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The X Factor Brasil – 1×09 / 1×10 Centro de Treinamento: Partes 1 e 2

Por: em 3 de outubro de 2016

The X Factor Brasil – 1×09 / 1×10 Centro de Treinamento: Partes 1 e 2

Por: em

Não é exagero dizer que o X Factor Brasil teve sua melhor semana até o momento. Depois daquelas audições arrastadíssimas e muito ruins, o programa conseguiu encontrar um tom mais adequado, desde a construção das tramas até os próprios desafios, passando por uma química menos forçada entre os jurados e o bonito (ainda que óbvio) cenário de resort que escolheram para essa fase. Não me levem a mal, o programa tem muito o que melhorar ainda, mas parece que o Centro de Treinamento pode ter servido como uma espécie de porta de uma nova fase para o programa. É uma pena muito grande que boa parte do escasso público que o programa conquistou nos primeiros episódios tenha abandonado o programa, e, como eu disse semana passada, dificilmente vai voltar.

Agora vamos fazer um resumo qualificado de tudo o que aconteceu nesses 2 episódios, e talvez tentar entender porque de terem sido melhores que as audições.

Parte 1

Eu fiquei impressionado com essa primeira fase do Centro de Treinamento, de uma maneira positiva. O programa conseguiu usar a seu favor uma situação incomum – a grande quantidade de aprovações não unânimes – e conseguiu criar uma espécie de corte qualificado. O drama foi bastante superficial, e no fim das contas quase que tivemos uma audição 2.0, mas a ausência da plateia e o fato do “painel” ser de apenas um jurado trouxe uma dinâmica interessante para toda essa fase. Rick Bonadio e Di Ferrero acabaram ganhando muito mais tempo de tela do que Alinne e Paulo Miklos, mas a onipresença deles não chegou a incomodar. Di continua ácido (de uma maneira bléh), mas sem os colegas e sem a plateia ele se comporta um pouco melhor. E Rick estava bastante eloquente, bastante assertivo, o que tornou o protagonismo dele no episódio bastante palatável.

O maior problema do episódio foi o uso de VTs da sala de espera no meio das audições, que atrapalhavam a nossa visão das audições de uma maneira muito rude e, por estarem cheio de ruídos da sala, deixaram o episódio muito poluído sonoramente. Deixando a edição preguiçosa de lado, tivemos alguns destaques positivos, principalmente de candidatos que não deveriam ter recebido nenhum “não” na audição. Vamos dar uma olhadinha em alguns deles.

Uma candidata que surpreendeu positivamente foi V Killer que, depois de destruir Something’s Got A Hold On Me no Teatro (eles decidiram agora que as Audições de Arena chamam Teatro, então a gente copia), conseguiu fazer um trabalho muito melhor com Bang. Não foi nenhuma performance explosiva, mas conseguiu encontrar algum equilíbrio e, principalmente, uma atitude muito mais segura e confiante, que é provavelmente o que Rick Bonadio esperava dela. Ainda nas Mulheres, uma que provou que deveria ter passado direto para a fase seguinte foi Naomi, que mostrou aquele vozão de encher estádio com sua versão de Estoy Aqui. Foi a música perfeita para ela que tem o mau hábito de “fechar a garganta” e forçar uma rouquidão, mas nessa música isso encaixou como uma luva e ela passou lisa pelo crivo de Paulo Miklos.

André e Luiz Otávio podem não ser a melhor dupla sertaneja do Brasil, mas certamente estão ganhando espaço no X Factor. Ainda que a performance de Sou Eu não tenha sido exatamente encaixada, com as duas vozes escorregando uma na outra eventualmente, eles já conseguiram se destacar das outras duplas e podem dar trabalho para o mentor dos grupos semana que vem. Ainda falando de grupos, um que não tinha que gastar nenhuma molécula de energia em dar satisfação para Di Ferrero é Dó Maior, que, agora com Disparada, conseguiram entregar mais uma apresentação vocalmente impecável. Di, nos poupe.

Entre os adultos, tenho dois destaques para fazer, um positivo e um médio. Jack Oliveira conseguiu resolver o problema da monotonia de At Last e entregou uma performance muito mais versátil e cheia de camadas com Não Vá. E falo isso levando em conta os acontecimentos do 2º dia, já que ser colocada em um grupo vai exigir dela bastante flexibilidade – coisa que não mostrou no Teatro. O outro destaque vai para Rafael Teixeira, cuja apresentação serviu para mostrar o que eu já tinha dito na audição: ele depende muito da base. O que não é necessariamente um problema, já que suponho que essa vai ser a última vez que ele canta acapella no programa, mas é uma questão importante para quem quer que for mentorá-lo levar em conta.

