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[Personagem/Ator] Walter Bishop/John Noble

Por: em 17 de janeiro de 2013

[Personagem/Ator] Walter Bishop/John Noble

Por: em

Fringe é um sucesso entre os fãs de Sci-fi. Não só por ter casos interessantes ou por forçar as barreiras do conhecimento humano de física e matemática, estes são fatores que influenciam, sim, o sucesso, mas o grande feito do J.J. Abrans é contar com um elenco que se encaixa perfeitamente no papel que lhes foi dado. Nem todos são brilhantes, mas nenhum deixou a desejar em nenhum momento, e todos tiveram chances de mostrar o seu potencial até aqui. Um que foge a regra é John Noble, um daqueles raros casos em que todas as pessoas que tenham visto seu trabalho concordam, é excelente.

John Noble pode interpretar um cara bonzinho, um vilão ou um louco cientista e ainda assim sempre trabalhar brilhantemente, preenchendo toda a cena com sua voz e expressão marcante (ele já deu aula de voz). Infelizmente as premiações não são sérias o suficiente e ele não é tão premiado assim na televisão americana. John Noble, por seu papel em Fringe, foi indicado três vezes ao Prêmio de melhor ator coadjuvante da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films, em 2010, 2011 e 2012, vencendo somente no ano de 2011. Alguns sites e muitos fãs fazem campanha para a sua indicação ao Emmy, a premiação mais conceituada da TV americana.

Esta injustiça talvez seja justificada pelo fato do ator ser australiano; John Noble nasceu no dia 20 de agosto de 1948 na cidade Port Pirie, e dedicou grande parte da sua vida ao lado artístico. Se envolveu seriamente com o teatro na sua terra natal, e esteve no meio da grande explosão teatral na Austrália da década de 70 e 80. Ele foi diretor artístico do teatro Stage Company of South Australia, e depois se mudou para Londres, onde atuou no teatro e na tv.

John Noble se tornou mais conhecido do público fora da Austrália ao interpretar Denethor no filme O Senhor dos Anéis em 2002 e 2003. Depois fez participações em algumas séries como 24 horas e The Unit, até finalmente assinar contrato para viver o Dr. Walter Bishop em Fringe.

No inicio da 5ª temporada, o site tv.com em uma lista de coisas boas do mês vibrou com a volta de Fringe, “mas mais importante que a volta de Fringe, é a volta de Walter Bishop. Walter é o personagem favorito da grande maioria dos fãs de Fringe, o responsável por todos os eventos no mundo que originaram a série”.

Walter Bishop é um cientista com Q.I. de 197 que trabalha um laboratório nos porões de Havard, muitas vezes foi chamado de louco por forçar os limites do conhecimento humano, acreditando em coisas que não foram provadas; e, por causa da sua grande criatividade, sérios danos foram causados ao mundo, e por causa dela várias soluções para casos inexplicáveis do FBI foram encontradas. Walter trabalhava desenvolvendo projetos secretos para o exército americano, mas o seu projeto de fachada era um trabalho para uma empresa de creme dental. Os seus trabalhos envolviam modificação genética, projeção astral, teletransporte, invisibilidade entre outros tantos temas não convencionais.

A relação de Walter com Deus é um capitulo conflituoso na vida do personagem, arrogante, antes da sua estadia de 17 anos no instituto para doentes mentais, afirmou que dentro do laboratório só havia espaço para um Deus: ele. Com a ajuda do seu amigo William Bell, pode desenvolver coisas incríveis e causar muitas catástrofes. Os seus desejos também impulsionaram os trágicos eventos de cada uma das quatro primeiras seasons finales. Na primeira, Olivia atravessou (ou foi atravessada?) a barreira entre os dois universos; na segunda atravessaram novamente; na terceira Peter entra na máquina e é apagado; na quarta Bell tenta acabar com os dois universos e construir um do zero.

Depois do período que passou no Saint Claire, Walter passou a ser uma pessoa mais humilde, livre de preconceitos e amarras sociais, o que proporcionou cenas e falas memoráveis (relembre as melhores falas do Walter Bishop aqui). Esses momentos engraçados do Walter são responsáveis por fazerem dele um personagem tão querido, mesmo tendo feito tanta coisa que prejudicou dois universos.

Esse lado dele (não louco, mas extremamente feliz) ainda o leva a uma incerteza sobre si mesmo, um pouco de falta de confiança ou indecisão, que foi recuperada com a Tulipa branca na segunda temporada, que acaba se tornando um marco para o personagem, depois de solicitar uma sinal do poder divino. A Tulipa Branca é muito importante para Walter, e é citada algumas vezes na  série, e foi tema de uma grande homenagem dos fãs no painel de Fringe na Comic-Con.

Além das loucuras do Walter Bishop dentro do campo da ciência, ele é muito previsível quando se trata de um assunto bem popular: comida. Sempre que Walter se lembra de duas (ou três) coisas a última é sempre comida. Ele gosta de fazer o café da manha, que já foi tema de uma pesquisa sua e, segundo o doutor, a maneira como começamos dita o tom do dia. Ele tem um fraco por doces, panquecas de mirtilo (blueberrys), pudim, milk-shake, tudo isso está dentro do cardápio sempre pedido por Walter, mas o seu predileto é o alcaçuz.

Quando ele herda a Massive Dinamics de William Bell na primeira linha temporal, em certa altura ele fala que é um fracassado, com uma empresa daquele porte e não tinha criado nada ainda. Mas tinha muitas esperanças sobre o pudim de bacon. É sempre assim, sempre que surge um assunto, de alguma maneira Walter consegue inserir comida na conversa, uma frase memorável dele é “essa cena de crime é entediante, não tem nenhum corpo. Ou comida”.

Além da total liberdade moral que Walter tem, a conexão que ele faz com as pessoas é o que o torna tão amável. O amor pelo seu filho e o desejo de ajudar o filho do outro o motivou a cruzar os universos. O amor do Peter também o guiou num caminho para ser um homem melhor, procurando consertar os erros que cometeu no passado. E Walter tem uma amizade bem bonita com a assistente Astrid. Ou Astro, Aspirina, Asterisk, Asteroid Astringent Astral, Esther Figglesworth, Ashram, Claire, Athos, Afro, Agnes…

 

Walter:  Eu perdi as pessoas que eu mais amava e eu imagino que você sente falta deles também, as pessoas que você deixou para trás.

Peter: Sim, eu sinto.

Walter: Vou te ajudar, Peter. Eu vou te ajudar a voltar pra casa. Eu passei os últimos 25 anos pensando na perda do meu filho. Eu pensei que era um especialista em perda. Talvez seja por isso que você está aqui, porque ainda há coisas que eu preciso aprender. O quê?

Peter: Passei os últimos dias com o outro Walter, e eu fiquei muito surpreso ao ver que ele não era o homem que eu pensei que ele era. Mas eu não estou nada surpreso ao ver que você é.

Walter: Isso é uma coisa boa?

Peter: Sim, Walter. Isto é uma coisa muito boa.

 

 


Camila

Mineira, designer, professora que gosta tanto de séries que as utiliza como material didático.

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Fringe

Não assiste de jeito nenhum: Supernatural

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