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Vikings – 4×16 Crossings

Por: em 7 de janeiro de 2017

Vikings – 4×16 Crossings

Por: em

Alegra-me saber que Odin se prepara para o banquete. Logo, estarei bebendo hidromel em chifres curvados. Este herói que entra em Valhalla não lamenta sua morte! Não devo entrar no salão de Odin com medo. Lá, esperarei meus filhos se juntarem a mim. E, quando se juntarem, deleitar-me-ei com suas histórias de triunfo. O Aesir me receberá. Minha morte vem sem pedido de desculpas. E recebo as Valquírias para me levarem para casa. Ragnar Lothbrok

Depois de um dos momentos mais grandiosos da série, Vikings nos apresentou um episódio de transição. Após se aprofundar em todos os seus personagens e mostrar as consequências das escolhas de cada um, agora o roteiro se prepara para um futuro incerto e já nos mostra que caminho deseja seguir.

Alex Hogh Andersen - Vikings

Lagertha, que finalmente assumiu seu posto como Rainha de Kattegat, agora precisa arcar com os perigos que a cercam. Seu ato não apenas tornou o reino instável, como também sua própria vida. Como a mesma disse, Kattegat se tornou um dos maiores centros comerciais da Noruega. Ou seja, os perigos de uma invasão aumentam mais a cada dia. A união entre todos é essencial, mas o que vemos é o contrário. O povo a está apoiando, mas não os filhos de Ragnar. E, por mais que gostem dela, será que a influência dos garotos não pode acabar interferindo no pensamento dos moradores? Ainda, com Aslaug morta, a vontade de vingança dos jovens Lothbrok está maior do que nunca. O Vidente já confirmou, mas não é possível saber quando acontecerá. Mas, uma coisa é certa, Lagertha morrerá pelas mãos de um dos filhos de Ragnar. Não é possível saber por qual deles, mas é certo pensar que não estaremos preparados para quando o momento chegar.

Ivar, que está com mais ódio do que nunca, talvez precise se controlar por um tempo. Afinal, para vingar seu pai, ele precisará da ajuda de todos que puder, incluindo Lagertha. Pela história, o Grande Exército Pagão, responsável por vingar a morte de Ragnar, foi um dos maiores já vistos na história Viking. E, por ser uma líder política, fica claro que Lagertha é essencial para esse plano, principalmente pela sua influência em outros reinos. Mesmo contra sua vontade, talvez uma aliança seja o mais indicado por hora. Ela lutou para ter seu lar de volta, mas precisa protegê-lo. Rei Harald, que ainda possui a ambição de ser o Rei de toda a Noruega, pode acabar sendo um dos possíveis invasores. O ato de proteger Kattegat, mesmo repentinamente, pode acabar sendo uma ótima solução. Seu relacionamento com Astrid, no entanto, continua sendo genérico. O maior problema desse arco, ao analisar as cenas, talvez seja a falta de profundidade da personagem, que surgiu rapidamente e não teve uma construção sozinha. Apesar disso, esse ano promete ser o maior em termos evolutivos para Lagertha. Se antes ela lutava ao lado do marido e filho para invadir terras, agora ela precisa lutar pelo seu próprio lar, em uma posição totalmente diferente. Do mesmo jeito que Ragnar viveu sua redenção, esse talvez seja o início de sua própria.

É interessante notar a profundidade do relacionamento de Ivar com os pais. Diferente dos irmãos, ele acabou criando laços bem mais profundos, mesmo com o menor tempo de convivência. A dor de suas mortes, ao que tudo indica, é o que move o personagem. Desde o início dessa segunda parte, foi possível notar que ele seria um dos grandes potenciais para esse quarto ano. E, analisando o episódio, é fácil perceber que isso está se tornando verdade. Seja por sua importância histórica ou por sua profundidade, Ivar está sendo um dos personagens com a melhor evolução na história. O roteiro, sempre que é necessário trabalhá-lo, faz questão de nos mostrar o turbilhão de sentimentos que vive dentro do mesmo. Isso talvez seja o indicador de sua importância para o futuro da série. Agora que Ragnar morreu, alguém precisa assumir seu legado. Todos os irmãos conseguiram definir suas vontades logo no início, mais Ivar permanecia buscando um motivo para continuar. Agora, ele finalmente achou um. Como dito no episódio anterior, é o ódio e o ressentimento que o move. Agora, ele precisa focar esse ódio no que realmente importa, antes que seja consumido por ele.

