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The X Factor Brasil – 1×07 / 1×08 Audições Partes 7 e 8

Por: em 25 de setembro de 2016

The X Factor Brasil – 1×07 / 1×08 Audições Partes 7 e 8

Por: em

Parece que a gente tá sonhando, mas FINALMENTE acabaram as audições do X Factor Brasil. . Depois de mais de 14 HORAS de programa só com esse lenga lenga infinito que foi essa primeira fase, podemos dizer que, se chegamos até aqui, somos vencedores. Mas talvez a vitória seja mais nossa do que do programa, porque segunda feira começou a rolar na (fidedigna) imprensa de TV brasileira que a Band já estaria considerando cancelar o programa depois do fim da temporada porque o lucro baixo – consequência da audiência pífia – não estaria dando conta de pagar o alto custo de produção do programa (que provavelmente é mais caro que o colega Masterchef e tem dificuldade em se manter na metade da audiência que o Paola Carosella Show). Mesmo os 4 pontos que o programa conseguiu na quarta feira podem não ser uma média suficiente para salvar o show da forca.

Eu poderia gastar linhas e linhas discutindo os motivos desse fracasso, mas acho que já deve estar claro para todo mundo que na verdade pouca coisa deu certo. Falta de empatia com os jurados, audições muito longas, talento nivelado por baixo, incoerência na avaliação da bancada, Fê Paes Leme deslocada; é tudo isso e mais uma conjunção de outros fatores negativos que nos levam a uma conclusão simples, porém muito triste: não está dando certo. O que é uma pena, porque o X Factor tem potencial para fazer milagre na televisão, mas parece que a equipe brasileira simplesmente não conseguiu encontrar o know-how (e não conseguiu aprendê-lo e adapta-lo) que torna o programa uma marca de sucesso no mundo todo.

Ainda não é o fim do mundo; temos um Centro de Treinamento que pode virar o jogo a favor do programa, temos um Desafio das Cadeiras que vai botar todo mundo – de Fê Paes Leme aos candidatos, passando pela bancada e pelo editor que corta o VT – à prova. Só que não há muita perspectiva de melhora, sem contar que a audiência que abandonou o programa dificilmente vai voltar a não ser que aconteça algo extremamente relevante no programa. Então, meus caros amigos, podemos estar à beira do fim do caminho da franquia mais linda do mundo em nossas terras tupiniquins.

Mas, como nem tudo são lágrimas, vamos dar uma olhadinha nas melhores (?) audições dos últimos dois episódios da primeira fase do programa.

Audições 7

Bárbara Jardim – Bang Bang (Adultos)

Bárbara me deu um pequeno orgulho porque entendeu que é possível abaixar o tom de uma música se você não consegue dar conta dela no tom original. No caso, esse foi o único grande ponto positivo da audição dela. Soou muito técnica, do começo ao fim, e não conseguiu transmitir muita força de vontade – e os vocais também tiveram problemas, então né. Com certeza uma outra música teria evitado o trabalho e talvez convencesse um pouco mais.

Miguel Ev – 7 Years (Homens)

A edição tentou vender a audição de Miguel como se fosse a melhor coisa que já aconteceu na TV nos últimos anos (sério, a nota alta passou em tantos promos, trailers, aberturas, não aguento mais). Ele começou muito bem, construiu bem a canção, mas não foi tudo isso não. A parte aguda parecia muita areia pro caminhãozinho dele inclusive. Mas, ele é sutilmente diferente da maioria dos competidores então pode se destacar na multidão.

Tainah I Believe In You And Me (Adultos)

Essa foi uma performance que a edição tentou convencer pela emoção, mas nem isso rolou. Tainah é uma pessoa muito simpática, com uma história divertida sobre a mãe, mas fez uma audição totalmente bagunçada e muito distante do fenômeno vocal que a bancada parecia ter descoberto. Claro, houve alguns bons momentos, mas eles foram raridades num meio de sequências fora do tom e uma emissão trêmula que me incomodou a audição inteira. De todo mundo que cantou Whitney e Mariah nesse programa, certamente Tainah está entre os piores.

André e Luiz Otávio – É Isso Aí (Grupos)

André e Luiz Otávio vieram preencher a cota daquilo que chamo de duplas caricatas, que ficam completando a frase um do outro e estão sempre fazendo piada e cantando pra falar, uma espécie contemporânea de Rick e Renner. A proposta de “traduzir” a MPB pro sertanejo foi bastante ousada, e o resultado foi interessante, ainda que não impecável. Luiz Otávio ficou devendo um pouco de voz na estrofe, mas as harmonias funcionaram – o que talvez sugira que a segunda voz de André poderia ter sido melhor utilizada. Miklos achou a performance “sofrível”, mostrando que essa bancada vive num planeta à parte; mas a ideia geral é que André e Luiz Otávio provavelmente são uma das duplas mais interessantes desse povo todo que passou na bancada.

