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Animal Kingdom

Por: em 16 de junho de 2016

Animal Kingdom

Por: em

Spoiler Alert!

Este texto contém spoilers leves,

nada que estrague a série ou a sua experiência.

Na última terça, dia 14 de junho, o canal TNT estreou seu mais novo drama, Animal Kingdom. Criado por Jonathan Lisco, a série é baseada no filme australiano de mesmo nome lançado em 2010 e que traz além de boas críticas e reconhecimento por parte do grande público, um olhar mais visceral sobre o mundo do tráfico e do crime. Dirigido por David Michôd, que agora passa a desempenhar a função de produtor executivo da série, e produzido por Liz Watts, que também atua na produção para a TV. Animal Kingdom reconta sua história, agora, no universo ensolarado do Sul da Califórnia e narra a vida de um jovem garoto de 17 anos, Joshua “J” Cody (Finn Cole/Peaky Blinders), que após perder a mãe vítima overdose de heroína é obrigado a retomar o contato com sua família materna. Descobrindo assim, que os parentes que lhe restam integram na verdade um clã de criminosos, comandados pela avó e matriarca, Janine “Smurf” Cody (Ellen Barkin).

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Acolhido pela avó, J conhece seus outros tios: Baz (Scott Speedman/Felicity) atual líder do grupo e braço direito de Smurf; Pope/Andrew (Shawn Hatosy/Fear The Walking Dead), o mais velho e perigoso dentre os Cody e irmão gêmeo da falecida mãe do garoto, Julia; Craig (Ben Robson/Vikings), o durão e explosivo irmão do meio; e Deran (Jake Weary/Pretty Little Liars), o problemático e tido como o “bebê” da família.

A julgar pelas promos, já que não consegui ainda assistir ao filme, a ideia de poder acompanhar mais uma vez a história de uma família disfuncional ligada ao crime pode de certa forma soar como uma boa opção para os órfãos de excelentes séries como Sons of Anarchy, The Sopranos ou até mesmo Breaking Bad. E confesso que foi muito difícil não comparar o trabalho do piloto ao da já encerrada série do famoso grupo de motoqueiros. Tanto, que talvez este tenha sido o meu maior problema desde o término do capítulo de estreia de Animal Kingdom.

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Diferente de Sons of Anarchy, que de certa forma cria já no piloto uma empatia do público por parte do protagonista e seu deturpado código de honra. O que se vê no espisódio de estreia do clã dos Cody é a constante do exagero. Exagero na forma de retratar a personalidade de cada um dos integrantes da família, ou no excesso de informações quase que didáticas demais. O que torna tudo um pouco menos realista, já que a proposta da série seria bem contrária a isto. Como por exemplo, o momento em que Deran é embalado por uma canção de ninar pela matriarca, ou o comportamento sempre extremista de Craig. Não por acaso, a imagem que fica é que estamos vendo uma família disfuncional – como inúmeras outras – mas que nem de longe transmite “respeito” diante do universo da criminalidade (ou da forma como enxergamos/idealizamos que seria). E se na premissa Smurf é quem controla a tudo e a todos. As ações da grande cabeça dos Cody na realidade reforça o papel de alguém pedante e responsável pela infantilização daqueles que ficaram vivendo sob o mesmo teto que ela. Não necessariamente a de alguém a ser temida pelos outros membros do grupo.

Outro ponto que mantém a série como uma incógnita pra mim é que o protagonista, por vezes, falha ao tentar entregar sua história ou dor. A ponto de considerá-lo apático em momentos que na verdade exigem um mínimo de esforço, ou no caso de um piloto, é essencial para se criar uma identificação rápida entre o público e a figura de J. Não por acaso, fiquei muito mais interessado em saber de que forma se desenvolverá o plot de Baz ou sobre o passado de Pope, que propriamente as dores de J.

Mas nem só de falhas se faz Animal Kingdom. Afinal de contas, a série traz uma boa fotografia e tem algumas referências implícitas em seu roteiro. Prova disso, por exemplo, é a forma como a série começa e encerra seu episódio de estreia. Determinando ali, que não existe lá muita escolha para Joshua. Além do que, a escolha de um elenco jovem acaba ajudando na construção da identificação da audiência, por retratar um universo pautado pela ostentação, o luxo e as vertentes da criminalidade. Assim como acredito que a forma em como as ações da família afetarão o protagonista sem dúvida serão os pontos altos do que pode simbolizar a consolidação ou a queda dos Cody.

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E mesmo que venhamos a descobrir de fato a real atividade dos Cody já nos minutos finais do episódio, a necessidade de tornar quase tudo no piloto tensão e disputa territorial entre os integrantes da família, que ainda avaliam se aceitam ou não Joshua. A forma como a vida dos Cody é retratada, mais intensifica a ostentação que necessariamente figurões do crime a serem temidos. Já que na verdade, as poucas referências entregues ao público sobre os negócios da família se destacam por vezes nas consequências de planos mal sucedidos – como a prisão de Pope – que propriamente em ações infalíveis e longe do radar dos investigadores e da polícia. Garantindo tranquilidade aos Cody.

Ainda assim, Animal Kingdom merece uma chance. E é justamente isto o que farei ao assumir as reviews da série por aqui. Afinal de contas, acredito que aos poucos a série comece a compreender um meio de melhorar suas pequenas falhas e possa sim entregar um bom drama, tal qual se nota ao ler as críticas relacionadas ao filme de Michôd e que já tenho como certo como meu próximo da lista.


E você, animado com as estreias da Summer? Pensando em dar uma chance para Animal Kingdom? Não deixa de vir aqui dividir comigo suas primeiras impressões sobre a série. Ah, e  aproveita que a série já teve seu segundo episódio exibido no mesmo dia e depois passe por aqui, porque em breve deve sair a review aqui no Apaixonados por Séries.


Marcel Sampar

Paulista que puxa o erre pra falar, PHD em Análise do Drama pelas novelas mexicanas reprisadas no SBT e designer de homens palito. Com sérios problemas em se definir por aqui - sim, esta já é minha terceira tentativa em menos de um mês - mas que um dia chega lá!

Rio Preto/SP

Série Favorita: Sex and the City

Não assiste de jeito nenhum: Teen Wolf

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