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Damages – 4×03 I’d Prefer My Old Office

Por: em 13 de agosto de 2011

Damages – 4×03 I’d Prefer My Old Office

Por: em

Damages não é o tipo de série que pode se dar ao luxo de apresentar episódios medianos e que não acrescenta muito para suas tramas. Os poucos fãs que ainda mantêm-se fiéis à produção são exigentes e mal acostumados, e reagem mal a fillers como esse. A situação se agrava quando lembramos que Glenn KesslerTodd Kessler e Daniel Zelman só dispõem de dez episódios para desenvolver o quarto ano do seriado, o que deveria potencializar a relevância de cada cena. Os três fazem um trabalho tão brilhante na construção da série que vê-los errando assusta e traz insegurança.

Novamente, a quarta temporada de Damages nos entrega um episódio não convencional, que contou  com flashbacks (com uma fotografia caprichada) ao invés dos tradicionais flashforwards, e cenas passadas na corte, que são escassas no seriado. Além disso, excetuando-se o plot desenvolvido no Afeganistão (momentos onde os cortes no orçamento fizeram-se mais sensíveis até agora),  I’d… assumiu uma aura investigativa que acabou por suprimir a essência conspiratória da série. Aqui, Damages voltou-se para seu passado, enquanto seu futuro começa a preocupar.

A introdução do novo “advogado do diabo“, uma figura que costuma render bons momentos ao longo da temporada, foi morna, apesar da boa atuação de David Pittu. Quebrando a tradição da série, Jack Shaw pode não ter tanta relevância no caso, no qual está do lado oposto ao de Ellen. Quem rouba a cena, mais uma vez, é o sempre excelente Dylan Baker e seu misterioso Jery Boorman, que parece manter alguém refém em seu sótão (talvez o prisioneiro dos flashforwards?). AC é outro destaque do episódio: é ele quem concretiza os medos que Chris tinha de estar sendo perseguido pela High Star ao coagi-lo, e nos leva ao único avanço considerável que tivemos acerca do caso da temporada em I’d… .

Ver Ellen voltando para a Hewes & Associates  foi um deleite para quem sente falta da dinâmica das duas na primeira temporada. É claro que a série nunca voltará a ser o que era naquela época (e, se o fizesse, estaria retrocedendo), mas a situação desequilibra novamente a relação entre Patty e sua pupila. Agora, Ellen não só se vale dos recursos de Patty na construção do caso contra a High Star, mas admite ser dependente da experiência da veterana. Patty sente-se confortável estando no controle e Ellen sabe disso. O caso da temporada passa a ser não só de Ellen, mas das duas, e pode finalmente engrenar.

A decisão de dedicar um episódio quase que inteiramente ao desaparecimento de Michael a princípio me agradou (já havia comentado que queria ver os ganchos deixados pela terceira temporada sendo explorados), mas ao longo do episódio, mostrou-se um erro. A verdade é que ninguém se importa muito com o personagem, e mesmo que as investigações de Victor e Patty (e a química entre os dois) permeada pelos flashbacks tenham funcionado bem, os acertos da abordagem deste plot são anulados quando paramos para pensar no quanto ele pode contribuir para a série: que benefícios Patty lidando com um filho gângster trariam para esta temporada? Talvez Michael seja mais interessante enquanto representa uma inquietação perene para sua mãe.

As melhores cenas do episódio ficaram a cargo de Howard Enrickson. O pai de família que trata seus filhos comopelotão dá indícios de que realmente acredita que está do lado certo da situação. Ao contrário dos ‘vilões‘ anteriores, Howard parece não ter plena consciência de age errado, o que o torna um personagem singular. Seu breve encontro com Patty não pode ser comparado a momentos antológicos como o confronto dela contra Frobisher, mas já mostra o potencial da relação da advogada com seu antagonista. O problema é que, até agora, este caso está tendo potencial demais e desenvolvimento de menos.

O caso High Star ainda não se revelou completamente, é claro, mas parece pequeno em relação aos casos abordados nas temporadas anteriores, todos tão intrincados e cheios de nuances. A versão dos roteiristas para o escândalo Blackwater parecia promissora no início, mas conforme vai se desdobrando, mostra-se cada vez mais plana e simplista. As cenas passadas três meses no futuro também não empolgam tanto, e nos levam a questionar se quem preferia que a série tivesse terminado em sua terceira temporada não estava com razão (lembra-se?).

Por outro lado, é comum que os fãs sintam-se decepcionados quando um episódio de Damages é menos do que excelente. Temos sete episódios pela frente, e só Deus sabe o que se passa na cabeça dos showrunners desse drama. Apesar de preocupado, confio que serei positivamente surpreendido pela condução das tramas que estão sendo apresentadas e que esta temporada ainda nos trará um desfecho irretocável, que vai não só redimir este fraco início, como reafirmar a posição da série no hall das melhores e mais talentosamente roteirizadas produções da atualidade.

Leia as reviews dos episódios anteriores


João Miguel

Bela Vista do Paraíso - PR

Série Favorita: Arquivo X

Não assiste de jeito nenhum: Reality Shows

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