Depois de um episódio com ação do começo ao fim, The Walking Dead reduz a marcha no começo de “Strangers”, segundo episódio da quinta temporada, para mostrar um pouco do que se passa com cada personagem. Em uma tomada estilo “caminhando para o foguete espacial” intercalada com alguns encontros – Rick limpando a alma de Tara e depois se entendendo com Carol são boas cenas, mas a tensão entre Carol e Tyreese ganha em intensidade– torna-se visível que o grupo de Rick está maior e mais forte que nunca. E ele segue em frente…
– Rick e Cia, preparados para o que der e vier –
Logo surge a dúvida de que o grupo pode estar sendo observado e seguido. De fato o grupo de Gareth, sobrevivente do Terminus, está no encalço de nossos heróis. Durante todo o segundo episódio fica a dúvida se não seria o Padre Gabriel aquele que estava os observando durante a noite, mas não, o pobre sacerdote tem outras coisas para se preocupar. No final temos o sequestro de Bob pelos famintos canibais, não deixando dúvida de que havia começado o jogo de gato e rato.
Ah Bob, por pior que tenha sido seu destino pelo menos sobrou a você uma das melhores cenas da série até então. TAINTED MEAT!!!!! Na minha sincera opinião, essa virada dos eventos deveria ser colocada no final do segundo episódio, e não no começo do terceiro como foi feito. Fora isso, foi perfeito. Só incomoda um pouco a mania dos produtores de reservarem um espaço incomum para certos personagens antes deles partirem dessa pra melhor.
– A risada mais satisfatória do fim do mundo –
Bob não foi o pior caso da série (saudades T-DOG!) mas existem formas mais sutis de fazer nos importarmos com aqueles que irão morrer. Na hora que vi Bob e Sasha brincando de olhar o lado bom da vida – por mais divertida que tenha sido a cena – foi como se um grande xis vermelho surgisse na cabeça do coitado. Mas isso não ofusca o brilho da conclusão da trama do personagem.
Uma das novidades da temporada e personagem esperado pelos fãs das HQ’s, o Padre Gabriel Stokes deu as caras logo no começo do segundo episódio. Encurralado por zumbis, recebe a ajuda do esquadrão classe A do apocalipse. Feito a limpa, não demora a que Rick questione e desconfie de tudo que Gabriel diz e faz.
– Todos são culpados até que se prove o contrário –
Até o final de “Four Walls And A Roof” vemos que é um homem inofensivo, mas cheio de culpa e pecados. Achei a interpretação de Seth Gilliam na medida exata para o personagem. Sua fala macia e olhar amedrontado – cheio de remorso – casa perfeitamente com aquele que habita o mundo dos quadrinhos. Rezemos junto ao padre para que seu personagem continue bem desenvolvido.
Enquanto “Strangers” deixou as coisas mais mornas com um personagem desenhado aqui e uma busca por suprimentos ali (o bê-á-bá do apocalipse zumbi), “Four Walls And A Roof” explodiu com a violência gore e a brutalidade crua que a série necessita dosar.
Reservando a introdução para Bob e os canibais, temos a esperada cena que Bob revela que foi mordido – havia ficado meio óbvio no segundo episódio – e que Gareth estava na verdade comendo carne estragada. Aposto que quando Bob soltou aquele riso maníaco cada um que assistia à série abriu um sorriso malicioso.
Devolvido ao grupo de Rick, Bob tem seus últimos momentos acompanhados de Sasha – sangue nos olhos atrás de vingança – enquanto Rick e os outros planejam a retaliação.
Aí a coisa começa a esquentar, principalmente com o primeiro confronto entre Rick e Abraham. Com pressa de ir a Washington e salvar o mundo, Abraham pressiona o grupo a mover-se rapidamente, evitando se estabelecer em algum lugar, como na igreja. O debate entre os dois é esquentado e quase acaba em briga, a turma do deixa disso intervém e eles acabam chegando a um acordo.
– Mil tretas –
O grupo se divide entre aqueles que irão caçar os canibais e os que ficarão na igreja. No momento que saem, não demora e Gareth e sua turma invadem a igreja. Uma tática manjada, mas que me fez retorcer ao ver o que acontecia. Não era pra ser assim! Era para Rick ownar os canibais em níveis astronômicos! Eu já imaginei diversas situações onde Gareth faria todos de refém e rolaria negociações e conflitos diversos – e desnecessários – que seriam pura enrolação dos produtores com medo de entregar o que devia ser entregue.
