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Vikings – 4×20 The Reckoning (Season Finale)

Por: em 4 de fevereiro de 2017

Vikings – 4×20 The Reckoning (Season Finale)

Por: em

Com uma temporada maior, muitos duvidavam da capacidade da série em manter seu ritmo. Na primeira parte desse quarto ano, fomos introduzidos a uma nova etapa na vida de cada personagem. Nas temporadas anteriores, os guerreiros nórdicos se elevavam cada vez mais, ganhando as batalhas, mas sofrendo as consequências. Mas, a primeira parte veio para mostrar que, não importa a que altura esteja, todos têm seus momentos de queda. Ainda, vendo a destruição de cada personagem, a primeira parte também nos mostrou que até mesmo séries boas podem decepcionar, um sentimento recorrente durantes os dez primeiros episódios. Com momentos desnecessários e enrolações, o início do quarto ano começava a confirmar as duvidas sobre uma temporada maior, mas logo a duvida deu espaço para a curiosidade. No final, vimos a energia vital da série se recuperar, nos apresentando desfechos incríveis e saltando no tempo, mostrando que ainda havia muito que contar. Por sua vez, a segunda parte não nos trouxe novas aventuras, mas a resolução das velhas. Após caírem, cada personagem viveu seu próprio momento de redenção para, finalmente, voltarem os olhos para o futuro. Caros leitores, apresento a vocês a última review do quarto ano de Vikings.

“Ragnar: O que você vê?

Bjorn: Poder. O poder de um Rei.

Ragnar: Poder é sempre perigoso. Atrai os piores e corrompe os melhores. Nunca pedi por poder. Poder só é concedido à quem está disposto a se humilhar para pegá-lo.

Vikings 3×01 – Mercenary

Rollo nunca conseguiu manter sua lealdade. Na verdade, sempre que era necessário, mudava de lado de acordo com suas necessidades. Entre todas as temporadas, ele já foi responsável por diversas traições. Mas, a maior de todas, foi quando o mesmo decidiu se esquecer de quem era de verdade e assumir uma nova personalidade. O poder corrompe, mas Rollo nunca teve a força necessária para se manter fiel. Pelas suas decisões, fomos apresentados a um novo núcleo, trazendo bons momentos para a trama, mas também trazendo a maior parte do descontentamento com a primeira parte. Paris se mostrou um núcleo poderoso, mas a trama em que estava envolvida acabou não sendo tão intensa como as outras nem tão interessante. O maior motivo disso talvez seja a grande base política em que foi construída, substituindo momentos de ação por diálogos e traições. Claro, nem todas as cenas são dispensáveis, já que o núcleo foi responsável por diversas interações interessantes. Talvez, o maior problema tenha sido o alongamento de diversas cenas, deixando os melhores momentos para os episódios finais. Mesmo assim, o núcleo ainda se manteve forte e com grandes promessas.

Mas, quando chegou a segunda parte, acabamos percebendo a verdadeira intenção do roteiro. Rollo não conseguiu finalizar seu relacionamento com Ragnar de forma satisfatória, mantendo Paris bem longe das cenas principais. É provável que ainda vejamos a cidade no próximo ano, mas apenas como pano de fundo. Clive Standen está deixando o elenco principal, já com outros projetos que impedirão uma participação maior, podendo voltar para algumas pequenas participações em algum momento. Mesmo esquecida, Paris ainda é importante para outros personagens, já que Bjorn pretende continuar sua exploração ao longo do mediterrâneo. Princesa Gisla, que teve uma participação menor a cada episódio, ainda tem seus problemas com o marido. Afinal, mesmo tentando deixar seu passado para trás, ele ainda não consegue esconder quem é de verdade. Talvez esse seja o maior problema de viver uma vida que não nos pertence. Não importa o quanto tentemos, nós nunca poderemos forçar uma peça em um lugar a qual a mesma não pertence. A verdadeira essência sempre aparece, não importa o quanto tentemos esconder. Rollo traiu todos, finalizando sua jornada traindo a si mesmo e pagando as consequências disso.

Rei Harald, ao contrário de Rollo, ainda não alcançou o poder que tanto deseja. Chegando com um forte potencial, o personagem já se mostrou um grande perigo, já que suas ambições influenciavam diretamente na queda do governo em Kattegat. Para ser o Rei de toda Noruega, ele ainda tinha Ragnar Lothbrok e sua família no caminho, algo que dificilmente conseguiria superar. Por ironia do destino, foi o próprio poder que destruiu Ragnar. Ele se deixou cair cada vez mais por suas falhas, terminando nas mãos de alguém cujo poder selou seu destino. Mesmo assim, Harald ainda possui problemas, já que Lagertha finalmente assumiu seu trono como Rainha, impedindo a primeira tentativa de invasão desde a fortificação dos muros e das defesas do Reino. Infelizmente, o personagem não foi tão bem aproveitado como poderia, aparecendo bem menos que o necessário para reforçar sua força. O arco com a Princesa Ellisif, mesmo terminando de forma precoce, foi uma das poucas tentativas do roteiro em se aprofundar nele, algo bem aceito pelo público. Conhecer mais do Rei não apenas abre as portas para nos ligarmos cada vez mais com o personagem, como também para apreciar ainda mais o momento em que sofrer sua tão esperada queda.

