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Vikings – 4×11 The Outsider

Por: em 3 de dezembro de 2016

Vikings – 4×11 The Outsider

Por: em

A única forma de dizer se algo é verdade é navegando até lá. –Bjorn “Ironside” Lothbrok

Após alguns meses de hiatus, finalmente fomos apresentados à segunda parte do quarto ano de Vikings. Em um episódio com o ritmo bem mais lento do que nos anteriores, o roteiro fez questão de nos mostrar os caminhos que deseja seguir e as relações que pretende trabalhar.

Gustaf Skarsgard - Vikings

O retorno de Ragnar não apenas simbolizou o retorno da série, mas também retomou questões há muito tempo abandonadas. Afinal, como seguir para o futuro se ainda estamos presos ao passado? Ele passou anos tentando encontrar a si próprio, mas se esqueceu que o único jeito disso acontecer era retornando ao que foi um dia. Kattegat não foi apenas o início de sua jornada, mas também o início de sua história. O futuro só é definido pelas coisas que fazemos hoje, sendo ele o portador de todas as respostas que precisamos. Ragnar não somente conseguiu as respostas que queria, como também conseguiu decidir seu próprio rumo. Ainda não chegou a hora de sua morte. A corda pode ter enforcado o corpo, mas os deuses trouxeram de volta a alma. É interessante ver que, mesmo com poucas mudanças aparentes, ele não é mais o mesmo. Como Bjorn disse, ele é humano. Talvez ele finalmente tenha se dado conta disso.

Desde o começo, seu relacionamento com Floki sempre foi bem trabalhado. Eles não eram apenas amigos, mas sim irmãos. E, acreditem, muitas vezes um laço de alma pode superar um laço de sangue. Mas, após tantas discussões, era difícil acreditar que tudo voltaria a ser normal. Na primeira parte, conseguimos ver o que talvez fosse um perdão, mas somente dessa vez conseguimos ver o que isso realmente significava. Floki sempre teve consideração por Ragnar e sempre terá. E, mesmo querendo estar ao lado do amigo nessa nova fase, ele precisa cumprir a promessa que fez. Quando estavam em constantes brigas, o destino sempre fez questão de que permanecessem juntos. Agora, quando tudo está bem novamente, ele faz com que os dois se separem inevitavelmente. Pode parecer estranho, mas isso talvez seja uma nova provação. Será que a amizade deles será forte o suficiente para quando os momentos de calamidade vierem? Essa distância talvez seja a única maneira de prová-la.

Lagertha, por sua vez, continua tentando caminhar para frente, mas ainda continua presa no que foi um dia. Era incômodo o fato do roteiro nunca deixá-la ser trabalhada sozinha, sempre a colocando em algum relacionamento. Mas, nesse momento, ela está mais livre do que nunca. Mesmo nutrindo sentimentos por Ragnar, ela ainda permite se aventurar em uma relação apenas por prazer. Enquanto seus relacionamentos antigos tinham algum peso político, sua relação com Astrid deixa a personagem livre para seguir o caminho que deseja. Seu coração deseja estar com o ex-marido, mas não é o que sua mente aconselha. Ela precisa pensar no melhor para seu povo e para si mesma. O futuro poderia ter sido diferente se continuassem na fazenda, mas não é essa a realidade em que vivem. Eles saíram para se aventurar pelo mundo, agora precisam arcar com o peso das consequências.

Josefin Asplund e Katheryn Winnick - Vikings

E, mesmo nos deparando com belos momentos, é impossível não perceber que o foco do episódio foi inteiramente nos filhos de Ragnar. Todos os personagens desejam seguir para o futuro, e é exatamente o que vimos: o futuro. Cada um possuí sua própria característica, mas todos possuem a consideração pelo pai como característica em comum. Mesmo alguns negando, é nítido que a relação entre eles é forte demais para ser abandonada. Ainda, é importante notar como a interação dos irmãos nos foi mostrada. Enquanto Ragnar e Rollo tinham metas separadas, os filhos se mostram mais unidos do que era de se esperar. Essa talvez seja a dica para as grandes calamidades que virão. Qualquer coisa que fazemos altera o futuro de alguma maneira. Os filhos representam a nova geração, mas Ragnar ainda está preso na antiga. E, graças a isso, são seus velhos conflitos que acabarão por retornar. Sua volta pode ter sido uma maneira de achar a si mesmo, mas isso pode acabar custando a perdição de todos.