MAS NÃO!
Não foi isso que aconteceu. Após a tensão construída pela invasão de Gareth na igreja, cabeças explodem e surge da sombra um Rick armado com sua Magnum Colt Python (direitos reservados à bad motherfuckers). Ah como eu vibrei! Não sobrou resistência, Gareth foi completamente dominado e após abaixar as armas ele e seu grupo são executados sem misericórdia de forma gráfica e impactante.
– Sem perdão para você Gareth –
Todos os presentes ficam chocados com tamanha violência ficando com Rick a responsabilidade de passar tranquilidade ao grupo afinal, poderiam ser eles nos estômagos dos canibais. Tá aí o Rick líder quase 100% carregado!
Porém, fica a nota: Maggie é presenteada pelos roteiristas com a melhor frase do episódio, quiçá da temporada, quiçá da série! É ela o título do episódio, “Four Walls And A Roof”, e é dirigida ao Padre Gabriel que chocado com a carnificina ocorrida dentro da Igreja diz “Essa é a casa do senhor!”. Não, Padre Stokes, são quatro paredes e um teto. Conseguiram me surpreender novamente.
No final, temos a triste despedida de Bob e Tyreese tendo que fazer o trabalho sujo após um tempo sem botar a mão na massa. Agora, foi bastante questionável a decisão de dividir o grupo. Tá bom que Abraham estava com pressa para ir a Washington, mas não seria mais inteligente aguardar uns dias e ir com um grupo maior e mais forte? E Glenn e Maggie indo juntos como se eles fossem simplesmente se trombar mais pra frente. Nesse mundão sem celular, telefone, e com todo mundo querendo te matar pareceu meio sem sentido essas escolhas.
– Me liga que a gente se encontra em Washington, beleza? –
Do ponto de vista narrativo acredito que eles queiram criar algumas linhas diferentes de histórias, para a série render mais – espero que não seja na base da enrolação – já que temos aí fórmulas de sucesso como Game Of Thrones que contém em um episódio diversos núcleos que ajudam a criar uma dinâmica única para a série. Mas não vejo como isso funcionaria muito bem em The Walking Dead.
Espero que os produtores continuem se apoiando no material dos quadrinhos, continuando a fazer modificações espertas que possam surpreender os conhecedores e não conhecedores da HQ. E também que tenham sorte no material original que criam. Como visto, Daryl e Carol se distanciaram um pouco dos problemas do grupo nesses últimos episódios e partiram em busca de Betty. 3 personagens que são produtos originais (Carol tá longe de ser a Carol da HQ) em uma história original é algo muito empolgante. Mas o principal é que a série vive um bom momento e nós só temos a agradecer por isso.
Observações:
– Momento fofo com Judith e o grupo quando Rick anuncia que vai se juntar a Abraham.
– Padre Gabriel revelando seus pecados foi uma cena bastante emocional. Como disse, Seth Gilliam dá o corpo e a alma ao personagem e espero um investimento pesado dos produtores nele.
– Como eu havia apostado, o tal THUG que confrontou psicologicamente Tyreese no primeiro episódio realmente ficou vivo e voltou para atormentar os nossos amiguinhos. PORÉM, não houve vingança. Ele simplesmente virou uma peneira na mão de Sasha. Sem moralismo, sem “você devia ter me matado”. Só alegria!
– Rick pai do ano aterrorizando Carl ao dizer que nunca eles estarão seguros. Na verdade o menino ficou tranquilão. Será que é a vez dele de ser o otimista e o pai o pessimista? Dá pra trabalhar melhor essa dinâmica familiar.
– Carol não parece mais se adaptar a vida com o grupo. Veremos onde isso vai dar.
– Tyreese, nós te adoramos, mas sério… Cadê seu martelo? Pô… Vai martelar uns zumbis que aposto que passa esse teu sofrimento.
– Só pra reforçar: TAINTEEEEEED MEAAAAAAAAT!!!
E por fim, a Morte Zumbi Da Semana irá para Sasha, que ao ver o seu amado Bob sendo atacado por um zumbi que já está 90% decomposto, pegou um recipiente plástico e amassou a cabeça do bicho sem dó. Essa morte vale pelo episódio 2 e 3, já que no terceiro quase não houve vítimas zumbis.