Seu irmão, Halfdan, mesmo permanecendo junto com ele desde o princípio, já demonstra interesse em seguir o próprio destino. Enquanto Harald planeja suas conquistas, o irmão almeja o descobrimento, ao lado de alguém inesperado. Uma das possíveis tramas futuras, que muitos achavam possível se desenvolver já nesse quarto ano, seria a desavença entre os irmãos, que poderia causar a queda dos mesmos. Afinal, como Harald agirá sabendo que o irmão deseja continuar explorando com Bjorn? Mesmo indo junto na última expedição, ele ainda precisa se manter firme em seu reinado, já que deseja conquistar outros reinos. Continuar viajando o atrasaria cada vez mais, principalmente depois da falha tentativa de invasão. Com o conhecimento de Lagertha sobre sua influência no ataque, Kattegat se torna cada vez mais hostil. Será que ele será julgado ao retornar? Será que os filhos de Ragnar o apoiarão, sabendo que Lagertha será derrubada? Ainda é difícil imaginar um desfecho para essa história, mas já é possível perceber que será intenso.

“Ragnar: Minha esposa. E a mãe dos meus filhos. Nós dois sabemos que não foi o amor que nos uniu. Mas, você tem me suportado. Sofreu com as minhas promessas e com a minha negligência. E, ainda assim, nunca colocou nossos filhos contra mim. Tenho certeza de que há momentos em que você me odeia, mas você nunca envenenou as mentes deles ou os impediu de me amar. E, por tudo isso, com todo o meu coração, sou eternamente grato a você.

Aslaug: Por que está me dizendo isso agora?

Ragnar: Porque precisava ser dito.

Vikings 4×12 – The Vision

Desde sua primeira aparição, Aslaug casou um grande estranhamento ao público. O motivo maior disso talvez tenha sido a forte relação que Ragnar possuía com Lagertha, que precisou se desfazer para esse novo relacionamento ter início. O problema é que não foi o amor que os uniu. Muitas vezes deixamos nosso futuro de lado por um mero momento de prazer. Deixamos que o amor escape apenas por uma paixão passageira, que não possuí raízes fortes o suficiente para se manter sozinha. Com um propósito bem definido, Aslaug veio para aumentar a linhagem de Ragnar, mas também para pô-la em risco. Afinal, com a grande negligência do pai, ela teve diversas oportunidades para colocá-los contra ele. Entretanto, mesmo sendo humilhada cada vez mais, ela sempre fez o que era certo. Mesmo que alguns não gostem da personagem, é impossível não se emocionar com seu destino final. Ela não lutava, mas foi uma grande guerreira pelos seus filhos. Quando todos amaldiçoavam a criança com o olho de serpente, ela o protegia. Quanto todos zombavam da criança sem ossos, ela o preenchia de amor. Sem perceber, Sigurd e Ivar foram amados de maneiras iguais, mas em momentos diferentes. Talvez tenha sido isso que impossibilitou uma relação mais forte entre os dois.

Lagertha, por sua vez, também viveu seus momentos de redenção. Com um novo Reino para cuidar, ela protegeu seu povo e se vingou daqueles que um dia prometeu. Ainda, a mesma trouxe cada vez mais guerreiras para a história, criando uma maior diversidade na série e mostrando que a força do povo nórdico não dependia de gêneros. Mas, como o passado nunca se cansa de bater na porta, ela viu uma nova oportunidade de retornar para casa. É interessante notar como cada personagem visitou seu passado, para só então seguir em frente ou finalizar sua jornada. Ela retornou para Kattegat, mas com uma nova posição. Pela primeira vez, ela se tornou a Rainha que não possuía um Rei. Em um nova posição e em uma nova realidade, ela acabou sentindo o peso de suas decisões e as consequências das mesmas. Para se levantar, ela preciso sacrificar muito. A morte de Aslaug, mesmo satisfatória, causou um grande impacto na personagem. A flecha pelas costas não apenas demonstrou uma atitude que não confere com a personagem, como também mostrou que sua decisão teve maior base pessoal que política. Entretanto, com esse ato, a mesma acabou selando seu próprio destino. O Vidente já confirmou, mas não é possível saber quando. Lagertha morrerá pelas mãos de um dos filhos de Ragnar, mas qual?