Katheryn Winnick - Vikings

Do outro lado da Europa, finalmente Bjorn chega a seu destino. Indo além do que o pai esperava, o garoto conseguiu chegar aonde nenhum Viking havia chego antes. É interessante notar a importância desse feito, sendo algo que pode acabar fazendo com que Bjorn acabe sendo considerado pelo povo o sucessor de Ragnar. Infelizmente, diferente das primeiras temporadas, a sequência da invasão acabou não sendo tão intensa ou emocionante. O fato pode ter se dado por vários fatores, como a passagem de tempo, mas o maior fator talvez seja o pequeno foco dado no núcleo. Se nas primeiras temporadas o foco do roteiro era voltado completamente a esse acontecimento, agora nós temos diversas histórias ocorrendo simultaneamente. Enquanto antes conhecíamos todo o exército, incluindo o relacionamento dos homens, seus medos e desejos, agora o aprofundamento se resumiu apenas nos personagens principais. Isso não é necessariamente algo negativo, mas pode acabar diminuindo a relação do telespectador com o núcleo em questão. Mesmo assim, acabou sendo interessante a relação deles com um novo povo, principalmente pela diferença de costumes. Isso talvez seja o que irá definir a relação de cada um com o mundo lá fora.

Mas, diferente do que se esperava, a parte mais interessante acabou sendo a visão de Floki, principalmente ao conhecer um novo deus. Se antes o relacionamento com o deus cristão acabou sendo completamente desastroso, agora ele parece possuir uma curiosidade mais plena com essa nova realidade. Isso, ao analisar a cena, pode ter acontecido pelas maneiras do povo. Enquanto os adoradores do primeiro deus aparentavam ser prepotentes e demonstravam desprezo por outras culturas, agora vemos um povo humilde. Mesmo com o inferno em sua volta, eles permanecem em plena comunhão com sua fé. Ainda, por não possuir imagens, símbolos e coisas do gênero, a curiosidade do navegador acabou sendo ainda mais atiçada. Assim como ocorreu com Ragnar, a fé acaba sendo um dos fatores principais da série. Essa nova relação de Floki com Alá talvez se torne um dos pontos principais para o personagem. Ainda, isso pode acabar influenciando seu relacionamento com Helga. É triste ver, mas, após a morte de Angrboda e seus desentendimentos com Ragnar, Floki acabou ficando completamente vazio, como o mesmo passou a notar. Assim como para os outros personagens, esse também está sendo um caminho de redenção para ele. Agora, é preciso esperar para ver como a nova realidade irá influenciar em suas decisões futuras.

Mesmo morto, a voz de Ragnar ainda ecoa pelo mundo. Viveu como um grande homem, morreu como tal e, mesmo perdendo sua fé, conseguiu entrar em Valhalla. A visita de Odin, mais do que simbólica, foi necessária. Ele se considerava um descendente de Odin, então nada mais justo do que o mesmo anunciar sua morte. Com uma das representações mais fiéis já vistas, foi possível sentir a profundidade do pequeno encontro dele com os filhos de Ragnar. Agora, todos os personagens estão prontos para seguir em frente. Um dos poucos pontos negativos na história talvez seja o desenvolvimento de Ubbe, o qual deveria ser um dos principais filhos de Ragnar. Mesmo assim, foi possível sentir seu choque ao receber a confirmação da morte do pai. Em Wessex, assim como em Kattegat, todos também se preparam para o futuro, que irá chegar de um jeito ou de outro. É possível notar que, de pouco em pouco, o Rei Ecbert está passando suas responsabilidades para seu filho Aethelwulf. Talvez, assim como o amigo, ele também já esteja se preparando para dar adeus. Na verdade, todos os antigos personagens já começaram a dar espaço para os novos. E, assim como eles, nós também precisamos nos preparar para a mudança.

Gustaf Skarsgard e Maude Hirst - Vikings

No geral, Vikings continua nos apresentando uma ótima temporada. Com uma sequência final magnífica, a série finalmente pode começar a seguir seu rumo. Já perto do fim de seu quarto ano, é seguro pensar que os conflitos maiores ficarão para o próximo ano. Vendo por esse lado, talvez seja possível afirmar que os próximos episódios se aprofundarão ainda mais nos personagens, mostrando também a preparação para a grande vingança. Agora, só nos resta esperar para ver o que os deuses nos prepararam para o futuro.

Observações:

A fala final do Ragnar sempre me arrepia. Um discurso que ficará na história das séries.

Judith é uma ótima personagem, mas parece ter perdido sua importância na história.

Acho esse relacionamento dos garotos com a Margrethe bem insatisfatório, mas talvez eu seja surpreendido.

Gosto de como a mitologia da série é trabalhada. Passa um ar simbólico e real ao mesmo tempo.

Será que a voz do Travis Fimmel continuará no “anteriormente, em Vikings”?

Ah, gente. Perdoem os meus atrasos e não desistam de mim.

 


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Lucas de Siqueira

Apaixonado por Tom Holland, séries históricas, documentários sombrios e guerras. 19 anos de pura imersão em diferentes universos através da leitura e pronto para criar outros através da escrita.

Santa Branca/SP

Série Favorita: Game of Thrones

Não assiste de jeito nenhum: Revenge

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