Finalmente a casa caiu para Ahmad! Em Whitehorse, o filho pródigo do Khan teve as suas traições descobertas, depois de maquinar contra o império do seu pai durante quase duas temporadas. Com a fuga de Mei Lin, ele fica desnorteado, pois sabe da ameaça que ela significa – dentre todas as pessoas, é ela que tem a maior quantidade de informações – seja sobre o império mongol, a tramóias de Ahmad e, por ser irmão do falecido chanceler, também está por dentro do que acontece no âmbito da resistência chinesa.
Para mim, se Kublai continuasse mais tempo no escuro sobre a verdadeira face do filho, enquanto tudo a sua volta se entrega o caos, eu realmente concordaria que ele não deveria ocupar o trono dourado que um dia foi de Gengis. As manobras deles chegaram chegaram à um nível muito maciço para permanecerem sobre os panos – além de que Kublai não deveria ser tão inocente, mesmo se tratando de uma pessoa que divide um laço de sangue ou na posição de vice-rei, seus conselhos sempre contrariaram o senso comum – basta lembrar que a recomendação para matar o jovem imperador bateu de frente com a posição de Chabi, Jingim e Marco. Só por conta disso, eu penso que ele deveria oferecer um pouco mais de resistência à Ahmad.
Quando ele e Kublai conversaram, ficou patente o desconforto de Ahmad, que do alto de sua arrogância, o imperador acredita que a inquietação dele é por conta da evasão da amante – tanto que ele chega a se desculpar pelo tratamento nada ortodoxo dado à ela no seu ultimo encontro no palácio. A chegada de um mensageiro faz com que a mentira sobre a expedição de Jingim caia por terra, deixando ele sem saída que não fugir do acampamento.
Quando o príncipe volta à presença do pai, finalmente a maquinação do irmão vem à superfície – o Khan resta então completamente desolado, dividindo o seu pesar com a esposa. Apesar de o exército dele ser responsável pelos traumas tão profundos do filho, ele e Chabi cuidaram e criaram ele como se legítimo fosse, dando todo carinho e colocando ele – respeitada as devidas proporções – na mesma posição de Jingim. Além da decepção por ver seu filho e braço direito voltado contra si, todas as deliberações influenciadas por Ahmad desabaram sobre os ombros de Kublai, principalmente a morte do menino Song. Agora ele vai precisar se armar não só para se preparar para um provável embate com Kaidu e os cruzados, a resistência chinesa e seu filho. Aquele papo de que não ser Khan deixaria a vida muito mais fácil, procede.
Em outra frente, a lealdade de Marco é intensamente questionada quando seu pai abre o jogo sobre o que ele realmente vem se dedicando há mais de 20 anos – há 5 papados ele vem auxiliando a igreja a se expandir e se estabelecer nas terras além-Europa. Impossível para mim não conectar o discurso de Niccolo com a problemática do imperialismo, quando ele deixa clara a ideia de solidificar o modo de vida tradicional católico no mundo todo. Bem como o verdadeira intenção do papa não é colocar a oposição de Kublai no poder, mas exterminar completamente os mongóis – que para eles sempre serão bárbaros e impassíveis de se curvarem ao catolicismo. Plano esse que não surpreende: basta lembrar da colonização espanhola que exterminou os povos Maias e Incas, pois eles eram desenvolvidos e não aceitariam tão bem a catequização quanto os índios brasileiros.
Outra coisas que ficou explícita foi que a deficiência da relação de Marco com o pai potencializou a conexão daquele com Kublai, que mesmo sendo prisioneiro, foi tratado com honradez e ascendeu rapidamente dentro da corte do Khan. Como sempre trazido à baila, os laços de sangue e afetivos são sempre colocados em cheque, fazendo um paralelo da relação de Ahmad e Marco com seus pais, bem como o fato de Marco ter desenvolvido uma relação muito próxima com o Khan.
Quem acompanha mas minhas reviews sabe que eu me deleito quando assisto sequências de lutas bem coreografadas. Em Whitehorse fomos presenteados com uma coreografia fantástica quando Lotus e Mei Lin, juntas, acabaram com um grupo de mais de 5 soldados enviados por Ahmad para capturar a mãe de Ling Ling. Por ser filha do imperador da China, a menina é de suma importância para a resistência, e pode ser colocada como esperança para a continuidade da dinastia Song no país. Depois de ter um momento constrangedor, ao ser confrontada pela filha sobre a sua verdadeira função na corte, Mei Lin decide voltar para eliminar de vez os seus algozes – leia-se, Ahmad.
Por último e não menos importante, Kokachin continua descendo em uma espiral – que eu creio ser sem volta. Acredito que o sentimento de Chabi por ela seja verdadeiro, por mais que o desejo pelo neto seja uma prioridade sobre o bem estar da menina. A forma compreensiva com que ela trata o desequilíbrio da jovem, sem expor isso ao marido ou a Jingim já é digna de reconhecimento, já que ela está preservando-a inclusive de eventuais comentários entre os servos. A moça também parece cansar de resistir e divide com a sogra a sua verdadeira história e como Marco reconheceu a pessoa que ela era por baixo do disfarce. Basta saber se em algum destes delírios, Nargui vai revelar o quão próxima ela ficou do Latino antes de desposar Jingim.
Mais drama vindo por aí? Claro! Agora Marco Polo entra na reta final, prometendo muitos confrontos e com a proximidade do Kurultai, a possibilidade de uma alternância de poder que será inevitavelmente contestada. Prevejo muito sangue europeu e asiático escorrendo – e mal posso esperar para ver Mei Lin acabando de vez com a raça de Ahmad.