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This Is Us – 2×06 The 20’s

Por: em 2 de novembro de 2017

This Is Us – 2×06 The 20’s

Por: em

The 20’s foi até agora o episódio mais emocionante da segunda temporada de This Is Us. Talvez por nos contar sobre um dos momentos mais importantes da história do Grande Trio, talvez por nos mostrar como foi difícil, mesmo oito anos após a morte de Jack, seguir em frente para cada um dos integrantes da família, talvez por nos falar mais uma vez de amor. Não importa. The 20’s, sobretudo, nos falou, da forma mais doce possível, sobre uma das mais complexas e recorrentes situações da vida: o recomeço.

Começar de novo não tem idade, nem regra. E isso porque não temos como prever quando a vida vai nos obrigar a mudar tudo e escrever uma nova história, seguir novos caminhos, reorientar o nosso olhar. Só sabemos que, quando isso acontece, é inevitável e não há como voltar atrás. The 20’s nos mostrou como o nascimento de Tess significou para cada um dos personagens, a morte de antigos comportamentos equivocados e que precisavam urgentemente de mudanças. Nos mostrou que, tantos anos após a morte de Jack, a ausência dele continuava profundamente sentida. E nos provou que, apesar de uma tarefa árdua, recomeçar é possível.

Reprodução/NBC

Há dois dias do nascimento de sua primogênita, Randall e Beth enfrentavam uma das piores crises do casamento. Abalada pelo problema do marido, que chegou a perder a visão no ápice de uma das suas crises de ansiedade, Beth encontrava-se perdida e desesperançosa. Talvez essa tenha sido a primeira vez que testemunhamos que a vida de Randall e Beth não foi o tempo todo perfeita e que, como todo e qualquer casal, eles passaram por alguns percalços e precisaram fazer ajustes para se reencontrar lá na frente. Mais uma vez, pudemos ver, seja pela perspectiva da infância ou da vida adulta, como a previsibilidade e os planos rígidos são algumas vezes o combustível e outras o veneno para o personagem.

O nascimento de Tess marcou a ruptura de muitas certezas para os familiares. Esperada como Jack, a segunda grande mudança que os novos papais tiveram que encarar foi justamente o gênero do bebê. A primeira foi o seu parto, que aconteceu em casa, dois dias antes do previsto, sem médico, sem hospital e em plena noite de Halloween. Noite que, anos atrás, talvez tenha marcado também o nascimento de um novo Randall, já que, por absoluta falta de sensibilidade, seus vizinhos contaram a ele a história de Kyle. Becca quis ensinar ao filho a importância do improviso, ao sugerir que ele fosse numa casa não programada. Mas acabou dando uma aula prática mesmo, já que sem qualquer roteiro, teve que se virar para tentar minimizar o impacto daquela notícia. E, teve que fazer isso sem o suporte tão necessário de Jack.

Divulgação/NBC

A noite de Halloween das crianças, aliás, nos mostrou muito da personalidade de cada um dos filhos. Randall, metódico e rígido, tinha mapas que gostaria que todos seguissem para buscar os doces. Até no divertimento, o garoto sentia necessidade de um planejamento. Kate, já ultra protegida pelo pai e com os problemas de autoestima já presentes, desistindo de última hora da fantasia, por não considerá-la bonita o suficiente. Kevin, sem paciência para a metodologia Randall e subornando um amiguinho para que ele desse a mão a Kate. E Jack, no meio de tudo isso, percebendo e vendo-se impotente diante das particularidades de cada um dos filhos.

Dezoito anos depois de cena, pouca coisa havia mudado. A metodologia, planejamento e dedicação de Randall o levaram a ter o que os gêmeos consideravam uma vida perfeita e à prova de fracassos. Mal sabiam eles que o problema do garoto havia persistido, se fortalecido e era responsável por uma das maiores fraquezas do irmão. Ninguém é perfeito, mas o ser humano tende a ver a grama do outro sempre mais verde quando enfrentamos problemas. E foi justamente essa visão nublada pelas derrotas pessoais que fizeram com os irmãos pintassem de azul a vida de Randall.

Reprodução/NBC

Kate, continuava sem rumo profissional, repetindo os passos que havia feito no dia da morte do pai e se envolvendo com pessoas que não acrescentariam nada em sua vida. O pior: consciente de tudo. Kevin, totalmente sem qualquer perspectiva, mas acima de tudo isso, um idiota. O que foi que ele tentou fazer com o seu amigo Zeke? Que coisa mais babaca! Mas, como dizem que a gente paga por tudo em vida mesmo, nada melhor que um grande ídolo para jogar isso na cara dele e fazê-lo perceber o ser humano egoísta, desonesto, prepotente e sem qualquer ética que ele estava se tornando. Kevin, apenas pare! Já tava difícil ter empatia pelo personagem, depois desse flashback então, ficou praticamente impossível.

Antipatias à parte, o nascimento de Tess marcou uma quebra em atitudes cíclicas e que só levavam os irmãos a se afundar cada vez mais nos próprios erros. Simbolizou para Rebecca também a necessidade de seguir em frente e se desconectar da presença daquele homem que há oito anos, não estava mais fisicamente em sua vida. Foi o seu primeiro passo para tentar viver de novo. Kevin e Kate, agora juntos, deram as mãos para os recomeços necessários, cada um no seu contexto. Randall e Beth se reconectaram com a força e o amor que uma nova vida traz para qualquer lar. Nascer, de certa forma, significa isso mesmo: inspirar todos à sua volta, a tirar dentro de si, tudo que há de melhor. Seja bem-vinda, Tess!

Reprodução/NBC

 


Observações:

  • Jack e Becca – porque tão maravilhosos? Sony e Cher, foi amorzinho demais;
  • O que foi o Randall de Michael Jackson? Simplesmente amei!;
  • Sério mesmo que precisamos acompanhar a vida de Kevin? Não estou conseguindo superar a babaquice dele;
  • Finalmente vimos como se deu o primeiro contato de Becca e Miguel e não foi imediamente após a morte de Jack, como eu imaginava. Foram oito anos depois;
  • Que coisa mais linda a cena final, com o diálogo da Becca com o Randall, misturado com o dela com a Tess. Foi de arrepiar;
  • The 20’s foi todo em flashback e foi a coisa mais deliciosa de assistir!

Renata Carneiro

Jornalista, amante de filmes e literalmente, apaixonada por séries. Não recusa: viagem, saidinha com amigos, um curso novo de atualização/aprendizado em qualquer coisa legal. Ama: família, amigos, a vida e seus desdobramentos muitas vezes tão loucos Tem preguiça: mimimi

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Breaking Bad

Não assiste de jeito nenhum: Two and a half Men

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