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Outcast – 1×02 (I Remember) When She Loved Me

Por: em 16 de junho de 2016

Outcast – 1×02 (I Remember) When She Loved Me

Por: em

Acabo de assistir ao segundo episódio de Outcast e antes de mais nada, apesar do grande potencial da série, eu já acho válido colocar o meu descontentamento. Antes que pedras voem, vocês precisam entender que uma das coisas que fazem de uma trama boa – ao meu ver – é o ritmo. Apesar de ter introduzido alguns elementos que possam ser cruciais para o desdobrar da narrativa, (I Remember) When She Loved Me teve uma cadência bem sonolenta.

Diferentemente do Piloto, em nenhum momento eu fiquei tensa. Mesmo nas sequências macabras do passado da mãe de Kyle, alternando os momentos em que ela ainda tinha o semblante de uma mulher bela e amorosa, com aqueles que já conhecemos na estreia.

Essa lentidão me fez pensar logo que estava diante de um filler, mas isso não faria o menor sentido logo na segunda semana, ainda mais depois de um episódio tão forte em que a tensão e surpresa tomaram conta não só de mim, mas de todos que vieram dar as suas primeiras impressões sobre a nova empreitada de Robert Kirkman – o cultuado criador de The Walking Dead.

O foco da semana foi a inconformidade de Kyle em não poder fazer mais pela mãe, completamente catatônica e largada em uma cama de um centro de tratamento. Ora, o menino Joshua – que vimos passar por maus bocados e levar uns belos tabefes – estava lá na missa de domingo (cheio de hematomas) se reconectando com a sociedade.

Sociedade essa que parece ser mais acostumada do que o normal com temas como possessões demoníacas e coisas do gênero. Em Roma parece ser normal escutar um sermão – em uma bela manhã – sobre como o sete pele está a espreita e precisa ser combatido. Claro que isso também seria o tema do chazinho do Reverendo Anderson no chá da tarde com as senhorinhas amigas da congregação. Me incomodei um pouco com esses clichês de trama de cidade pequena americana contra o mal, mas vou tentar passar por cima disso e lembrar que estamos falando de uma adaptação de quadrinhos. Logo, instaurar um contexto pode ser essencial pra a construção da história.

Mas como eu disse, eles não precisavam pegar tão pesado na falta de ritmo tão cedo. Ainda não temos muito apego com o protagonista ou nenhum outro personagem, então ficar bocejando – a espera de alguma coisa que te deixe inquieto é um pouco decepcionante… bem, não vou afirmar que estou decepcionada agora. Diria que “apenas” desapontada por estar me sentindo um pouco menos satisfeita do que acreditaria que estaria para com essa minha aposta para o Summer season.

Pois bem, sou prolixa mas vou deixar de falar do que me incomodou (acho que vocês já entenderam) e tentarei ser pragmática. Kyle age intempestivamente e leva a mãe embora do hospital, por crer que ela está sendo negligenciada. Ora, nada mais razoável do que levar a sua progenitora completamente absorta em si mesmo, para sua erma casa no meio do nada. Forçando um pouco, eu consegui em um momento compreender o motivo do protagonista agir assim.

Além da necessidade de limpar a casa (afinal aquele dente estava lá por anos), Kyle nunca conseguiu acreditar na versão de que ele havia salvo a mãe do que quer que fosse no passado. Ora, como pode alguém ter sido salvo e ficar do jeito que Sarah está. Barnes enfrentou o que quer que estava dentro do corpo da mãe ainda menino, e trazer ela de volta para perto fez com que as suas memórias ficassem mais nítidas – nos dando um posicionamento mais apurado dos acontecimentos que mudaram a vida do protagonista para sempre.

Kyle consegue refletir e pensar onde ele havia feito diferente com Joshua, que fez com que o menino voltasse ao “normal”. Com a ajuda do reverendo, ele então tem o insight de fazer o vampiro e dar seu sangue para sua mãe tomar. Se as frutinhas amassadas não fizeram efeito, a tentativa de trazer Sarah de volta foi inócua. Por um momento eu acreditei que veríamos um semblante diferente, mesmo que Kyle não percebesse. Mas ela manteve-se da mesma forma, sem qualquer sinal de reação.

