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Primeiras Impressões: Timeless

Por: em 6 de outubro de 2016

Primeiras Impressões: Timeless

Por: em

Nos últimos anos, a TV americana teve a era dos seriados vampirescos, zumbis, super-heróis adaptados de quadrinhos e parece que agora viagens no tempo is the new black.  Somente para a temporada 2016/17 foram encomendados quatro novos seriados com essa premissa. Timeless foi a primeira produção a estrear e é a aposta da NBC em seu primetime, assumindo o horário pós-The Voice às segundas-feiras. A série é uma criação de Eric Kripte, de Supernatural, e Shaw Ryan, de the Shield, com produção de Neil Marshall.

O episódio piloto inicia reproduzindo um acidente verídico que ocorreu nos EUA no século passado. Em 6 de maio 1937, o dirigível Hindenburg pousava em Lakehurst, New Jersey, com 97 ocupantes a bordos, vindos da Alemanha (na época, em regime nazista). Durante o pouso, um incêndio tomou conta da aeronave, matando 36 pessoas.

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O episódio então salta para os dias atuais e nos é apresentado Lucy (Abigail Spencer), uma professora universitária de História. Nesse meio tempo, uma máquina criada pela Lark Industries, sob o comando Mason Lark (Paterson Joseph) é roubada por Garcia Flynn (Goran Visnjic) que usa para viajar em uma época do passado, precisamente horas antes da explosão do dirigível Hinderburg. Para evitar que Garcia concretize seus planos e altere o curso da história, a Agencia de Segurança Nacional, recruta Lucy e o militar Wyatt Logan (Matt Lanter) para uma missão no passado; se junta a eles o programador Rufus (Malcolm Barrett), responsável por pilotar a máquina do tempo.

Acredito que uma das maiores qualidades da série, pelo menos apresentado nesse episódio, é não subestimar a inteligência do público, tentando convencer que viagem no tempo seja realmente algo possível e com embasamento científico; a certa altura, Mason Lark chega a utilizar uma metáfora com uma folha bem similar com uma cena no filme Interstelar, do Christopher Nolan; mas, felizmente, os roteiristas não insistem nessa vertente e abraça o tom fantasioso da série, inserindo inclusive uma comparação irônica com a chegada do homem a lua. E nisso a produção funciona muito bem, pois consegue equilibrar vários elementos sem cair no exagero, tem ótimos momentos de ação, situações cômicas, aventura e até um leve drama.

Os atores estão bem a vontade em seus respectivos papéis. Particularmente eu criei certa implicância com a Abigail por causa de sua personagem em Suits (quem assistiu, vai me entender, risos), mas a sua Lucy realmente é bem carismática, em um conflito onde não se decide se deve seguir os passos profissionais de sua mãe doente ou trilhar seu próprio caminho e fazer a sua própria história, com o perdão do trocadilho. Matt Lanter, mais famosos pelos seus atributos físicos em cenas shirtless de seriados da CW do que seus talentos dramáticos, conseguiu encontrar um tom perfeito ao Wyatt; ele não compromete em nenhum momento, ao contrário, o estilo canastrão, galanteador e divertido, mas com um conflito dramático mal resolvido em seu passado, casou perfeitamente com sua interpretação; ele e Abigail demonstraram ter ótima química juntos; apesar de nesse episódio, acertadamente, não terem empurrado um relacionamento entre os dois.

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O alivio cômico do episódio ficou a cargo de Rufus, e também foi o mais decepcionante, em minha opinião. A ideia de levar um negro até uma época da história americana extremamente separatista, onde eles eram tratados como cidadãos inferiores e colocar situações cômicas, como ter que andar de ônibus em assentos separados, me pareceu uma boa premissa, mas que simplesmente não funcionou. A interpretação de Malcolm Barrett passa a impressão que ele estava mais constrangido do que se divertindo ao executar essas cenas, salvo o momento em que ele começa a citar todos os “Michael” negros famosos, além de OJ Simpson e Barack Obama. Ficou subentendido que a sua função é mais do que apenas programador da máquina, e que ele tem outra tarefa, ordenada pelo Mason Lask.

Outro ponto que me incomodou, foi à falta de clareza quanto a motivação do vilão em roubar a máquina voltar o tempo. Tem a possibilidade de ele ser do futuro, apesar disso também não ser algo dado como certeza. Mas seu encontro com Lucy foi um dos pontos altos do episódio.

Devo parabenizar também a reconstituição de época, tirando a saia dos anos 40 e sutiã com arame, conforme afirmado por Lucy, haha. A reconstituição do acidente foi aceitável, levando se em conta o provável orçamento limitado; apesar de que algumas vezes os efeitos especiais incomodaram, e a montagem atrapalhou também. Mas nada que comprometeu o resultado final. No final do episódio deixa em aberto a possibilidade deles viajarem em outras épocas, e estou ansioso para saber quais os novos destinos do trio em perseguição ao vilão.

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Ps1: No inicio do texto comentei que Timeless é a primeira de 4 séries encomendadas nessa temporada; as outras são: Frequency, Time After Time e Making History.

Ps2: Que linda e adorável é a Shantel VanSanten. Espero que ela volte para novas participações.

Ps3: Não importa a evolução de armas e técnicas de lutas, frigideira sempre vai ser a arma mais eficaz contra qualquer grandalhão.

Ps4: Queria entender tanto malabarismo para desarmar uma bomba, se sempre terminam com um fio cortado.

Ps5: Quem quiser ler mais sobre o acidente com o dirigível Hindenburg, tem um artigo disponível no Wikipédia.

Ps6: Timeless estreou no último dia 03, com uma audiência de 7.6 milhões e 1.8 de rating. Números considerados Ok. Vamos torcer por estabilização e uma possível renovação.


Timeless prova ser uma série para se prestar atenção nessa fall season. Ela consegue driblar os clichês do gênero, com uma produção caprichada e bons atores. A série deu um bom pontapé inicial, e me mantenho positivo quanto ao futuro da narrativa, já que deixou em aberto diversas possibilidades que, se bem explorada, pode a vir se tornar uma grata surpresa. Mas se você tem exigência de uma trama mais complexa, não vai encontrar em Timeless. É a típica aventura de sessão da tarde, com um bom acabamento. Pra quem se interessou, segue o trailer da produção:


Wander Alves

Série Favorita: The Good Wife

Não assiste de jeito nenhum: The Leftovers

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