Infiltration foi o melhor episódio da temporada e, se minha memória não estiver me traindo, da série inteira. Todas as cenas funcionaram, a alma da série e dos personagens esteve mais presente que nunca, as viradas do roteiro foram surpreendentes, mas bem construídas, e eles tocaram em mais uma ferida de forma crítica e realista.
A guerrinha entre Rachel/Coleman e Quinn/Chet continua em clima de vale-tudo. Puxada de tapete, dedo no olho e cuspe na cara seriam mais limpos que os golpes que os dois lados andam aplicando neles mesmos e nas meninas. Rachel está tão deslumbrada com o namorado showrunner que parece esquecer de quem ela é, e de tudo que aquele mundo exige de quem quer sobreviver. Por esse lado, tendo a concordar com Quinn sobre Coleman se tornar o Chet de Rachel. Ele já mostrou que não faz muita cerimônia em pegar as glórias pelo trabalho de outra pessoa e, sinceramente, ainda não levo fé naquela postura de bom moço dele. Quando foi provocar o Jeremy pra defender a “honra” de Rachel, eu realmente imaginei que teríamos mais um plot chato envolvendo o cameraman, mas os desdobramentos me surpreenderam positivamente.
Quando o casalzinho foi à festa e Quinn ficou no estúdio preparando a armadilha para Ruby, imaginei que aquela seria a forma dela “retribuir” a sambada dos dois, mas a bicha é destruidora mesmo e conseguiu se superar, explodindo tudo de uma vez. Acabou com a festa de Darius e Ruby, acabou com os planos de Rachel e Jay de protegerem a imagem da ativista e acabou com a ilusão de Rachel e Coleman de que eles seriam os únicos naquela festa representando o programa. Tudo isso dentro de um lindo vestido, conquistando corações de milionários pelo caminho e organizando o velório do próprio pai.
Todas as eliminações dessa temporada foram baixas, mas acho que ninguém se importava muito com as meninas que saíram antes. Ruby foi maravilhosa desde a sua primeira cena, e vê-la passando por tudo aquilo foi difícil. Eles conseguiram fazer com que a gente torcesse pelo casal, acreditasse que algo de verdade estava surgindo ali, mas aquela é uma estrutura que engole qualquer coisa boa que apareça em um raio de 50 km. Se um possível patrocinador quer ver Darius e Beth Ann, Quinn e Rachel até concordam em derrubar Ruby para abrir o caminho para a menina que veio do Sul (pra dançar o tcham e a dança do bumbum). Ruby chegou a romper com o pai por acreditar no seu relacionamento com Darius, mas no momento em que disse que ele poderia ser mais que aquilo, deu pra ver o tempo fechando. Só realmente não imaginei que a tempestade viria tão rápido.
Eu entendo a decisão de Darius. Acho que foi algo que ele fez por ela, para que ela voltasse para a família e as coisas que importavam antes que fosse tarde demais, e por ele também. O que ele mais gostava em Ruby era a sua honestidade e o fato de poder ser ele mesmo quando estava com ela. E ninguém gostaria de ouvir que “você pode ser mais”, como se o que ele é agora ainda não fosse suficiente. Ruby se apaixonou mais pela ideia do que Darius poderia se tornar, até porque foi induzida por Rachel e Jay a criar uma imagem do atleta que não era completamente real. Mas é claro que faltou sensibilidade de Darius ao manda-la embora naquele momento, em uma eliminação extra e facultativa. Ele não tirou um tempo para pensar sobre o assunto, não colocou na balança tudo que ela renunciou para estar lá, ele simplesmente a descartou.
Não sei se não veremos mais da ativista, e acredito que não mesmo, mas a eliminação foi um artifício surpreendente do roteiro e que funcionou bem dentro do contexto. Ruby não será esquecida, voltando em algum momento ou não. Só me preocupa é o que vão fazer daqui pra frente. Investir em Beth Ann, que é uma personagem caricata e antipática? Em Tiffany, que é uma repetição de Anna em quase todos os aspectos? Nas picolés de chuchu que permanecem na competição? Com toda a confusão envolvendo Jeremy e Rachel, Yael pode não durar nada ou tirar uma carta da manga para dar a volta por cima. Talvez esse seja o mais interessante dos cenários.
E quando tudo parecia encerrado, Jeremy entra no trailer de Rachel, e eu acho que senti mais medo que a própria Rachel naquela cena. Ele foi um bom namorado no passado, ajudou quando ela se meteu em problemas sérios e estava disposto a recomeçar a vida com a produtora até descobrir seu envolvimento com Adam. Apesar de dizer que a amava, ele nunca aceitou Rachel com o pacote completo: alguém com uma mente brilhante, muito competente, mas com um senso de moral questionável. Uma mulher com defeitos, problemas e vontade própria. Ele não soube lidar com a rejeição, foi um completo idiota a temporada inteira e vê-la em um novo relacionamento era só o que faltava para que ele a agredisse para demonstrar poder. Porque é assim que agressores se comportam, é assim que eles essencialmente são.
Por um segundo eu quase gostei de Chet, mas tenho algumas dúvidas sobre a natureza desse surto de decência. É o mínimo que se espera de um ser humano, mas é o Chet, né? Pode ser também que o ocorrido acabe acendendo um alerta para Rachel repensar seu relacionamento com Coleman. Jeremy também parecia ama-la e isso não impediu que ele a ferisse. Passar por algo assim sempre acaba deixando alguma marca, mesmo em pessoas mais frias e racionais como ela.
Algumas observações:
– Pra que a Yael ficou com o Jeremy? O que ela quer com aquelas chaves? Se não usou quando achou que seria eliminada é porque está guardando para algo maior.
– Madison já é quase um pet da Quinn, mas ainda queria que ela mostrasse mais o seu lado malvado.
– Podiam ter deixado o Chet um pouquinho mais na cadeia, né?
– Coleman ficou decepcionado com a Rachel entrando no quarto ou foi impressão minha?
Acha que o episódio foi realmente um dos melhores da série? Deixe seu comentário e até semana que vem!
