Anteriormente, a guerra tomava conta de todos os minutos de Vikings. Agora, seguindo a mesma fórmula, nos deparamos com uma nova batalha. O detalhe é que ela ocorre no interior de cada personagem. Seguindo com mais um episódio intenso, a série mostra que ainda tem um grande caminho a trilhar, mas que nem todos conseguirão chegar até o fim.
Até o momento, o mais interessante desse quarto ano está na história de cada personagem. Diferente das temporadas anteriores, dessa vez conseguimos entrar na mente de cada um e conhecer todos os seus demônios. Se antes os residentes de Kattegat estavam por cima, agora eles precisam enfrentar as consequências da derrota. Nessa etapa, tudo o que nos resta é a pergunta: Ragnar Lothbrok ainda está vivo? Não nos guiando pelo seu acidente, mas analisando seu caminho até ele. Depois da derrota contra o irmão, é possível perceber que eles nunca mais foi o mesmo. Ele se exilou para tentar encontrar a si mesmo, mas será que conseguiu? Pelo o que é possível notar, o grande rei que outrora fora um famoso conquistador já não existe mais. É possível ver por sua jornada nesses dois últimos episódios que, querendo ou não, sua vida está cheia de arrependimentos. Mas, depois de tudo que passou, será que ele conseguirá se recuperar? Será que as pessoas conseguirão confiar novamente nele? Será que algum dia Ragnar Lothbrok voltará a viver? Mesmo aparentando ter sido dura, essa tempestade pode ter sido a faísca que irá trazê-lo novamente.
É engraçado ver que, mesmo não sendo uma personagem tão carismática, Aslaug também conseguiu nos mostrar seus medos. O relacionamento dela com Ragnar começou de uma maneira tão errada que era impossível imaginar um final feliz. Ela se aproveitou de uma traição, mas acabou sendo vítima do mesmo infortúnio. Mesmo assim, é possível ver que ainda há um sentimento. Será que ela irá lutar por ele? Claro, talvez o amor por ele nunca será tão forte pelo amor que ela sente pelos filhos. Até o momento, sua criação demonstrou ser seu único ponto fraco. Afinal, que mãe não teria preocupação com o próprio filho? Ela não apenas viu um filho indo para guerra, mas também foi obrigada a ver outro indo para a morte. A cada dia que passa, ela perde mais um pouco de sua essência. Todos nós somos resultados das nossas batalhas, mas o que será da Rainha? Mesmo estando há tanto tempo lá, fica claro que lá não é seu lar.
Já Lagertha ainda está vivendo baseada nos erros do passado. Ela sempre amou Ragnar, mas esse amor não poderia caminhar mais. Mesmo com a força de vontade, só é amor quando os dois lados amam. Mesmo sentindo a mesma coisa que ela, naquele momento de traição Ragnar foi levado pelo prazer. E, como consequência, o prazer acabou sendo sua própria perdição. Aslaug foi acusada de ser culpada pelo destino do marido, mas será verdade? Ninguém pode controlar Ragnar Lothbrok; nem mesmo Lagertha conseguiu. Agora, nos resta saber se a mesma conseguirá seguir em frente ou se, assim como todos os outros, será a sombra do que foi um dia. Seria interessante vê-la em uma trama mais focada na força da personagem. É triste quando percebemos personagens com tanto potencial sendo desperdiçados. Seu relacionamento com Bjorn continua satisfatório, mas será que o garoto que saiu será o mesmo homem que voltará? Com tudo parecendo tão incerto na vida, fica difícil acreditar.
E, seguindo a grande variedade de personagens, acabamos nos encontrando novamente com os filhos de Ragnar. É interessante ver que o relacionamento de união mostrado no episódio anterior não passou de uma grande mentira. Eles são irmãos por fora, mas é por dentro que mora o verdadeiro perigo. Sigurd ainda não superou a história da mãe com Harbard, mas como isso será explorado? É nítido que, de todos os irmãos, ele é o que tem mais ciúmes de Ivar. Não por ser mais forte ou inteligente, mas por ter sido mais amado. Claro, Aslaug sempre amou os filhos de forma igual, mas é de consenso que Ivar sempre recebeu uma maior atenção. O problema é Sigurd não conseguir perceber o motivo de toda essa atenção. Eles têm prazer e guerra, mas Ivar não tem nada. Mesmo sendo um garoto triste, ele tenta se esconder atrás de uma máscara, mas nós sabemos quem ele é de verdade. Ele não é aquele que vimos na mesa, mas quando ele perceberá isso?
Essa viagem não foi para provar ao pai e aos irmãos que consegue ser como todos, mas sim para provar isso a si mesmo. Antes de tudo, ele é um ser humano. Todos os garotos são criados para irem para a guerra e se mostrarem grandes para os deuses, mas o que um garoto aleijado poderia fazer? Não é claro o destino dele após o naufrágio, mas é possível imaginar que sua história não acabou por ali. Assim como o pai, ele ainda tem um grande caminho de redenção para percorrer. É interessante notar que, assim como no episódio passado, Kattegat se tornou o único núcleo a que tivemos acesso. Essa escolha não foi apenas para um roteiro mais limpo, mas sim pelo contexto da história. No começo, não havia nada além disso. Agora, todos os personagens estão presos ao que foram antes. Nada mais simbólico que apenas o núcleo original sendo explorado. Mas, assim como no passado, está chegando a hora de enfrentarem os perigos de fora novamente. Será que os personagens estarão preparados?
O retorno de Halfdan e do Rei Harald também trazem consigo a promessa de uma nova esperança. Pelo o que podemos ver, eles foram os únicos que conseguiram dar a volta por cima após a derrota em Paris. É importante que todos os personagens possam seguir em frente como eles. É engraçado ver que, ao mesmo tempo em que veremos núcleos antigos novamente, esse episódio também trouxe de volta conflitos já esquecidos. Harald disse que seria impossível tirar Ragnar do trono, mas será que Ragnar ainda existe para mantê-lo? Como dito anteriormente, a impressão de que a história está começando de novo é grande. E, na verdade, isso é bom. Todos os personagens precisam se renovar e, pelo que parece, essa parece ser uma ótima oportunidade para aprender com os erros e fazer o certo. Nós não somos os mesmos de ontem, então é importante que saibamos nos reconhecer ao olhar para o espelho. Nós precisamos saber quem somos de verdade.
No geral, Vikings continua nos apresentando ótimos episódios. Depois de episódios focados apenas no núcleo principal, a história parece estar preparada para expandir seus horizontes. Resta saber se o resultado será satisfatório. Vendo tudo que nos foi apresentado até o momento, é impossível não criar boas expectativas com o destino da série. O mar é grande e ainda resta muito a ser explorado. Vamos navegar?
Observações:
–Três barcos sem nenhum guerreiro. A tempestade fez um grande favor na verdade.
–Mesmo não gostando da Rainha Aslaug, foi impossível não se sentir comovido com ela.
–De todo modo, a cena dela com a Lagertha foi espetacular. Verdade boa é verdade jogada na cara.
–Por algum motivo sinto que o Hvitserk irá morrer. Será?
–A saudade do Rei Ecbert é grande. Que venha Wessex!
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