Mais da metade da temporada já foi exibida até este 8º episódio e por mais que eu ainda acredite que a crítica pesou muito a mão na série, que está longe de ser o horror pregado previamente, é impossível negar que sim, existem falhas de roteiro e ritmo que atrapalham o conjunto geral de Punho de Ferro.
Mas aí que tá a questão: Não acho que essa seja um problema exclusivo da série de Danny Rand, ao menos no que diz respeito ao ritmo. Todas as séries da empreitada Marvel/Netflix sofrem pelo fato de terem que que “seguir” o padrão de 13 episódios, que acaba fazendo com que muitas vezes tenhamos mais de 25 a 30 de minutos de momentos em que a trama fica em banho-maria na maioria dos episódios – como foi o caso. Os minutos finais foram ótimos e parando pra analisar agora, ele traz alguns avanços interessantes, mas durante uma boa parte do tempo fica a impressão de que “nada está acontecendo”. Deixando esse feeling de lado, a principal ação aqui se concentrou em Danny, Collen e Claire viajando até os laboratórios do Tentáculo para tentar descobrir a relação dela com a morte dos Rand, um plano um tanto quanto arriscado e impulsivo, mas isso a gente já tá ignorando, né?
Os momentos prévios, quando eles estavam apenas analisando o local e esperando Gao e o Tentáculo, foram alguns dos que passaram a impressão de ritmo lento, mas analisando um pouco mais a fundo, ajudam a aprofundar a relação que o trio construiu nesses poucos episódios, especialmente o romance tímido entre Danny e Collen. Os dois personagens são ótimos e tem carisma, mas… É perceptível o quanto falta química e como a história de amor ainda não convence. O momento em que Collen desabafa com ele sobre a morte de sua família é uma tentativa do roteiro de suprir a falta de background entre eles e tomara que isso continue, para que haja logo um bom desenvolvimento do casal. Outra cena bem bacana de interação do trio foi durante o avião, quando uma turbulência pesada os atinge e Danny começa a relembrar o acidente, sendo acalmado pelas palavras de incentivo de Claire e Collen.
A enfermeira noturna, aliás, tem ganhando um bom destaque nessa série, algo que não aconteceu nas anteriores. Mais do que ser somente a boa amiga que cura os machucados e dá conselhos, Claire aqui seguiu o caminho já indicado no final de Luke Cage e começou a lutar e a partir para a ação propriamente dita. Até agora, tem funcionado e sido uma ótima surpresa. Outra personagem que também ganhou mais vida aqui foi Madame Gao, anteriormente um nome e uma sombra e, agora, uma ameaça de fato. A sequência final com Danny descobrindo que ela foi a responsável direta pela morte de seus pais gerou uma excelente cena, com o personagem usando seus poderes para destruir o muro e supostamente prender uma das cabeças do Tentáculo. Mas nós sabemos que, dificilmente, isso irá pra frente e logo no episódio seguinte ela deve estar livre. De qualquer forma, esse maior desenvolvimento da personagem é ótimo por mostrar que a Marvel vem se importando com a “cola” entre suas séries e já está construindo a ponte para Defensores.
O ponto falho do capítulo foi, novamente, Ward. Sério. Não dá pra entender o que a série pretende fazer com o personagem. Harold era alguém muito mais interessante do que o filho e sua morte sangrenta pelas mãos do próprio servir apenas como propulsor de um surto psicótico (como foi até agora) é um balde de água fria enorme. Não dá pra dizer o quanto de preguiça causaram as cenas do personagem discutindo com Joy, tentando negociar com os acionistas das Empresas Rand, enxergando sangue por todo o canto e paranoico/confuso/estranho pelo crime que cometeu. Espero que os próximos episódios mostrem logo um propósito pra isso ou vai ser apenas uma trama jogada.
Já Joy tem trilhado caminhos interessantes. A grande questão que a personagem de Jessica Stroup traz é uma dualidade acentuada a cada episódio entre a doce menina por quem um dia Danny parece ter sido apaixonado e a empresária dura que joga com as cartas que precisar (até seu limite ético, claro) para manter tudo aquilo que conquistou. Foi bem bacana vê-la mostrando a Ward que possui cartas na manga contra o conselho e que preferia negociar seu lugar de volta a simplesmente ir embora da empresa que ajudou a construir. É interessante ver que a personagem que faz isso também é aquela que desabafa com o irmão, diz que o admira e que mostra que carrega a culpa por a relação dos dois nunca ter tido nada de diferente da de dois colegas de trabalho. E é uma pena muito grande que uma personagem bacana como ela sofra por um babaca como o Ward.
A 5 episódios do fim, não dá pra dizer pra onde Punho de Ferro está caminhando. E você, tá satisfeito com a série ou endossa as críticas da maioria?
Outras observações:
— Um ponto a mais pelas ótimas referências a Jessica Jones (detetive que é ótima sóbria) e Luke Cage (a carta de Claire).
— Melhor luta: Danny contra o mendigo chinês bêbado.