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Vikings – 4×15 All His Angels

Por: em 3 de janeiro de 2017

Vikings – 4×15 All His Angels

Por: em

A vida é feita de cada momento e pensamento. A vida é feita do caminho que escolhemos seguir e das escolhas que fazemos. A vida é feita das pessoas que nos cercam e daquelas que estão longe. A vida é feita daquele que escolhemos como amigo e daquele que se torna nosso inimigo. A vida é feita das pessoas que amamos e daquelas que odiamos. A vida é feita da boca que beijamos, do alimento que comemos, da bebida que bebemos e da roupa que vestimos. A vida é feita dos nossos passos, nossas memórias e nossas histórias. A vida é feita de vida mas, sobretudo, de morte. A vida é a morte.

Travis Fimmel - Vikings

Ragnar Lothbrok (ou Lodbrok, na realidade) foi uma figura histórica de imensa importância. Importante para a época que viveu e para as pessoas com quem conviveu. Ele foi um líder, um conquistador e um amante, mas também um humano. E ninguém vive para sempre. Por ser baseado em fatos históricos, esse momento sempre esteve chegando. Alguns escolheram ignorar, outros realmente não sabiam e alguns ainda acreditavam em uma mudança, já que nem tudo apresentado na série corresponde com as lendas. Mas, contra todo o nosso desejo, esse momento chegou. E não poderia ter sido melhor. Ragnar não teve uma vida fácil, mas teve uma vida feliz. Ele experimentou tudo de ruim que o mundo tinha a oferecer, mas também presenciou o bem. Ele traiu e foi traído, ele amou e foi amado, ele ganhou e perdeu. Ele viveu e morreu, mas não foi esquecido. Mesmo perdendo sua fé no caminho, ele conseguiu fazer exatamente o que o povo pagão acreditava. Afinal, mais importante que a vida, é a memória. O importante é nunca ser esquecido e ele nunca será. Ragnar Lothbrok ainda vive e cabe a nós não deixá-lo morrer.

Assim como o episódio, é importante notar toda sua evolução. A curiosidade, como ocorre com muitas pessoas, foi a responsável por tirá-lo do conforto. Foi através dela que ele escolheu se aventurar. Existia um mundo para ser conhecido e ele se desafiou a isso. Muitas vezes nos conformamos com as respostas, mas nos esquecemos da beleza das perguntas. Muitos se conformariam com o lugar em que ele vivia, mas ele viu a beleza no desconhecido. O ser humano é curioso por natureza, mas muitos escolhem negar esse lado. Alguns por medo, outros por desinteresse. Mas, não importa o que aconteça, precisamos nos lembrar que existe muito mais do que sabemos e conhecemos. Existem coisas apenas esperando para serem descobertas. Ele se deixou desafiar, desafiando também a tudo e todos e vivendo uma aventura incrível. Ele foi responsável por mostrar para aquelas pessoas que existe muito mais e sempre vai existir. Uma vida não deve ser feita de coisas, mas de momentos. Com isso em mente, ele navegou. Será que estamos satisfeitos com o que temos e onde estamos? Será que não precisamos tomar coragem para navegar? Não existe destino, somos nós que escolhemos nosso caminho. E, assim como ele, nós também podemos escolher em que águas navegar.

Desde o início, seu relacionamento com Lagertha foi uma das melhores coisas apresentadas. Não apenas pela sua profundidade, mas por sua beleza. Eles se amaram até o fim, mesmo com suas escolhas impondo o oposto. Assim como na vida, nada dura para sempre. Ás vezes o que vemos como futuro é apenas uma página da nossa história. É importante notar como ele foi um homem comum, assim como nós. Mesmo a amando, ele a traiu. E, mesmo soando decepcionante, isso também fez parte da evolução de ambos. Muitas pessoas almejam a perfeição, mas a perfeição não pode existir. Se ela existir, não existe nada além. Se não existe nada além, tudo acaba. Nós precisamos dos erros para ser quem somos. Se não existe erro, não existe vida. A vida é feita de erros e acertos. Ao conhecer Aslaug, ele começou uma nova etapa de sua vida. O relacionamento dos dois foi intenso, mas acabou de forma satisfatória. Ele também a amava e percebia sua importância, mas precisava de mais. Pelo menos, era o que ele achava. Mesmo machucada, assim como Lagertha anteriormente, Aslaug também seguiu com seu desenvolvimento. Nada acontece por acaso. Se não cairmos, nunca teremos força para nos levantar. Entre vários relacionamentos complicados, ele aprendeu como amar. E, mais importante que isso, ele aprendeu a importância de amar. O amor é o caminho para o descobrimento.