Ubbe, que desde cedo já agia como líder, não aparenta ter a mesma coragem de antes. Entretanto, ele foi o primeiro a enfrentar o pai, mas também o primeiro a perdoá-lo. Sua personalidade não é a de alguém que lidera exércitos, mas a de alguém que lidera pessoas. Sua decisão de ficar em Kattegat não é apenas por preocupação com a mãe, mas por saber de suas próprias habilidades. Hvitserk e Sigurd, apesar de não terem tanto peso na trama principal, ainda aparentam ter um papel importante no decorrer da história. Mas, como esperado, o destaque maior ficou com Ivar. Desde a infância ele foi um personagem misterioso, mas somente agora conseguimos ver o que se passa na sua mente. Ele ama os irmãos, mas ainda inveja algumas coisas. Mesmo sendo melhor em batalha, ele ainda se sente incapaz. É engraçado ver que Ragnar tentou matá-lo na infância, mas agora ele foi o único com quem pode contar. Se o garoto não tivesse sobrevivido, tudo poderia acabar sendo bem diferente. Ainda, é importante notar que Ivar é o filho que possuí as maiores semelhanças com o pai, batendo de frente com Bjorn. Ragnar está tentando encontrar um motivo para continuar, assim como o filho tenta encontrar todos os dias.

E, falando em Bjorn, ele acabou seguindo seu papel de líder, assim como outrora havia sido previsto. De todos, ele foi o que teve a maior interação com o pai. Já crescido, chegou a hora de ele viver suas próprias aventuras e cometer seus próprios erros. Diferente do destino de Ragnar, onde veremos o retorno de uma trama deixada de lado por um golpe político, Bjorn nos levará a descobrir novas terras junto dele. Claro, é interessante notar que, mesmo soando excitante a apresentação de novas tramas, é importante se lembrar de fechar as antigas. As coisas em Wessex serão as primeiras a serem resolvidas, mas Paris ainda está no caminho. Nesse momento, é seguro esperar um novo nível de relacionamento entre Rollo e o irmão. No entanto, o fato do Conde não aparecer nesse episódio mostra que, apesar de tudo, ele não faz mais parte de Kattegat e nem de Ragnar. Ele se tornou apenas um inimigo como qualquer outro líder em outros núcleos. Ele tem seu próprio caminho a seguir.

Alex Hogh Andersen e Travis Fimmel - Vikings

No geral, Vikings conseguiu nos apresentar um bom retorno. Quando foi anunciada uma temporada com vinte episódios, muitos se perguntavam se conseguiriam manter a qualidade até o final. Até o momento, o roteiro conseguiu balancear seus momentos políticos com as batalhas, conseguindo mover sua trama até mesmo em episódios de transição. Analisando esse fato, parece seguro dizer que essa segunda parte promete ser inesquecível.

Observações:

Ivar é meu filho preferido. A profundidade do personagem é gigantesca.

Ver a cara de felicidade da Helga já melhora o humor de qualquer um.

Como nem tudo é perfeito, ainda teremos a Rainha Aslaug pela frente.

Pô, Ivar! Ainda tem a mão.

Bjorn não tem direito nenhum de falar do Ragnar. Ele foi o pior pai de todos.

O mundo é da Lagertha, a gente só vive nele.

É importante notar que Ragnar ainda se sente atraído pelo deus cristão. Essa viagem para Wessex pode acabar definindo sua verdadeira crença.

 


E você? O que achou do episódio? Não se esqueça de deixar sua opinião e continuar acompanhando as reviews aqui, no Apaixonados por Séries.


Lucas de Siqueira

Apaixonado por Tom Holland, séries históricas, documentários sombrios e guerras. 19 anos de pura imersão em diferentes universos através da leitura e pronto para criar outros através da escrita.

Santa Branca/SP

Série Favorita: Game of Thrones

Não assiste de jeito nenhum: Revenge

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