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You’re the Worst – 3×05 Twenty-Two

Por: em 2 de outubro de 2016

You’re the Worst – 3×05 Twenty-Two

Por: em

As piadas, mais uma vez, deixadas de lado. Infelizmente a vida não é engraçada ou divertida para todos.

“Suicidal thoughts? You know the stats? Twenty-two every day.”

Na temporada passada tivemos um episódio inteiramente focado na depressão da Gretchen, o 2×09 LCD Soundsystem. Nele, adentramos na mente da personagem e acompanhamos um dia pela sua perspectiva, o tempo todo projetando expectativas nos seus vizinhos – e essas sendo cruelmente destruídas no final. Um ano mais tarde, podemos dizer que “Twenty-Two” é o novo “LCD Soundsystem”. Durante vinte e cinco minutos Edgar virou o protagonista e o resultado foi incrível.

A comédia ficou ausente, mas You’re the Worst já provou que vai muito além disso. Aliás, foi interessante ver a subversão do humor pelos olhos do Edgar. Agora os comentários ácidos do Jimmy e da Gretchen tornaram-se ainda mais ridículos, o sexo no banco de trás, ao invés de bizarro, ficou simplesmente nojento. Situações cotidianas viraram momentos de tensão, a rejeição chegou de todos os lados, a desilusão preenchia todos os espaços. Até que, enfim, Edgar encontrou alguém que entendia – e alguém te entender faz toda a diferença.

Dorothy: “If not for you, for me. I need you to try. Sometimes I see you look at me and it kind of… it scares me.”

Na série, o PTSD do Edgar era como aquele problema que tentamos ignorar. A gente sabe que está ali, que hora ou outro vai causar perturbações, mas preferimos dar espaço para outras coisas. O público estava aguardando o momento em que viria à tona e finalmente isso chegou. O criador da série contou que, parra o Edgar, a terceira temporada é sobre tomar posse de quem você é e como você quer que a próxima fase da sua vida seja.” Assim, é esperado vermos um redescobrimento por parte do ex-veterano e, muito além, uma nova visão dos seus amigos sobre ele.

Jimmy, Gretchen e Lindsay tornaram normal o descaso com o Edgar. Os xingamentos deixaram de ser intimidade e viraram tóxicos. Claro que foi importante para a história esse comportamento, visto que era necessário levar a situação cada vez mais longe, porém chegou a hora do confronto – torço para que aconteça logo. Outro detalhe interessante: assim como Jimmy não fazia ideia de como lidar com a depressão da Gretchen, não podemos culpá-los completamente por essa forma de agir. Para eles é algo cotidiano, enquanto para o Edgar cada palavra apresenta um peso maior. O seriado acerta em representar problemas mentais justamente por mostrar os dois lados da realidade: quem possui a doença e quem convive com o portador.

Desmin Borges merece um parágrafo especial porque entregou tudo que o episódio pedia. Como coadjuvante, conseguíamos ver seu talento como ator, mas aqui ele levou para um nível superior. Em algumas cenas toda a emoção foi passada pelo olhar, com destaque para o encerramento, no carro. Foi impossível não esboçar um sorriso junto com a sua leveza.

Entretanto, no fim, o mais triste é perceber que isso transpassa a ficção. Essa é a realidade – e de muitos. Um estudo recente mostra que diariamente vinte veteranos cometem suicídio. Vinte pessoas que não receberam apoio suficiente. Vinte pessoas que não encontraram alguém que realmente entendia. Vinte pessoas desamparadas. Vinte pessoas.

Observação:

-A matéria sobre o suicídio dos veteranos (em inglês): clique aqui.

 


Douglas

Possui mais séries na grade do que tempo disponível. Viciado em cultura pop, bandas indies e, principalmente, ketchup.

Curitiba / PR

Série Favorita: Seinfeld

Não assiste de jeito nenhum: Anger Management

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