico-participante, que potencialmente existe via internet na versão brasileira. Enquanto os americanos mostram a preparação semanal do candidato com o técnico, aqui parece que os jurados estão tão surpreendidos quanto a gente quando assistem a cantoria do participante. Isso está errado. Muitas vezes um candidato nem é tão bom, mas a relação com seu jurado é tão forte que nos faz torcer mesmo assim.
Outro problema: a votação. Gente, que esquema de pontos foi esse? Eu nunca tinha visto isso sendo usado (não vi outras temporadas da versão nacional) e achei escroto. Quer dizer que se a pessoa tem mais de 80% de votos do público, dane-se quem cantou melhor, já que a Globo apela para a popularidade? Isto também está errado. Uma das graças é torcer para o seu candidato favorito e não saber se ele vai permanecer na competição, o que a versão lá de fora deu um jeito quando não limitou as eliminações por time, mas sim pelo conjunto geral. Apesar de não concordar com a votação antes da apresentação, temos que admitir que em determinado ponto da competição, já não faz mais diferença o que a pessoa canta, mas sim o carisma que ganhou com seu público.
Uma coisa é fato: a votação do público quase não surpreendeu (exceto pelo time de Claudinha) e vimos a formação de uma final super previsível e até injusta em alguns pontos. Vamos aos times:
#timeLulu
Começando a noite tivemos a apresentação do time de Lulu Santos, talvez o mais forte nessa fase da competição. Ayrton Montarroyos apostou na sua constância e fez uma apresentação belíssima, diferente das outras por apostar agora no grave e não no agudo. Os elogios dos jurados foram super válidos e o apelo da platéia mostra o quanto a diversidade musical ainda faz parte do cenário brasileiro. Jamais diria que um candidato, cantando o que Ayrton canta, chegaria tão longe. Joelma também fez sua parte, mas talvez não o suficiente. Acho sua voz belíssima, mas era muito difícil para a jovem bater a potência de Ayrton. Na hora do 20×10 (até porque nenhum técnico teria coragem de dar 30 para alguém e 0 para o outro), Ayrton ganhou mais pontos e, somado com a sua porcentagem de votos (também superior), foi o primeiro finalista determinado na noite.
#timeBrown
A cota de palhaçada da noite rolou no time Brown, é claro. Apesar da gente já saber que tinha muita chance de Junior Lord ser o vencedor, a indignação foi ainda maior depois das apresentações que rolaram. Paula Sanffer estava inspiradíssima e fez um dos seus melhores números até aqui, levantando a plateia e ganhando a maior pontuação por parte do técnico. Era óbvio que no quesito vocal, ela era a vencedora e merecia ter passado. Mas, de alguma maneira que eu jamais entenderei, Lord tem apelo com o público, que votou bastante nele e fez com que os 20 pontos de Paula não fizessem diferença. E ao receber a notícia, Lord se jogou no chão e fez uma cena completamente desnecessária para o momento – ou que comprovava a surpresa geral em alguém tão fraco vocalmente estar na final de uma competição que vai definir a voz do país. Infelizmente, teremos que lidar com o fato: o Brasil gosta de Lord e ele pode inclusive estar entre os primeiros lugares.
#timeTeló
Alguma surpresa? Nenhuma. Renan tentou, tentou e morreu na praia. Por alguns segundos, eu pensei que Teló ia dar a maior pontuação para ele, num ato de extrema loucura, mas isso não aconteceu. Mais uma vez ele se esforçou demais, berrou até onde não podia e quis aparecer, mas lutar contra Renato é quase uma batalha perdida. Depois que a internet abraçou o candidato, seus números são tão expressivos que nem mesmo 60 pontos salvariam Renan da eliminação e isso é realmente algo a se considerar. Entendo quando Teló tenta ressaltar os feitos do eliminado, até por ter uma origem parecida e fazer parte do mesmo cenário musical, mas é clara a superioridade de Renato, que vem fazendo uma série de apresentações excelentes e, dificilmente, perde o troféu da temporada para algum dos seus concorrentes. É uma questão de tempo, mas Teló levantará a taça e ganhará logo na sua edição de estreia.
#timeClaudiaMilk
Aqui rolou uma inversão do cenário que vimos na semana passada. Apesar de Brícia ser melhor vocalmente, Nikki entrega performances superiores e precisava dessa aprovação do público, pelo menos uma vez. Ela demonstra muita constância em suas apresentações e isso precisava ser valorizado. Claro que não acho seu repertório apropriado, mas ela nunca mostrou outro trabalho senão esse e foi aprovada para entrar cantando pop internacional. Ela acertou cantando Adele? Não. Sua voz estava abaixo do tom, ela estava nervosa e a música ainda é muito nova, fazendo com que a gente compare imediatamente com a original, só que o nervosismo de Brícia, que cantava em português pela primeira vez, foi ainda maior. Gostei da atitude de Claudia ao dar mais pontos para Nikki, o que acabou concordando com a votação pública, a levando como única mulher para a final.
Sem dúvidas teremos uma final bem diversificada na próxima sexta (25) – não teremos programa na véspera de Natal por motivos óbvios, fazendo com que o programa seja exibido no dia seguinte -, com votação do público decidindo quem é a nova voz do país. Minha aposta: Renato em primeiro, Lord em segundo, Ayrton em terceiro e Nikki em quarto. Veremos como estou de chute.
Nos encontramos no dia 25/26, então aproveito para desejar um excelente Natal a todos, aproveitando as reuniões familiares para deixar com que o amor impere mais nos nossos lares. Grande abraço a todos, nos vemos em breve!
Fotos: GShow.
