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X Factor Brasil – 1×13 / 1×14 Desafio das Cadeiras Partes 1 e 2

Por: em 16 de outubro de 2016

X Factor Brasil – 1×13 / 1×14 Desafio das Cadeiras Partes 1 e 2

Por: em

Quem está acompanhando as reviews deve estar se perguntando o que diabos aconteceu com o texto da 2ª semana de Centro de Treinamento. Pois eu lhes digo: não sei. Uma mistura de falta de tempo, longuíssimas viagens e falta de links na internet suprimiram a 2ª semana da fase aqui nas reviews, mas vou comentar sobre ela antes de falar do confuso Desafio das Cadeiras.

O Centro de Treinamento foi encerrado como uma espécie de Judges’ Houses improvisada e empobrecida. As viagens caras viraram espaços reutilizados no resort que a Band alugou, e os looks ostentação de Nicole Scherzinger viraram o os brincos bafônicos de Alinne Rosa. Ao contrário da prima rica de terras britânicas, porém, a versão brasileira não promoveu um corte sanguinário de metade da competição, mas fez eliminações pontuais, o que acabou postergando ainda mais os momentos de emoção e, principalmente, atrasou a narrativa. Essa estrutura de canta-avalia-volta deu uma esfriada de que o programa não precisava, e jogou pro Desafio das Cadeiras a responsabilidade de emocionar.  O ponto positivo foram as participações dos jurados convidados, que, por si só, dariam uma bancada excelente. Fernanda Abreu e Tiago Iorc estavam no ponto, interagindo bem com Miklos e Alinne e fazendo comentários bastante construtivos. Ludmilla também se fez muito presente, mas acabou não tendo muito a acrescentar na maior parte das vezes, e aproveitou o jogo de cintura de Rick para conseguir não se apagar. Quem não tinha muito material e acabou sumindo no background foi Péricles, que falou coisas interessantes mas não conseguiu imprimir uma presença. Fiquei lembrando da postura dele em outros programas, tipo o Esquenta, que provam que ele tinha capacidade para brilhar um pouco mais.

Depois das poucas eliminações, nenhuma impactante e poucas injustas, da Judges’ Houses fake, os jurados precisavam apertar o funil para chegarmos com o número certo de candidatos no Desafio das Cadeiras. De todas as maneiras possíveis de criar um desafio para resolver o problema, escolheram a mais simples: os cuja aprovação foi questionada cantam de novo, numa espécie de sing-off coletivo, do qual os jurados escolhem os melhores para completar os 10 por categoria. Deu certo de alguma maneira, principalmente porque houve apresentações importantes, que a princípio não deveriam estar ali, mas que aproveitaram a situação para quebrar a banca e virar o jogo. Sim, estou falando de Cecília Militão, que fez a melhor performance da semana e arrepiou todo mundo. Pena que o destino dela não foi o mesmo no…

Desafio das Cadeiras – Adultos

Primeiro precisamos comentar algumas sobre o Desafio das Cadeiras em si para podermos analisar o dia de Rick nele. Foi uma releitura quase idêntica do Six-Chair Challenge, com algumas diferenças importantes. A primeira está na edição, que utilizou imagens de ensaios no VT, o que diferencia por exemplo de um VT apenas ligado à passagem do candidato na competição até aqui. Depois, o tempo de duração. O máximo que o X Factor britânico chegou foi um especial de 3 episódios de mais ou menos 1 hora com as quatro categorias, cada uma com 12 ou 13 acts. Aqui, estamos tendo 4 episódios de 1 hora e meia cada, um para cada categoria – com 10 candidatos por time. E isso é muito tempo. Chega no fim do programa e você só quer que acabe. Outra coisa importante são as quatro cadeiras para 10 candidatos, fazendo que o corte seja menos brusco – ainda que seja o corte mais radical da competição até aqui, não só pela quantidade mas pela intensidade, já que os candidatos literalmente cantam pela cadeira. Está sendo uma experiência boa, mas rolaram alguma incoerências nas aprovações, o que prejudica a recepção da fase mais importante do programa: os Shows Ao Vivo.

Rick foi o primeiro jurado a colocar o Desafio das Cadeiras à prova e falhou miseravelmente. Não pela pessoa dele, que foi geralmente assertiva nos comentários e conseguiu encontrar um equilíbrio coerente entre julgar técnica e emoção nas falas. Pena que essa coerência não se refletiu nas escolhas dos candidatos, que foi precipitada e incorreta. A questão que mais me incomoda é que simplesmente não tem motivo para as escolhas dele; não há razão estratégica que justifique a aprovação de duas black divas e a eliminação de todas as vocalistas de MPB tradicionais. Sem contar que, das duas black divas que ele escolheu, nenhuma era a melhor delas, que foi injustamente eliminada. Mais uma vez, estou falando de Cecília Militão, cuja performance impecável de Você lhe garantiu uma passagem muito rápida pela cadeira mágica.

A injustiça fica porque Tamires fez uma performance desafinada e baseada numa emoção trêmula e pouco consistente e Prih Nunes continua sua caminhada gospelizadora de qualquer coisa que ela se ponha a cantar, e nenhuma dessas coisas se equivale ao talento fácil – ainda que às vezes um tanto desesperado – de Cecília. Sem contar que é burrice, porque as duas vão dividir votos, e isso obviamente prejudica a passagem de Rick pelos Shows Ao Vivo.

