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Vikings – 5×01 The Departed (Part One)/5×02 The Departed (Part Two)

Por: em 16 de dezembro de 2017

Vikings – 5×01 The Departed (Part One)/5×02 The Departed (Part Two)

Por: em

Depois de uma temporada com diversos altos e baixos, eram grandes as expectativas para a nova temporada de Vikings. Iniciando seu quinto ano com um episódio duplo, fomos apresentados aos personagens de um mundo pós-Ragnar que, deixando sua vingança já concluída para trás, agora partem para suas próprias conquistas.

Reprodução/History Channel

Quando Ecbert passou a coroa para seu filho e o apressou em sua fuga, não era possível saber direito para onde eles iriam, mas provavelmente ninguém imaginou que seria para aquele lugar. Com tantos reinos além de Wessex e diversos nobres que certamente aceitariam receber o Rei em sua residência, que diabos Aethelwulf estava fazendo com sua família naquele lugar? Junto a esse estranho destino, temos também uma passagem de tempo que parece não condizer com nenhuma outra, já que Alfred e seu irmão cresceram bem além do que se era esperado. Apesar disso, é nesse núcleo que devemos ver mais profundamente o lado anglo-saxão da história, principalmente pela profunda crença do Rei. Desde o início, a religião sempre foi uma parte importante da história e influenciou diretamente no comportamento e decisão de diversos personagens, o que não seria diferente agora. Com isso temos também Alfred que parece estar pronto para ganhar mais importância nesse novo ano. Lembrando bastante seu pai e claramente sendo guiado pelo mesmo, ele deve causar um reflexo interessante nos filhos de Ragnar, já os pais eram amigos mesmo com as diferenças religiosas e culturais, mas agora a descendência de ambos se encontra em lados opostos.

Também sendo encaixados em lados opostos, os filhos de Ragnar parecem estar mais separados do que nunca, mesmo estando juntos. O forte desejo pela vingança do pai foi o que motivou todos eles a trabalharem juntos, mas agora que o objetivo foi concluído, qual seria o motivo para eles permanecerem juntos? Sem um objetivo comum em mente, é difícil esperar que eles se ajudem, principalmente pelo desejo pessoal de cada um. Enquanto Ubbe quer realizar o sonho do pai e manter um assentamento, Ivar continua querendo invadir cada vez mais fundo, que de uma forma ou de outra, também se parece com os sonhos de Ragnar. A verdade é que cada um dos filhos adquiriu uma das personalidades dele e cada um deles parecem ir atrás de algo que o pai já quis. Sem perceber, todos eles estão certos e, mesmo tendo o poder para conseguir realizar tudo, a ignorância e rivalidade entre eles parece ser o que está impedindo que isso aconteça. Sem dúvidas, a decisão de invadir York foi certa por diversos motivos, mas sendo um lugar tão fácil de invadir, eles não deveriam fortificar o local para que outros não consigam invadir também? Mesmo com tantos sonhos, cada um deles parece pensar apenas no presente e não nos benefícios em longo prazo. Atualmente, Ivar parece ser o único com um pensamento verdadeiramente estratégico, mas apenas nos momentos em que não está com raiva. Infelizmente, a raiva é seu maior dom, mas também sua maior maldição.

Todos nós temos nossos dons e nossas maldições. Todos nós temos uma habilidade que nos define, mas que também nos mata. Todos nós temos um demônio que está sempre querendo sair. E, às vezes, ele consegue. Algo já dito pelo próprio pai, a raiva de Ivar é o que o da poder para lutar e seguir em frente. Mas nem sempre seguir para o caminho certo. A morte de Sigurd não foi apenas uma surpresa para todos, mas também uma demonstração de que tudo é incerto. Em um momento eles estavam comemorando uma vitória, mas no momento seguinte eles estavam presenciando uma derrota. Seu arrependimento é visivelmente verdadeiro, mas seu orgulho é grande demais para que consiga fazer com que os outros percebam isso. O que o destaca sempre será o que o destrói e esse é o fardo que o personagem deve carregar até o final de sua vida. Com objetivos completamente diferentes e inimigos em comum, esse é um momento delicado em que a linhagem de um grande homem é colocada em risco.