Mas os maiores ganchos da história vieram nos últimos minutos. Primeiro, o homem com chapéu Formation World Tour que apareceu ouvindo o sermão inicial se revelou alguém crucial aos acontecimentos que destruíram o lar da família Barnes. Veja bem, quem quer que seja aquele homem, ele parece estar envolvido ou ao menos saber o motivo das coisas ruins que acometeram o outrora relacionamento de afeto entre mãe e filho. O foco hipermetrope de (I Rebember) When She Love Me foi construir um caminho que nos levasse à compreender um pouco mais sobre a possessão demoníaca de Sarah.

Ela era uma boa mãe e de uma hora para outra virou um mostro – apesar de todas as dolorosas lembranças, Kyle ainda parece se segurar na esperança de rever a mulher que ele um dia amou novamente com ele. Ela nunca teve controle ou arbítrio sobre o que aconteceu. E, como ficou claro na última cena, ela pode estar como está atualmente por ter lutado bastante para manter o filho dela vivo. Afinal, o que foi aquilo? Já dizia Sheakspeare: “Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia.”

Quem será então o homem interpretado pelo ator Brent Spiner? Claramente ele deve ser a resposta para diversos questionamentos existências de Kyle e, não necessariamente, isso vai significar algo auspicioso. Eu não sei se fico satisfeita ou não por não ter o menor contato com os quadrinhos de Kirkman nesse caso, porque isso me deixa completamente leiga quanto à qualquer um que apareça na minha frente. Mas Outcast ainda não me deu o incentivo necessário para me interessar em apurar mais o meu conhecimento sobre a história (não que isso não possa acontecer em breve).

Quem também deu as caras essa semana foram a ex-esposa e a filha de Kyle, que fez uma festinha muito divertida para comemorar os seus sete anos. Eu achei o esforço dele em tentar de alguma forma alcançar Amber nesta data, mesmo que ela não soubesse, um dos pontos mais tocantes deste episódio. O homem torturado que ele é e que o Piloto nos fez acreditar por muito tempo, nada mais é do que resultado de uma atitude dele altruísta de se afastar de Allison – já que, supostamente por causa dele, ela também sofreu uma possessão demoníaca e colocou a filha do casal em risco. Aparentemente Allison não tem consciência do que aconteceu e dos motivos que levaram tudo estar como agora.

Gostaria de, assim como vimos um pouco mais do passado de Sarah Barnes, entender como as coisas começaram a desabar no casamento dele. A sua irmã Megan é muito querida e creio que funcionará como um laço entre ele e sua família, já que ela e Allison parecem ter algum tipo de sincronia – pelo menos no que tange a criação das meninas (que são amigas, no final das contas). A ex-esposa do protagonista sacou a tentativa dele em se fazer presente naquele dia e isso pode significar uma tentativa de reaproximação dela, o que – certamente – não vai dar nada certo.

Eu ainda não entendi a trilha de guaxinins mortos ou se isso tem alguma coisa haver com a aparição do moço de chapéu na cidade. Pode muito bem ser o sinal apocalíptico de que algo muito trevoso vai acontecer devido à ele ou, porque não, Outcast pode desenvolver outras tramas demoníacas para possibilitar aos espectadores ver um pouco mais dos dotes de Kyle em ação.

Fique agora com a promo de All Alone Now, que vai ao ar no dia 17 de junho. Lembrando que Fox exibe os episódios inéditos todos os domingos:

O que você achou desta segunda semana? Fique a vontade para comentar e complementar a resenha.

Observações:
– Alguma coisa me diz que algo ficou dentro de Kyle por conta daquela sequência final, tal qual a Horcrux que Voldemort deixou em Harry quando tentou matá-lo. Deve ser por isso que o sangue dele teve aquele efeito corrosivo nas pessoas possuídas.


– Já não tenho paciência para o cunhado de Kyle. Ele faz a linha detetive canastrão e incrédulo. Acho que será um dos primeiros a rodar.
– Se tem uma coisa que eu não gostaria de ver é um clube de carolas contra o protagonista.
– O que será que aconteceu com a família do Reverendo Anderson? A atitude dele com a foto na semana passada e o flerte estranho dele esta semana me fazem crer que algo ruim aconteceu – seja morte ou coisa sobrenatural que ele não tenha conseguido evitar.


Lívia Zamith

Nascida em Recife, infância no interior de SP e criada no Rio. Vivo e respiro Séries, Filmes, Músicas, Livros... Meu gosto é eclético, indo do mais banal ao mais complexo, o que importa é ter conhecimento de causa.

Rio de Janeiro - RJ

Série Favorita: São muitas!

Não assiste de jeito nenhum: Friends (não gosto de sitcoms)

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