“Quando eu descobrir quem realmente sou, eu serei livre”. Essa ótima frase, que inspira reflexões profundas, combina muito com o perfil dos visitantes de Westworld. Mas, contrariando mais uma vez o óbvio, essa frase saiu da boca de … uma robô! Dolores Abernathy, a cada episódio, acrescenta mais humanidade ao seu sistema operacional, deixando cada vez mais tênue e frágil a linha que separa a inteligência artificial da consciência humana. Suas reações e conclusões acerca dos questionamentos feitos por Bernard e das experiências vividas por ela no parque instigam cada vez mais o pesquisador que, ao que parece, não vai mesmo restaurar a anfitriã.
A pergunta que não quer calar é: quem realmente é Bernard Lowe? No episódio anterior, sua dupla personalidade, escondendo de todos os colegas suas verdadeiras intenções, me deixou em dúvida sobre o seu caráter, mas muito tendenciosa a avaliá-lo como um dos bad guys. Agora, em The Stray, já não dá pra ter tanta certeza assim. Nas conversas com Dolores e Ford, descobrimos que Bernard teve um filho, Charlie, a quem perdeu de forma traumática. O cientista compartilha a dor da perda com sua (ex? atual?) esposa, vivida pela deusa Gina Torres (Suits).
A emoção que ele não conseguiu esconder quando Mr. Ford tocou no assunto, nos leva a concluir que Bernard realmente não se recuperou disso. E que talvez, sua insistência em não formatar Dolores e estimulá-la a raciocínios e reações cada vez mais humanos, pode não ser só curiosidade científica, mas esconder uma motivação profundamente emocional. Esse lado paternal do Bernard, até então desconhecido por nós, humanizou o personagem de uma forma tão forte, que me questionei se o intuito dele não seria uma tentativa de vivenciar de novo a paternidade. De um jeito torto, é verdade. Mas que me soou verdadeiro.
A grande revelação do episódio, contudo, ficou por conta do Mr. Ford, que após novos questionamentos de Bernard, revelou que teve um sócio na criação do parque, Arnold, que (pasme!) é o mesmo nome com que alguns dos robôs interagem quando aparentam estar acessando memórias. Ford revelou ainda que Arnold seguia uma linha de raciocínio diferente da dele e dos sócios do negócio. Por perseguir seu maior objetivo, que era criar consciência nos robôs, Arnold pagou um preço muito alto: foi excluído dos registros do parque e, segundo Ford, morreu lá mesmo, consumido por sua ideia fixa, que acabou se transformando em loucura. Se é verdade ou não, só o tempo dirá.
Enquanto isso, Hughes e Stubbs, estão em busca de um anfitrião desgarrado. Ao encontrar o robô, preso numa espécie de buraco, Stubbs vai buscá-lo, mas assim como aconteceu com Maeve, o lenhador acorda do modo de descanso (gente, vamos desconfiar que esse modo não está funcionando?), se liberta e se mata a pedradas na frente de uma atônita e apavorada Hughes.
Por falar em anfitrião morrendo, Teddy Flood ganhou um novo histórico (obrigada, Ford! Já estava chato esse cara com função única de se aproximar da Dolores pra depois morrer) e, ao lado do xerife e de alguns visitantes, vai em busca do pior assassino do parque. Essa nova linha de ação, coloca em banho maria mais uma vez, sua história com Dolores. Ela quer ir embora dali, num raciocínio que ainda não consegue verbalizar totalmente, mas ele, anos-luz atrás dela e super fiel ao seu histórico, vai em busca de zerar o seu passado, deixando sua mocinha entregue à própria sorte.
Porém, antes de partir, ele dá a Dolores talvez o maior presente que ela já recebeu até então: a ensina a atirar. Mesmo não conseguindo usar a arma no treino, ela interiorizou seu funcionamento e, quando foi necessário, Dolores finalmente, atira para matar. Mais que um basta aos abusos sofridos por ela diariamente, esse tiro representou também um corte nítido entre o ponto onde termina a programação e desabrocha a consciência. Na simbólica cena, pudemos testemunhar uma espécie de primeiro desdobramento de uma “personalidade” extremamente humana, que reage após sucessivas situações de agressão e humilhação. Foi intenso e mágico!
Outro tiro que marcou uma quebra na conduta de um personagem, foi o dado por William, em um anfitrião. Mesmo sabendo que tratava-se de um robô, ele ficou assustado. Talvez o tiro do William o tenha despertado para finalmente, entrar no clima do parque. Ao lado do seu cunhado, ele decide vivenciar uma aventura. O que foi providencial, já que no local onde se encontravam, Dolores acaba desmaiando em seu colo. Huuum, sinto cheiro de romance no ar!
A internet está se acabando em teorias depois deste episódio:
- Seria Bernard a nova versão/reencarnação do Arnold?
- Seria o Homem de Preto o Arnold? Ou seria William, em uma outra encarnação/linha do tempo do Arnold?
- Seria Bernard um anfitrião secreto?
E você, tem alguma teoria pra compartilhar com a gente?
Imagens: Divulgação HBO
