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Orange is the New Black – 3×06 Ching Chong Chang

Por: em 11 de julho de 2015

Orange is the New Black – 3×06 Ching Chong Chang

Por: em

Ching Chong Chang foi um episódio cheio de pílulas aleatórias de maravilhosidade centrado, é claro, na personagem mais aleatória da série: Mei Chang. Confesso que quando vi que o episódio seria sobre ela, pensei “não acredito que vão dar um flashback para essa who antes da Yoga e da Soso”. Mas, como sempre, Orange is the New Black me deu um pá e mostrou uma história super rica e até mesmo complementar para entender um pouco da jornada de Brooke nessa temporada.

chang

Descobrimos que Chang é uma imigrante que foi levada para os Estados Unidos ainda jovem, e sua família logo tentou conseguir um casamento arranjado para a moça. Por não se encaixar em um padrão de beleza, ela foi rejeitada pelo possível marido. E como em nossa sociedade uma mulher é valorizada pelos seus atributos físicos e Mei não era nem bonita e nem vaidosa, ela acabou se tornando uma pessoa invisível. Ela aceitou entrar para o esquema criminoso do seu irmão porque enfim o fato de “não existir” poderia ser útil para alguma coisa. E porque enfim ela faria parte de algo, de uma turma. Com eles, Mei conseguiu mostrar que além das habilidades de camuflagem, também era uma garota esperta e muito durona! Características que ela mantém até hoje, como vimos nos pequenos luxos que ela consegue manter lá dentro sem que ninguém desconfie e no fato de não abaixar a cabeça quando as pessoas fazem pouco dela.

O plot de Chang sintetizou uma coisa que já havia sido pincelada na série algumas vezes: o apagamento das pessoas de origem asiática. Na época das eleições, cada grupo étnico tinha sua representante e Chang foi classificada como… “outros”. Durante a visita da empresa privada, Cindy diz “Hello, White people… and other”. A other em questão era a moça com fenótipo oriental. Até mesmo Soso, que é europeia, só por ter olhos puxados está encontrando muita dificuldade de conseguir se encaixar em um grupo também. É muito comum na nossa cultura dizer que asiáticos são todos iguais, o que colabora ainda mais com a invisibilidade que Chang, Soso e tantas outras acabam enfrentando ao longo da vida para serem valorizadas.

Feitas as devidas considerações sobre a personagem central, vamos ao nosso tradicional tour por Litchfiled? Começando, é claro, pela melhor guia turística penitenciária de todos os tempos: Tiffany! Quanta maravilhosidade pode caber no caminho entre o furgão e o corredor de entrada? Toda, é claro! E o diálogo dela com as novatas que foi de religião a políticas afirmativas, passando pelo debate entre Estado e iniciativa privada foi simplesmente perfeito. Orange is the New Black tem esse talento: o de ser concisa, ácida e divertidíssima para abordar qualquer tipo de tema.

morello

Morello passou por maus bocados depois que Nicky foi mandada para a segurança máxima. Nos últimos episódios a vimos mergulhar em um mar de melancolia e ficar mais gótica que a Flaca, mas essa aura de tristeza não combina com ela, e logo a doidinha inventou um jeito de ocupar a cabeça e levantar o astral: marcar encontros por correspondência com desconhecidos. A cada visita era um novo tema a estudar, uma nova identidade a encarnar e – por que não? – uma nova esperança de encontrar o amor. Tudo bem que a maioria dos caras era bem… diferente, mas quando ela foi sincera com o fã de jiu-jitsu foi até bonitinho.

Parece que nem tudo são flores na nova administração da penitenciária, não é? Caputo já começa a ter que lidar com cortes de orçamento, redução de carga horária dos funcionários e uma nova seleção de pessoal que tem tudo para dar errado. Até o rapaz intrometido da loja de donuts conseguiu uma vaga lá! Só não sei por que não cogitaram trazer a Fischer de volta, poxa. Ela era uma fofa! Não muito longe dali, vimos os primeiros passos da Whispers, a empresa de calcinhas que paga 45 centavos para que presidiárias costurem peças que serão vendidas a 90 dólares (oi, Adidas! Oi, Apple!). Piper encontra uma brecha no método de confecção e consegue fazer a sua própria calcinha só com o tecido que sobrou de um molde “frouxo”.

E por fim, preciso falar da nossa russa maravilhosa que sambou, sapateou e plantou bananeira na cara da sociedade com o m.e.l.h.o.r. discurso-resposta à crítica às “mulheres interesseiras”, que supostamente usariam do seu poder de sedução para conseguir vantagens dos homens. Mr. Healy pode ter ficado com o orgulho e o ego ferido, mas precisou engolir o fato de que não foi usado, porque no fundo ele sabe quem é o lado mais fraco dessa relação, assim como sabe quem é o lado mais fraco da relação que ele tem com a esposa também. E como não amar ver Galina de avental novamente, triunfante, voltando para o seu habitat natural? You go, La Red!

red

Shiu!

Algumas observações:

– O diálogo das meninas sobre representatividade nas revistas foi uma preciosidade. Aliás, daria pra fazer um colar de pérolas com Ching Chong Chang, porque olha…

– O segundo pretendente da Morello é o retrato do nerd-otaku-médio-frequentador-de-chans: metido a ungerground, machista e gordofóbico (com mulheres, claro). IMC normal é o peso que tem a minha mão na fuça dele.

– Poussey diz: “I need a girlfriend”. Euzinha tenho um momento Katniss mentalmente e penso: I VOLUNTEEEER!!

– Repararam como a temporada está abordando de muitas formas a questão da fé? Vimos a Norma curandeira, os seguidores da Doggett, os clientes de Flaca, que acreditavam no ácido de clipart, a nova presa que diz que é judia para comer a refeição especial e os clientes do irmão da Mei, que acreditavam que vesícula biliar e ovo de tartaruga podia dar mais poder a eles. No fundo, tudo é fé, e no fundo, pouca coisa faz sentido.

–  Morri de rir com as interpretações da aula de teatro. Mas elas ainda foram melhores atrizes que a intérprete da Ruiz.

– Stella. Gente, o que é aquela pessoa? Ovulei só de olhar.

– Sophia aceita levar o menino-problema pra ver a Gloria. Coitada. Era melhor transportar a granada que explodiu o amigo do Bennett.

– Aff, Bennet. Pra que fui lembrar daquele traste?

O que acharam do episódio? Deixe seu comentário!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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