A Dupla da Paulista – Lua de Mel em Paris (Grupos)

Gente do céu. Falta tanta coisa para isso começar a dar certo que eu nem sei o que dizer. Primeiro, falta química. É uma dupla de rua mas não tem nem um pouco da conexão necessária para começar a chamarmos de dupla. Depois, a segunda voz acaba sendo uma mera backing vocal já que pouco da voz dela se sobressai, e faltou também uma música mais interessante. Essa música é realmente bem mais ou menos e não destaca muita coisa boa de nenhuma das duas e muito menos da dupla como um todo.

Henrique Gonçalves – Sweather Weather (Homens)

Henrique deixou – segura o clichê – os nervos tomarem conta dele. Apesar de ter escolhido uma música boa e diferente de tudo que a gente viu até agora, faltou um pouco de confiança e segurança na hora de segurar a música. No entanto, tem os looks, tem a identidade, tem a voz – só falta explorá-la melhor -, então talvez seja uma força a ser reconhecida.

Jack Oliveira – At Last (Adultos)

Jack fez uma performance de uma nota só, metaforicamente. Ainda que não tenha uma voz incrível, atingiu a maior parte das notas e fez bons melismas, e quem não se convence com uns floreios consistentes? Porém não teve muitos grandes momentos e acabou passando batida em termos de performance no palco, e a voz sozinha não conseguiu tornar a audição exatamente memorável. Faltou um tantinho de ousadia na performance, o que vai ser fundamental para ela conseguir se destacar em fases futuras.

Julia Rezende – My Immortal (Mulheres)

Júlia tem uma coisa que eu gosto muito, que é aquele VOZÃO sólido, de encher estádio, ainda mais quando ele vem com uma naturalidade que vem com ela. Mas, é bom pontuar que a música deixou ela em vulnerabilidade e teve problemas consideráveis de folêgo e afinação em alguns momentos da música, principalmente nas partes mais graves, mas eu imagino que com canções menos elaboradas ela consiga fazer muito melhor. Acima da média.

Conrado Bragança – Wherever You Will Go / Pra Rua Me Levar (Homens)

Eu achei a performance de Conrado muito boa. Mesmo em Wherever You Will Go, que teve problemas substanciais de afinação, ele conseguiu entregar uma performance simples e bem competente. Mas em termos de presença ele realmente ficou devendo muito na primeira canção. A coisa mudou toda de figura na interpretação de Ana Carolina, em que ele conseguiu entregar alguma emoção que não fosse dor. Sem contar que ele realmente é uma belezinha e tem um apelo gigantesco em muitas esferas – empatia por exemplo? – e certamente vai dar trabalho.

Mariah – I Have Nothing (Mulheres)

Mariah é a representante de um tipo muito comum em realities, principalmente no Brasil. São aquelas pessoas que não têm técnica nenhuma, mas que tem timbre, vontade, e, mais importante, gostabilidade. Essa narrativa estava presente em Mariah desde o começo da audição, quando o argumento do VT era que “ela nunca tinha feito aula”. Dá pra ver. Mas também dá para ver que ela é um poço de carisma, canta pra caramba e é um brilhinho de luz e de amor. Desafinou bastante, mas também teve muitos bons momentos e conseguiu convencer na média. O Grammy eu não sei, mas o coração de uma galera com certeza Mariah conquistou.

Audições 8

Grupo Dó Maior Imbalança (Grupos)

Dó Maior veio representando tanta coisa que nem sei. Foi um performance impecável do começo ao fim, pelo menos vocalmente falando. Esse arranjo vocal meio MPB4, com as vozes dissonantes na harmonia, é uma coisa tão simples mas funciona tão bem! Minha única grande crítica foi que faltou eles “remolejarem” um pouquinho, como a música sugeria, mas isso é tão pequeno que nem vale. Num programa que está sofrendo com a falta de grandes talentos vocais, Dó Maior é um sopro de ar fresco no meio do calor abrasador.

Carolina Escaradoveli – Set Fire To The Rain (Mulheres)

No meio da apresentação da Carolina, subiu um tweet que dizia uma frase pequena, mas muito precisa: Só Adele canta Adele. Quando o mundo entender isso, viveremos num planeta muito melhor. Carolina se deu muito mal com a escolha, desafinou um milhão de vezes e não conseguiu entregar muito além disso. Só falei dela mesmo para que lembremos de duas coisinhas: a) o nível do Centro de Treinamento não está tão alto quanto a edição possa fazer parecer e b) se vai usar batom, não grude o microfone na boca, porque borra.