Reprodução/History Channel

Enquanto a incerteza toma conta de um lado da história, a certeza toma conta do outro. A certeza de algo está errado. A certeza de que algo grande está vindo. A certeza de que a próxima batalha será a batalha decisiva. Desde que ascendeu em Kattegat, Lagertha sempre tomou suas decisões visando o melhor para o lugar e para as pessoas. Porém, enquanto é difícil subir para uma posição tão alta, é completamente fácil cair para o lugar de início. Após a fortificação dos muros, uma batalha que gerou diversas perdas foi vencida. Mas o que a espera além disso? O estupro completamente desnecessário feito para mostrar a superioridade dela, a qual já havia sido mostrada com seu governo, acabou se mostrando em vão, já que ela subestimou a lealdade daqueles que seguiam Harald. Com isso, temos Astrid em um lado que jamais imaginávamos. Sendo uma estranha personagem que surgiu completamente do nada e já assumiu uma posição importante, era nítida sua conduta imprópria com Lagertha, agindo como se ela fosse apenas uma amiga ou parceira, não uma comandante e estrategista. Talvez agora seja a hora em que conheceremos melhor a personagem. Com o marido morto, o filho longe e a sua era ficando para trás, será que Lagertha conseguirá forças para lutar para continuar seguindo ao novo mundo, ou ficará para trás assim como os antigos personagens?

Ragnar. Rollo. Ecbert. Aelle. Athelstan. Helga. São poucos os personagens que estão sobrevivendo a essa nova era. Enquanto o mundo passa para as mãos dos jovens, alguns estão apenas aceitando isso e partindo para seu destino final, seja ele qual for. Enquanto Lagertha ainda tem um papel a cumprir, qual será o destino de Floki? Como o mesmo já havia dito, todas as suas partes já morreram em algum momento do passado, deixando apenas uma casca vazia e a sombra do que foi um dia. O grande construtor de barcos que conhecíamos foi lentamente dando adeus, pronto para assumir o que os deuses haviam preparado para ele. Será que ele conseguirá achar algo que o preencha novamente ou essa sua jornada de redenção já é sua jornada final? Enquanto isso, Bjorn também traça seus planos e, apesar de ter a força de ser responsável a nos apresentar a novos núcleos e novas histórias, ele parece cada vez mais longe da trama principal e, assim como Rollo, também parece estar se fixando em algo que não deve fazer parte do que a série continuará abordando futuramente. O quinto ano não veio apenas para iniciar a caminhada de alguns personagens, mas também para finalizar a de alguns.

Sendo a grande expectativa para o novo ano, Bispo Heahmund se mostrou um personagem interessante e deve continuar surpreendendo nos próximos episódios. Se encaixando no clichê do cristão que prega algo, mas faz outra, o personagem parece ter muito que mostrar e só nos resta aguardar. Sua luta contra os pagãos deve gerar excelentes cenas de batalha, algo muito esperado no último ano, mas que acabou não se concretizando. Sua união com Aethelwulf deve nos gerar uma nova perspectiva de liderança e governo, dando algo sólido o bastante para enfrentar o Grande Exército Pagão. Claro, é estranho acreditar que o aviso do Bispo de que já era seguro voltar para Wessex seria recebido por todos, menos pelo Rei, fazendo com que uma visão fosse o motivo de sua ida para York, mas é fácil relevar isso quando pensamos em tudo que esse núcleo nos revela. Além disso, mesmo que pequena, a participação de Judith já mostra que a personagem está pronta para continuar lutando pelo o que acredita e isso deve ser um dos pontos importantes dessa nova temporada.

Reprodução/History Channel

Gerando altas expectativas, mas não atingindo todas elas, Vikings nos apresentou um retorno morno, mas que guarda muita tensão para o que vem a seguir. No geral, a temporada parece estar pronta para ser mais bem conduzida que o quarto ano, que acabou decepcionando um pouco em seus primeiros episódios.

Observações:

Era óbvio que a água do Floki iria acabar. Bebia como se tivesse água infinita no barco.

E o irmão do Alfred que eu nem lembro o nome? Acho até triste um personagem assim ser tão mal aproveitado. Mesmo assim, talvez seja de se esperar uma rivalidade com o irmão.

Falando em personagens mal aproveitados, será que esse ano o Hvitserk sai de cima do muro para ter opiniões próprias ou continua dividido entre Ubbe e Ivar?

Pelo visto uma melhor resolução do relacionamento entre Torvi e Bjorn não é uma das metas desse novo ano.

“A crown for a King”.

 


E você? O que achou dos episódios? Não se esqueça de deixar sua opinião e continuar acompanhando as reviews aqui, no Apaixonados por Séries.


Lucas de Siqueira

Apaixonado por Tom Holland, séries históricas, documentários sombrios e guerras. 19 anos de pura imersão em diferentes universos através da leitura e pronto para criar outros através da escrita.

Santa Branca/SP

Série Favorita: Game of Thrones

Não assiste de jeito nenhum: Revenge

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