Seu relacionamento com Astrid, ao contrário de seus outros momentos, acabou sendo insatisfatório. Talvez o maior problema tenha sido a súbita aparição da personagem, que rapidamente assumiu uma posição importante e não deixou espaço para o roteiro se aprofundar em sua história. Mesmo assim, foi interessante a série apostar ainda mais na diversidade. Lagertha sempre foi forte, mas o roteiro sempre a prendia a alguém. Pela primeira vez, ela conseguiu manter um relacionamento que não houvesse motivação política, podendo agir sem depender de terceiros. Mesmo assim, seu amor por Ragnar ainda existia, terminando em uma emocionante despedida. Os dois se ergueram juntos, mas é a queda de Ragnar que irá mantê-la em pé. O triângulo amoroso apresentado, mesmo repentino, já abre diversas portas para futuras tramas. Será que, de algum modo, Bjorn poderá ser o filho que matará Lagertha? Será que ela perdoará o filho quando descobrir a verdade? Ainda não é possível teorizar, mas são tramas em potencial para o próximo ano. Nesse quarto ano, Ragnar finalmente conseguiu concluir seus relacionamentos amorosos de forma satisfatória, aceitando suas escolhas e permanecendo com elas.

“Rei Aelle: Não a nós mesmos, Senhor. Não a nós mesmos, mas ao Teu nome damos graça. Os ídolos deles são a prata e o ouro, frutos das mãos dos homens. Eles têm bocas, mas não falam. Têm olhos, mas não veem. Livrai-me, Senhor, do homem mau. Guarda-me do homem violento. Certamente, os justos darão graças ao Teu nome. Os íntegros viverão na Tua presença. Senhor, escutai a minha prece…

Vikings 4×15 – All His Angels

Após a derrota em Paris, Ragnar começou a desabar cada vez mais. Na verdade, sua queda já havia começado antes, quando começou a sofrer as consequências de suas decisões. Mesmo perdendo sua fé no final, ele finalmente chegou ao seu destino. Ainda, ele seguiu um dos maiores desejos do povo nórdico: ser lembrado. Mais importante que a vida é a lembrança do que ele viveu. Antes de morrer, ele fez questão de se despedir de todos, aceitando suas escolhas e arrependimentos. Na vida, nós sempre iremos ter algum arrependimento. O que teria acontecido se não tivéssemos feito isso? O que teria acontecido se tivéssemos feito isso? Não importa qual seja nossa decisão, nós sempre teremos um pequeno arrependimento. Ragnar soube disso e aceitou suas escolhas. Sua jornada terminou intensa, da mesma forma que começou. Como o mesmo disse uma vez, não devemos temer a morte. A morte faz parte da vida. A morte é a vida.

Aelle, ao contrário de Ragnar, seguiu cegamente sua fé, mas também acabou caindo. Em um ato que acaba parafraseando a bíblia, quando Pilatos entrega Jesus para Herodes por não concordar com o que deveria fazer, Ecbert acabou selando o destino do Rei ao entregar Ragnar em suas mãos, causando a revolta entre o povo nórdico. Sua arrogância o acompanhou até o final, sendo o que o destruiu ainda mais. Os nórdicos só venceram a guerra pela união, algo em falta entre os Reinos Europeus. É interessante notar como isso acaba parafraseando com a nossa realidade. Atualmente, vemos cada país pensando em seu próprio bem, quando todos deveriam estar unidos. Afinal, as guerras só foram vencidas pelas alianças feitas. Achar que conseguimos fazer tudo sozinhos é o ápice da arrogância, pois sempre precisaremos de alguém ao nosso lado. Por suas atitudes, Aelle acabou morrendo como alguém fraco e pagou por todas as suas atitudes em vida.

Floki, que teve um grande relacionamento com diversas religiões, também seguiu seu momento de redenção do mesmo modo que os outros personagens antigos. Analisando, é possível perceber como os antigos personagens já começam a dar espaço para os novos, nos mostrando que o tempo sempre passa e nós nunca teremos controle sobre ele. Mesmo não demonstrando tanto, a morte de Ragnar influenciou muito em si mesmo. No início, foi o amor pelo amigo que o fez seguir essa grande jornada. Mesmo com grandes desentendimentos, os dois sempre conseguiram manter um estranho relacionamento. Como o mesmo disse, foram as mortes das pessoas que ele amava que o esvaziaram completamente. Agora, ele é apenas um corpo sem alma. Não é possível saber se algum dia ele conseguirá se preencher novamente, já que demonstrou uma forte ligação com a crença muçulmana, mas já devemos aceitar que o personagem concluiu sua missão. Ele era o companheiro de Ragnar, mas não existe mais quem acompanhar.