Outras performances que valem o destaque são a de Eli, que se perdeu um pouquinho na hora de dar conta de Can’t Feel My Face, e Júlia Rezende Diego Martins, que também mostraram vozeirões de encher estádio com bastante competência. Entre os eliminados, fica aqui a tristeza por Square, que não fez nada de errado mais saiu do mesmo jeito, e por Sayuri, que precisava ter entendido um pouco mais cedo que inglês não é exatamente a praia dela.

Parte 2

No programa de quarta, o X Factor Brasil reutilizou um desafio muito bem sucedido lá fora, que é o de formar grupos com pessoas de todas as categorias e fazê-los escolher uma lista de músicas. Ponto positivo para o programa, que não vinha conseguindo recilcar as coisas boas das versões gringas na audição, mas conseguiu agora. O principal argumento dessa parte do programa é o drama, protagonizado pelos próprios participantes e não pela bancada – a verdadeira drama queen do formato.

Na formação de grupos, o drama mais interessante foi o do nosso rato de reality favorito, Kassyano Lopes, que foi “expulso” de um grupo por não cantar em português, e depois cantou… Evidências. Outro drama, esse que toca mais o coração do que a ponta dos dedos, foi a dificuldade de Seu Gilberto, que acabou eliminado, em se ajustar ao grupo – que, vamos ser sinceros, escolheu uma música bastante difícil para ele. Nesse primeiro momento, a edição fez uma passagem limpa, basicamente de um recorte simples, e antes isso do que uma colagem qualificada que atrapalhasse a linha narrativa de algumas situações – como a briguinha de Kassyano com a Beyoncé Sertaneja.

As apresentações foram um outro ponto interessante. Sem considerarmos o excesso de Uptown FunkEvidências, foram em geral boas, sem grandes erros – mais ou menos mantendo o nível da primeira fase do Centro de Treinamento. A edição também só trabalhou no recorte, deixando as apresentações na ordem em que apareceram e evitando ter que resolver problemas, tipo a luz do sol. Acabou dando certo, e coisas legais aconteceram, por exemplo o fato de que Tamires e Cecília – as duas Beyoncés do programa – se apresentaram uma em seguida da outra.

Em termos de eliminação, foram muito poucas. Não pelo nível das apresentações apenas, mas porque ainda temos uma fase no Centro de Treinamento e certamente há uma necessidade de material humano para a edição. Entre as partidas que mais doeram, fica a menção de Hugo Ema, que se perdeu um pouco na performance (única, aliás) de A Amizade, e acabou sendo cortado do programa cedo demais. Marcos Paulo desperdiçou a chance que tinha de usar sua competência ao seu favor e acabou esquecendo uma das letras mais conhecidas da história. Kassyano, depois de ir muito bem no primeiro desafio e protagonizar o melhor drama do episódio, se chafurdou numa versão muito confusa de Evidências e deu adeus.

Tivemos também a primeira formação de girlband do X Factor brasileiro, com Jack Oliveira, Julia Rezende, LaraLaís ex-Triô. Achei uma formação um pouco precipitada, principalmente porque elas são bastante diferentes visual e vocalmente, sem contar que Jack e Julia já foram apresentadas com personalidades bastante grandes e presentes. Espero que dê certo, mas a ediçãozinha no fim do episódio com Laís querendo dar o fora e as apresentações prévias de todas as meninas me inclinam para uma potencial preferência de Jack e Julia sozinhas. Para não dizer que não falei dos aprovados, fica aí a mais divertida das 352 apresentações de Uptown Funk do episódio, protagonizada pelos 2 azarões do primeiro desafio, Diego Martins V Killer:

Agora a gente fica no “suspense” de qual jurado vai ficar com cada categoria, divisão que já vai valer na próxima fase do Centro de Treinamento que nada mais é que uma Judges’ House menos gourmet. Se eu tivesse que apostar, eu diria Rick com as Mulheres, Di com os Grupos, Paulo com os Adultos e Alinne com as Mulheres, uma aposta baseada na ideia de que a produção não vai se arriscar a malabarismos muito grandes nessa primeira tentativa. É só uma possibilidade, vai que botam Di Ferrero com os Adultos?


Gustavo Soares

Estudante de Cinema, fanboy de televisão, apaixonado por realities musicais, novelões cheios de diálogos e planos sequência. Filho ilegítimo da família Carter-Knowles

São Paulo - SP

Série Favorita: Glee

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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