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This Is Us – 2×09 Number Two

Por: em 23 de novembro de 2017

This Is Us – 2×09 Number Two

Por: em

Suspiro para pegar um pouco de ar e também um pouco de coragem. Porque aqui estamos nós em mais um episódio de This Is Us, dessa vez, para falar sobre Kate. E, para falar sobre tudo o que aconteceu nesse episódio, é necessário cabeça fria, coração quente e vontade de seguir adiante. Porque ó, não foi fácil! Como já havia ficado claro no final do episódio anterior, Number Two traria uma realidade muito temida pela personagem e muito punk de ser digerida por ela. Mas, ao contrário do que tudo indicava, esse episódio não foi só sobre perda, autoflagelação e culpa. Number Two falou sim sobre tristezas, mas disse muito mais sobre esperança. E, no final das contas, por mais que tenha sido dolorido e injusto o que aconteceu, a mensagem que ficou foi linda e positiva. Então, bora arregaçar as mangas para falar sobre nossa querida Bug.

Number Two nos contou mais um pouquinho da adolescência de Kate Pearson, partindo dos acontecimentos dos fatídicos dias da entrevista e acidente de Kevin. Já havíamos presenciado em vários outros momentos, a dificuldade que Kate sempre teve em se abrir e até se relacionar com sua mãe. A despeito de todo o amor, carinho e compreensão que permeava a relação, a personagem simplesmente não se conectava com Rebecca da forma que ela merecia ou sonhava. O desconforto e impaciência sempre estiveram presentes nas cenas das duas juntas, me levando muitas vezes a pensar se poderia ter acontecido alguma coisa ruim, da parte da mãe, que tivesse levado a filha a reagir dessa forma reticente e indiferente.

Reprodução/NBC

E a cada flashback que vemos, fica mais claro que não. Rebecca nunca fez nada (intencional) que pudesse colocar Kate pra baixo, ou deixá-la sentindo-se menos que os irmãos. Ela sempre esteve lá, amorosa, disponível, parceira, presente. E não ficou claro, pelo menos pra mim, quando essa falta de conexão começou a se desenhar. Talvez tenha sido no dia da apresentação do colégio da Kate, que ela sentiu-se mal com os “conselhos/pressão” da mãe e acabou desistindo de cantar. Talvez tenha sido em outro momento, ou mesmo um somatório de pequenas ações, que uma criança com a autoestima detonada absorveu da forma errada e deixou crescer, transformando isso num abismo gigantesco entre as duas. Mas ainda assim, independente de qual tenha sido o motivo, e de que tenha sido justo ou não, temos que reconhecer que Rebecca brilhou! E que não combina com Kate, nem com essa família, tamanho distanciamento e frieza.

Minha mãe sempre foi dura, você sabe… E eu sempre quis uma filha porque eu queria fazer diferente. Eu queria ser aquela mãe com os braços sempre abertos, esperando que você se aninhasse neles, sempre que precisasse. E de alguma forma, não sei como, nós nunca chegamos nisso, não é? E não, não é seu papel me fazer sentir bem. Este é o meu papel. É o meu papel continuar com os meus braços sempre abertos, esperando você, quem sabe, algum dia, se aninhar neles, se precisar. E, se você fizer isso, eu vou te amar. Mas, se você não fizer, eu vou te amar também. Porque é isso que significa ser mãe.

O diálogo entre Becca e Kate, no hospital, está entre as coisas mais lindas e amorosas que já vi. Foi emocionante, sincero e poderoso. Sério, foi de arrepiar! E, nem que seja por um momento, ela conseguiu tocar Kate. Sim, nós já vimos que a filha, infelizmente e apesar de todo o esforço da mãe, levou esse distanciamento para a vida adulta, mas talvez nesse diálogo, Kate tenha deixado uma pista para Becca sobre o porquê disso tudo: o medo de decepcioná-la. Escolher a mesma profissão que os pais, tem um lado maravilhoso, mas também outro bem obscuro, feito de auto cobranças e comparações. Pode ser que a personagem não tenha conseguido lidar com a pressão que colocou em si mesma de ser igual à mãe. Pode ser também que ela tenha querido seguir seu próprio caminho, sem qualquer interferência. Enfim, o que importa é que nesse dia, ainda que por poucos minutos, foi criada uma conexão real, que ficou adormecida em algum canto do coração de Kate até os dias atuais.