“Rei Ecbert: Nunca se deixe influenciar por outras pessoas. Especialmente pessoas como eu. Sempre, sempre pense em seus próprios pensamentos e aja por eles!

Vikings 4×17 – The Great Army

O ápice da temporada, como já era previsto, foi o relacionamento de Ecbert com todos os outros personagens. Assim como Ragnar, ele também aceitou suas escolhas e arrependimentos, partindo com elas. Mas, antes de morrer, ele não deixou de criar um grande plano. Com Aethelwulf como Rei, ele pode acabar reunindo cada vez mais pessoas em outros Reinos, podendo criar um exército ainda maior para defender suas terras. Ainda, com a jogada final de Ecbert, os nórdicos acabaram criando uma falsa margem de segurança, algo que será descoberto por eles cedo ou tarde. O relacionamento com seu filho, mesmo concluído, foi um dos pontos mais importantes do núcleo. Assim como nesse caso, o amor não pode ser forçado. Ele precisa surgir naturalmente, mesmo que pareça impossível. Infelizmente, Ecbert não amou o filho como deveria, mas conseguiu se redimir por suas ações no passado. Com a criação de Albert ainda em andamento, Aethelwulf é o único capaz de reerguer Wessex das cinzas. Ainda, seu relacionamento com Judith pode acabar ficando ainda mais profundo, já que os dois precisarão estar mais unidos do que nunca. Não é possível saber como seguirá o futuro desses personagens, mas dificilmente iremos nos decepcionar.

O Grande Exército Pagão foi, sem dúvidas, uma das coisas mais incríveis que a série já nos apresentou. Claro, o pouco foco na batalha foi decepcionante, mas as poucas cenas conseguiram passar uma profunda intensidade, principalmente com a liderança de Bjorn e as estratégias de Ivar. Claro, foi estranho não ver Ivar lutando, mas compreensível. Ubbe e Hvitserk, que tiveram menos destaque que os outros filhos, já estão inseridos em uma possível trama para o futuro. Afinal, até quando o triângulo amoroso entre eles irá durar? Mesmo negando, é possível ver como cada um deseja Margrethe para si, principalmente Hvitserk, que acabou criando um relacionamento ainda mais profundo com a mesma. Ivar, assim como Ragnar recomendou, conseguiu usar seu ódio e ressentimento para vencer suas próprias batalhas. Mesmo assim, ele acabou sendo possuído por esses sentimentos, cometendo uma ação que dificilmente poderá ser perdoada. Se antes os irmãos não o apoiavam tanto, já é possível esperar um grande desprezo pelo irmão entre eles. Resta saber como Ivar seguirá seu destino.

A cena final, mesmo rápida, já demonstra que o roteiro ainda possui vários caminhos para seguir. O grande foco em “Ananyzapata”, possivelmente o nome da espada, já cria o tom de mistério e suspense para o próximo ano. Em pesquisas, não foi possível encontrar nada bem específico sobre o nome da espada. Possivelmente é algo ligado ao ocultismo ou magia, podendo abordar mais profundamente outra religião. Ainda, é possível que esse núcleo tenha alguma relação precursora com os Cavaleiros Templários. Mesmo após todos os grandes acontecimentos, ainda é possível sentir a força que a série possui para continuar seguindo em frente. Ainda não é possível saber quais acontecimentos o quinto ano irá abordar, mas já é possível perceber que veremos cada vez mais mudanças.

No geral, Vikings nos apresentou uma excelente temporada, conseguindo se recuperar e manter seu ritmo após alguns momentos insatisfatórios. Após reviver o passado e acertar as coisas, os personagens parecem prontos para seguirem o destino, mostrando que nós também precisaremos estar preparados para o que virá. Agradeço a todos que me acompanharem até esse momento e espero revê-los novamente no quinto ano. Até!

Observações:

Esperava mais da trama entre Helga e Tanaruz, mas tudo bem.

Jonathan Rhys já chegou fazendo o que fazia de melhor em The Tudors.

Espero que o próximo ano traga uma resolução melhor entre o relacionamento de Bjorn e Torvi.

A morte de Sigurd entra para a lista de momentos inesperados, já que não ocorreu dessa maneira na história.

A próxima temporada está prevista para estrear em 29/11. Que os deuses nos protejam até lá.

 


E você? O que achou do episódio? Não se esqueça de deixar sua opinião e continuar acompanhando as reviews aqui, no Apaixonados por Séries.


Lucas de Siqueira

Apaixonado por Tom Holland, séries históricas, documentários sombrios e guerras. 19 anos de pura imersão em diferentes universos através da leitura e pronto para criar outros através da escrita.

Santa Branca/SP

Série Favorita: Game of Thrones

Não assiste de jeito nenhum: Revenge

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