Um dos pontos mais importantes de sua história foi sua fé. Não apenas a fé nos deuses, mas a fé nas pessoas. A curiosidade o moveu, mas sua fé lhe colocava limites. Mesmo sendo livre, ele escolhia ser escravo do que lhe foi ensinado um dia. Se aventurar não foi apenas uma descoberta para o corpo, mas também para a mente. Ele acreditava nos deuses, mas existiam outros. Como poderiam existir outros? A curiosidade deu o pontapé inicial e gerou a dúvida, sendo a dúvida responsável por guiá-lo em sua trajetória. Ele conheceu diversas pessoas com diversos pensamentos. Mesmo não navegando por extensos territórios, ele conheceu o mundo. E, ao ter esse conhecimento, ele finalmente escolheu no que acreditar. Ou melhor, no que não acreditar. Não existia destino, apenas escolhas. Não era seu destino navegar, mas sua vontade. Ele foi responsável por sua vida, assim como por sua morte. Nós não podemos culpar terceiros por tudo que acontece. Nós precisamos assumir a responsabilidade e aprender com as consequências. Ele soube disso e o fez até o final. Ragnar Lothbrok viveu a vida que queria.

A vida é feita de tudo, inclusive de arrependimentos. Mas, mais importante do que ter eles, é aprender a aceitar eles. Ao viver suas aventuras, ele sentiu saudades do que era. Ao conhecer castelos e catedrais, ele sentiu saudades da fazenda e do gado. Nós podemos nos aventurar ou não. É a nossa escolha. Mas, não importa qual seja nossa decisão, nós sempre teremos um pequeno arrependimento. Devíamos mesmo ter ido? Devíamos mesmo ter ficado? Nunca poderemos saber os dois, então precisaremos conviver com isso. Se ele não tivesse se aventurado, a história teria sido totalmente diferente. Mas ele se aventurou, então imaginar como poderia ter sido já não importa mais. Não podemos olhar para trás, apenas para frente. O passado está aqui para nos ensinar, não para nos prender. Antes de sua morte, ele reviveu todos os seus momentos. E, ao final de tudo, aceitou eles. Ele acertou e errou, mas soube entender isso. Foi sua história que o tornou Ragnar Lothbrok e ele não podia temê-la. Para aquele povo, ser lembrado era a coisa mais importante. Nós só estamos conhecendo sua história por isso. Foram suas escolhas que o fez ser lembrado. Ele se aventurou, mas não soube de tudo. Nós também não sabemos de tudo. Será que não chegou a hora de descobrirmos?

Katheryn Winnick - Vikings

O relacionamento de Ragnar e Ecbert foi incrível em todos os seus momentos. Era uma amizade, mas os dois tinham suas próprias convicções. Mesmo juntos até o fim, o Viking ainda queria sua vingança contra o Rei. É importante notar que sua morte também serviu de recomeço para Ecbert. Do mesmo modo que Ragnar aceitou suas escolhas, ele também aceitou as dele. Nós precisamos aceitar nossas escolhas, pois são elas que nos fazem ser quem somos. Sem elas, nós não existimos. Athelstan, que também viveu um relacionamento complicado com os dois, foi um dos responsáveis por toda essa história. Ele foi uma peça fundamental na vida dos dois, sendo também o que os uniu. Mesmo depois de sua morte, ele ainda era lembrado. Todos nós seremos lembrados, não importa o quanto neguemos. Alguns serão conhecidos mundialmente, outros por poucas pessoas. Alguns nomes ecoarão para sempre, outros serão enterrados com algumas pessoas. Mesmo assim, é importante notar que a morte não nos apaga, mas nos prolonga. Nós nunca morreremos totalmente, pois sempre iremos existir em outras pessoas. O que vem depois não importa, mas sim o que acontece agora. Cabe a nós a escolha do modo que seremos lembrados. Com cenas incríveis, Ragnar e Ecbert também conseguiram um final de relacionamento satisfatório. Agora, é hora de ver como os ecos desse relacionamento influenciarão no resto da história.