Sayuri Hinata – If I Were a Boy / If I Ain’t Got You (Mulheres)

“Eu sou de Goiania, Goiás. Não, eu não canto sertanejo.” AMIGA JE T’AIME. Mais ou menos. O grave de Sayuri em If I Were A Boy foi bastante ruim, mas o agudo trouxe uma suave melhorada, ainda que estivesse tudo uma bagunça ainda. Mesmo assim, não foi o suficiente para a bancada, que parece ter níveis de exigência altíssimos com mulheres asiáticas. Sayuri, graças a mais uma intervenção pontual de Alinne Rosa, arrasou – na parte aguda – de If I Ain’t Got You, já que tirou todo o tremor da voz que tava rolando na primeira música e fez Paulo Miklos literalmente jogar a cadeira.

Paulo Rocha – Dramaturgia ao Sublime Demiurgo (Adultos)

Meu deus do céu chegou o good vibes, deus tenha piedade. Deixando a minha vontade de passar uma rasteira nessa galera que viaja demais, me surpreendi muito com a música, que não é nem um pouco tão ruim quanto eu esperava. A voz dele é apenas ok, então acho que passa batido pelo seguir da temporada.

Trio Dechris – You’re Still The One

Como se não bastasse as milhares de duplas sertanejas, agora temos um TRIO sertanejo. E o pior é que os garotos são interessante, tanto visual quanto vocalmente, e fizeram uma escolha no mínimo diferente com Shania Twain. O elo fraco é o Chris, que dá nome ao grupo, que tem os vocais mais inconsistentes, mas nem por isso a coisa sai do controle. Eles tão dentro da caixinha, mas não são de se jogar fora.

Lucas Nage – Sugar (Homens)

Lucas Nage recebeu o bônus de ter uma audição muito ruim com a mesma música dele, e a edição fez a performance dele parecer incrível – a velha história de andar com os amigos feios para parecer mais bonito. Lucas Nage não é de todo ruim, mas Sugar não é nem de perto uma “música completa” e audição ficou meio chata, além do falsete dele ser bem mais ou menos (e basicamente o REFRÃO da música é inteiro em falsete), então a tentativa de tornar a competição dos Lucas um evento narrativo meio que flopou.

Rafael Texeira – Freestyle /  Com Fé Eu Sei (Homens)

Rafael chegou cheio de manha e mandou logo AQUELE freestyle só para esquentar o palco. Depois mandou a música real mesmo e foi muito bem, com uma história de superação muito interessante – e recheada por doses substanciais de carisma. Acabou dependendo muito da base, principalmente no refrão, mas o flow dele é incrível e a presença de palco também. Estava realmente fazendo falta um representante desse rap melódico a la Criolo nesse programa.

Esdras de Lucia – Somebody To Love 

Esdras ganhou o que deveria ser o melhor spot da temporada: a última audição. Só que com a audiência em queda livre e o programa terminando quase uma da manhã, Esdras acabou não recebendo toda a atenção que poderia. O começo da apresentação foi bastante ruim, porque parecia que ele estava tentando mostrar a extensão da própria voz e para isso deveria berrar todas as notas possíveis – só que a gente sabe que cantar não se resume a isso. Nos 60% finais da canção, pareceu ter encontrado um equilíbrio e parou de gritar insanamente, conseguindo se ater a música e fazer um bom trabalho. Fica só a impressão de que a edição poderia ter encontrado uma audição mais interessante para encerrar a primeira fase, mas o que é uma gota de chuva para quem já todo molhado?

Por ora é isso. Temos agora que esperar para ver como vai ser esse Centro de Treinamento (provavelmente a fase mais cara da temporada) e se o programa consegue sair do purgatório antes que seja tarde demais. Vocês acham que consegue? Eu acho que não.

Bônus Cuidado Com a Burra: A edição resolveu montar um VT que preste sobre os jurados, usando aqueles nicknames superestereotipáveis tipo Di, o sincero e Alinne, a arretada (?). Só que exibiram isso à meia-noite do episódio de quarta. Ninguém merece.

 


Gustavo Soares

Estudante de Cinema, fanboy de televisão, apaixonado por realities musicais, novelões cheios de diálogos e planos sequência. Filho ilegítimo da família Carter-Knowles

São Paulo - SP

Série Favorita: Glee

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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