Reprodução/NBC

E foi o abraço de Becca que resgatou essa conexão. Todo o dia anterior da Kate, tinha sido uma montanha-russa de emoções, indo da alegria no inicinho do dia, com suas vitaminas e dúvidas, à frustração/tristeza de não ter conseguido levar sua gestação adiante. A atitude imediata da personagem, ao receber a notícia da médica, foi péssima, mas super compreensível. Claro que ignorar o que havia acontecido não a levaria a nada, e que uma hora ou outra ela iria explodir para conseguir colocar toda sua tristeza pra fora. Ela tentou descontar na comida, no trabalho, no isolamento, no Toby. Mas o que ela precisava mesmo, era compartilhar com alguém próximo (sem ser seu noivo) e com quem ela se sentisse à vontade e acolhida em toda a sua frustração. O seu medo. A sua impotência. Isso tudo aconteceu naquele abraço. Becca era mesmo a pessoa ideal para isso. Ela também já havia perdido um filho, ela também já havia ficado grávida e sabia, por experiência própria, o turbilhão de hormônios e emoções que gerar uma vida desencadeia. Foi bacana demais acompanhar esse momento entre as duas de sinceridade e dor.

E não posso finalizar essa review sem antes falar do Toby. Que foi um parceirão no episódio inteiro. Aguentou comidas e dúvidas loucas. Segurou o tranco do aborto. Fez a seleção de filmes fofos e bobos para que eles pensassem em outras coisas. Ofereceu pra buscar e levar no trabalho. Correu atrás e deu o sangue para impedir que a entrega da banheira deixasse Kate ainda mais triste. Ficou preocupado, tenso, ansioso e triste. Enfim, foi o cara mais bacana e compreensivo que poderia ser, mas isso não foi suficiente para que não sobrasse um pouco pra ele. Infelizmente é nas pessoas que mais amamos que descontamos nossas raivas e decepções. E acho que até isso faz parte do pacote de estar junto de verdade. É aguentar a pancada do outro quando ele está mais frágil e precisando mais que a gente. É sofrer essa injustiça e entender que é apenas da boca pra fora. Toby foi tudo isso e muito mais. Ele apoiou, suportou, encorajou, amou!

Reprodução/NBC

E antes de me despedir tenho que dizer que acompanhar esse processo da personagem para lidar com sua perda, me fez acreditar que algo dentro dela mudou. E pode ser que essa busca pelo emagrecimento e hábitos mais saudáveis tenha tido uma pequena responsabilidade nisso. Ao buscar alternativas para se enquadrar nos padrões sociais vigentes, ela conheceu alguém, se apaixonou, decidiu morar junto, engravidou. Tudo sem querer é claro, mas foram situações que fizeram com que ela mudasse o foco. E por mais que enfrentar esse aborto possa reacender a luzinha da baixa estima, ela mostrou, em um curto espaço de tempo, uma perspectiva otimista e esperançosa sobre o fato. Não amados, Kate Pearson não vai desistir de ser mãe. E não vai porque, ainda que ela não seja um poço de autoconfiança, ela agora acredita um pouco mais em si mesma e quer se dar uma chance de ser feliz.

Agora, só nos resta preparar para saber o que aconteceu com Randall nestes mesmos dias. E já estou contando os minutos. E vocês? Curtiram esse episódio?


Algumas observações:

  • Que fofura o Louie, o cachorrinho da família!!;
  • Nunca me canso de admirar a edição/montagem dessa série… é tudo tão sensível e perfeito. Acho incrível;
  • A atriz Hannah Zeile, que faz a Kate adolescente é demais, né? Adoro!

Renata Carneiro

Jornalista, amante de filmes e literalmente, apaixonada por séries. Não recusa: viagem, saidinha com amigos, um curso novo de atualização/aprendizado em qualquer coisa legal. Ama: família, amigos, a vida e seus desdobramentos muitas vezes tão loucos Tem preguiça: mimimi

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Breaking Bad

Não assiste de jeito nenhum: Two and a half Men

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