A personalidade de Ivar, assim como destacou o próprio pai, é o que o diferencia dos outros. Enquanto a curiosidade e a dúvida movia Ragnar, é o ódio e o ressentimento que o move. As pessoas não são iguais, mesmo que tentem ser. A história do pai continuará em sua vingança, mas será que veremos isso tão cedo? Além do pai, ainda existe a vingança por sua mãe. O relacionamento dos dois era bem profundo, dificilmente sendo ignorado nos próximos episódios. Resta saber como tudo isso seguirá. Ubbe também almeja vingança e, se os dois estiverem juntos, dificilmente Sigurd não se juntará. Lagertha conseguiu tomar sua casa, mas agora precisa protegê-la. Um arco se fechou, mas a história precisa continuar. Agora, veremos as escolhas de Ragnar se enfrentando. É importante notar a importância do tempo nessa história. Nós estamos vivendo nosso momento, mas algum dia ele irá acabar. Assim como os antigos personagens estão abrindo espaço para os novos, nós também precisaremos ir embora. Mesmo não sabendo o que vem depois, nós precisamos estar preparados para a morte. Tudo tem seu tempo e nós também. Nós iremos desaparecer, mas nossa memória permanecerá. E, mais importante do que iremos fazer depois, é o que fazemos agora. Nós iremos presenciar a morte, mas agora estamos presenciando a vida.

Do outro lado dessa história, ainda temos arcos não concluídos. Ragnar não terá sua vingança e Rollo não terá seu perdão. Agora, é Bjorn o responsável por isso. Por estar longe, ele não poderá vingar o pai, mas poderá honrar sua memória. Assim como o pai fez um dia, ele também está caminhando para novas descobertas. Seu relacionamento com o tio é o que move esse núcleo no momento. Se em Kattegat vemos a consequência da curiosidade de Ragnar e em Wessex a consequência de suas dúvidas, agora veremos a consequência de sua vida. Ainda, está chegando o momento de Rollo decidir que caminho seguir. Será que ele negará quem é de verdade ou sucumbirá ao seu verdadeiro eu? Chegou a hora de dar adeus ao passado e nos aventurar no futuro. Não importa o quão difícil seja, nós precisamos aceitar que o tempo passa e nós não temos controle sobre ele. Ragnar morreu, mas ainda existe muito o que contar. Agora, precisamos nos preparar para ouvir.

Alex Hogh Andersen - Vikings

No geral, Vikings continua nos apresentando uma ótima temporada. Sem deixar espaço para enrolações ou coisas desnecessárias, a história aparenta estar seguindo com mais intensidade do que nunca. Restam poucos episódios para esse quarto ano, mas um quinto já está confirmado. Ainda resta muito que ver, mas será que estaremos preparados? Tudo indica que os próximos episódios serão inesquecíveis. Será que deixaremos o medo nos afastar ou teremos a coragem para enfrentá-lo? É hora de navegar.

Observações:

É impossível não chorar durante todo o episódio. Na maioria das vezes, a realidade é difícil de ser enfrentada.

Mais alguém percebeu Odin aparecendo no final? Não sei nem o que dizer sobre isso.

Não tenho nenhuma reclamação sobre a morte do Ragnar, principalmente por ter sido fiel. Ele foi um grande homem, morrendo como tal.

Foi um turbilhão de sentimentos ao ver aqueles flashbacks. Agora vou precisar assistir tudo novamente.

Sim, a review atrasou. Sim, a review atrasou bastante. Prometo que, com o fim das festividades, elas voltarão a sair no tempo certo.

 


E você? O que achou do episódio? Não se esqueça de deixar sua opinião e continuar acompanhando as reviews aqui, no Apaixonados por Séries.


Lucas de Siqueira

Apaixonado por Tom Holland, séries históricas, documentários sombrios e guerras. 19 anos de pura imersão em diferentes universos através da leitura e pronto para criar outros através da escrita.

Santa Branca/SP

Série Favorita: Game of Thrones

Não assiste de jeito nenhum: Revenge

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