As outras duas aprovações são pelo menos questionáveis, mas menos. Além das duas black divas, temos nas cadeiras de Rick duas male divas, ou pelo menos é o que parece. Rafael Oliveira foi a escolha segura, já que fez uma performance coerente com o que ele vem defendendo no programa e que conseguiu dar uma nova dinâmica ao episódio, emocionando a galera com 1+1. Já Christopher Clark não foi nem de perto tão impecável quanto Rafael, mas a mistura de uma performance gritada emocionada e um pimp da edição e da produção garantiram a ele a última cadeira.

Fico triste por 3 eliminadas que poderiam perfeitamente ter preenchido o lugar de Christopher, que também vai dividir votos com Rafael e vai prejudicar Rick. Tainah, que fez sua melhor performance na temporada e conseguiu mostrar um apelo MPB que vai fazer falta; Camille Rio Lima, que teve dificuldades vocais no começo da música mas conseguiu dar a volta por cim,a com direito a glory note e tudo; e Amanda Döring, que escolheu a música errada, e não conseguiu transmitir a famosa “verdade”, mas foi coerente com a proposta de trazer a nova MPB pro programa e poderia fazer um tempero diferente na fase ao vivo. Trocaria qualquer uma delas por Christopher num piscar de olhos.

Rick chega nos Shows Ao Vivo enfraquecido, graças às próprias escolhas, já que tinha o que poderia ser considerada a melhor categoria nas mãos. Rafael e Tamires parecem ser os grandes líderes, principalmente considerando a recepção deles nas redes sociais, mas não é nada que garanta vitória a ninguém.

Desafio das Cadeiras – Homens

Se Rick fez besteira em nível homérico, Di Ferrero foi bem mais sutil. Não foi aquele sonho de candura, mas não foi um desastre absurdo o resultado final. Assim, temos mais duas male divas, um com pretensões de ser uma male diva e um rockstar em construção. Mas, pelo menos é possível enxergar alguma linha de estratégia nas escolhas de Di, o que não deu nas de Rick. O próprio Di Ferrero melhorou na bancada; continua bastante frio e pouco carismático, mas nesse episódio, cujo protagonismo era só dele, o rockstar conseguiu se fazer mais presente na edição, de uma maneira positiva.

Voltando aos aprovados, tivemos entre eles talvez as performances mais interessante dos dois primeiros episódios de Desafio das Cadeiras. Diego Martins, aquele para o qual Rick disse não ver espaço no mercado, continuou a construir e solidificar sua marca no programa e arrasou quarteirões com sua performance de Bang introduzida pela outra Bang, a Shot Me Down. Ele é aquele candidato que não tem os melhores vocais mas que tem um carisma e uma presença que não se pode jogar fora em hipótese nenhuma, além do apelo visual que ele traz com ele – que já diz muita coisa. Miguel Ev é justamente o contrário: falta um tanto de gostabilidade, mas sobra talento vocal, ainda que When We Were Young tenha sido uma aposta muito alta, que ele quase não conseguiu pagar. Mas, como a galera disse no twitter, arrepiou, justificando a aprovação e o favorecimento da bancada e da edição.

As outras duas cadeiras foram preenchidas de acordo com a preferência de Di, e essa preferência tem justificativa. Eli ainda precisa encontrar um caminho mais certo, porque as performances divônicas não estão sendo tão impecáveis quanto poderiam, mas tem material e potencial a serem trabalhados. Conrado Bragança precisa crescer, precisa brilhar e precisa tirar essa máscara para convencer o público com um pouco mais do que sua voz (que é um tanto instável) e da sua carinha bonita, se não pode ser sufocado pelas grandes personas que chegaram nos Shows Ao Vivo.

Entre os eliminados, alguns poderiam preencher alguma das cadeiras. Luan Lacerda, mais uma vez, gospelizou tudo que pôde. Di percebeu que isso não cola necessariamente, mas se a categoria fosse mentorada por Rick, Luan estaria sentado e teria lugar cativo. Octávio Augusto, que vinha recebendo uma pimpação peculiar nas últimas apresentações, acabou não passando mesmo com uma apresentação ok. Alessandro Maia era a salvação do sertanejo, mas não conseguiu deixar de ser engolida pelas grandes performances e acabou sendo trocado, justamente. As únicas duas performances totalmente dispensáveis, tanto em termos de voz quanto em termos de presença, foram a dos Lucas: Nage e Machado. Faltou muuuuuito para qualquer um dos dois chegar perto da cadeira.

Di sai bem do Desafio. Talvez não com os quatro melhores vocalistas, mas certamente com um grupo diverso e interessante, considerando principalmente que a próxima vez que os virmos, estarão cantando ao vivo. Espero que tenham muito o que mostrar e que meu ponto seja provado.


Gustavo Soares

Estudante de Cinema, fanboy de televisão, apaixonado por realities musicais, novelões cheios de diálogos e planos sequência. Filho ilegítimo da família Carter-Knowles

São Paulo - SP

Série Favorita: Glee

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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