Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

The Vampire Diaries – 8×16 I Was Feeling Epic (Series Finale)

Por: em 11 de março de 2017

The Vampire Diaries – 8×16 I Was Feeling Epic (Series Finale)

Por: em

Recomendo que você faça a leitura com esta trilha sonora. Curta o momento.

“Querido diário, 

Hoje será diferente, tem que ser. Eu vou sorrir e todos irão acreditar. Meu sorriso dirá para todos: ‘Eu estou bem, obrigada. Sim, eu me sinto muito melhor’. Eu não serei mais a garota triste que perdeu os pais. Começarei de novo, serei outra pessoa. Esse é o único jeito de sobreviver a isso.” (Elena Gilbert, 1×01 Pilot)

Não existia outra maneira de começar esta review, senão com esta citação lá da primeira temporada, dos primeiros minutos do episódio piloto. Cento e setenta episódios atrás, começava uma história épica de amor mas, diferente do que muitos pensam, esta história nunca foi sobre Elena. Esta foi a história de amor entre os irmãos Salvatore.

Passe o tempo que passar, vamos lembrar sempre dos momentos áureos da série entre as primeiras temporadas, mas não podemos negar o desenvolvimento da relação entre Damon e Stefan neste último ano. Quando The Vampire Diaries se viu sem sua ‘protagonista’ percebeu que era o momento de abordar a fundo uma das melhores relações e foi aí que ganhou nossa atenção novamente. Claro que não vamos passar por cima dos erros deste último episódio – o roteiro pecou por ser óbvio e preguiçoso, mas abusou da nostalgia, o que nos faz superar absolutamente os dois primeiros pontos.

Quando comecei a assistir “I Was Feeling Epic”, um misto de sensações tomou conta de mim. Eu sabia que um personagem importante morreria e eu suspeitava muito que fosse Stefan, mas me peguei o tempo todo torcendo para que esta verdade já enraizada na minha mente, se materializasse na tela. E o desenvolvimento destes últimos 44 minutos nos enganou muitas vezes, vezes suficientes para minhas esperanças aumentarem ao ponto de serem destroçadas pela dura realidade do destino do Salvatore mais novo.

Apesar de ser uma morte polêmica e muito difícil de digerir, Stefan não foi ninguém além dele mesmo. A perturbação que toda sua vida vampira trouxe para a humanidade, potencializou todo o seu heroísmo. Não tem como olhar para Paul Wesley e não ver o esteriótipo de herói, com todo o seu hero-hair, como Damon sempre pontuava muito bem. É importante entender que Stefan, além de todo o fardo que carregava nas costas, se colocava como o grande ‘culpado’ pela transformação do irmão em um monstro. No momento em que consegue perceber uma mudança significativa em Damon, é o momento que decide colocar a sua vida em jogo para fazer dele alguém melhor. Não há nada de estranho aqui, absolutamente nada – o que não diminui a dor da morte.

“Um dia, quando você acordar, diga a Caroline que eu ouvi a sua mensagem. Eu também amarei ela para sempre.” (Stefan)

Acabando com a vida de Katherine, Stefan colocou um ponto final em um longo caminho de sofrimento, porém sem algumas despedidas que doeram bem forte na gente que acompanhava. O choro contido de Caroline, seguido por seu ligação, é um dos momentos mais dolorosos deste series finale. Quem acompanhou e torceu pelo casal provavelmente derrubou as primeiras lágrimas aqui – lágrimas estas que depois não param mais até o último minuto do episódio. Foi lindo o reencontro entre ele e Elena, a certeza de que ele ouviu a mensagem da sua mulher e, mais ainda, aquele abraço em Lexi. A personagem foi sua grande amiga de vida e nada mais justo que ela estivesse ali, naquele momento, para recebê-lo quando finalmente encontra a paz no pós-vida.

“- Uow, isso foi lindo – Lexi

– Eu estava me sentindo épico – Stefan”

Bem, tivemos também o percurso de Damon. Nosso anti-herói passeou por diversas tramas até mostrar sua verdadeira personalidade, que é, acima de qualquer coisa, danificada. O que gosto muito deste final é que, quando conhecemos o outro lado do personagem, ele está disposto a qualquer coisa para salvar a vida do irmão, inclusive abrir mão de uma vida ao lado de Elena. Foi uma cartada e tanto do roteiro mostrar aquela tentativa de compulsão, comprovando sua evolução, mesmo que tenha sido uma grande maneira de nos enganar.

Cara, foi muito difícil ver a dor de Damon ao perder o irmão. Acredito que o reencontro com Elena tenha sido um grande acalento, principalmente para os fãs do casal, mas estávamos tão imersos naquela relação de irmandade, que o clima não melhora tanto assim. Por isso, quando vemos a alegoria dos minutos finais da série, onde conseguimos enxergar claramente que os medos dos personagens de não encontrar a paz, não fazem sentido, tudo fica ainda mais bonito. O reencontro entre os Salvatore é uma daquelas cenas que ficam na memória por muito e muito tempo. O mais curioso é que o primeiro e último encontro entre os irmãos começaram exatamente com a mesma fala.

“Hello, brother”

A aposta na nostalgia foi, sem dúvida, o grande acerto. Reencontrar todos os personagens, mesmo que por breves segundos, nos imerge naquela atmosfera de tudo que já aconteceu. Foi incrível o roteiro brincar com o retorno de Elena, por exemplo. Enquanto todos nós já tínhamos a certeza de ter visto como ela e Damon se reencontrariam, fomos enganados pela volta de Katherine em seu lugar – na verdade, fomos bem tolos ao acreditar que a CW entregaria uma cena como esta em um vídeo promocional, né?

Falando em Kat, ela esteve incrível durante todo o seu retorno. Cruel e dona de um humor peculiar, foi muito bom poder estar de frente com a nossa melhor vilã, mesmo que por pouco tempo. Se existia alguém que poderia comandar o inferno, seria ela – mas que bom que sua trajetória se encerra queimada pelo mesmo fogo que tanto desejou dominar. Bonnie, que tanto lutou contra a morte, bateu de frente com o impossível e retomou a magia que tinha dentro de si. Todo o clã Bennet é responsável pelo seu sucesso na “Noite das Badaladas”, mas foi importante para gente poder ver que ela consegue ir muito mais além quando acredita em si mesma. Também achei bem legal ela seguir em frente. Apesar do seu amor por Enzo ser muito grande, uma das histórias que a série construiu muito bem nos últimos dois anos, ela precisava caminhar.

Caroline e Alaric seguiram com um sonho um tanto controverso e que não merece tanto nossa atenção, porque temo demais que surja um spinoff disso, o que seria horrível. O que deve nos saltar aos olhos foi um pequeno momento, mais especificamente na carta de Klaus, que promete outras histórias para o futuro. Quando consideramos que Caroline foi a única que permaneceu vampira, as possibilidades são infinitas de que ela pare nas voltas do French Quarter e depare, outra vez, com Klaus – um dos ships mais comentados e adorados pelos fãs (mesmo sem fazer nenhum sentido), mas isso só deve acontecer se existir uma quinta temporada de The Originals, pois a quarta, que começa na semana que vem, já encerrou suas gravações.

Matt me deu um pouco de raiva neste final, tenho que confessar para vocês. Eu sempre fui um dos seus grandes defensores, principalmente por acreditar que a série precisava deste lado mais humano que só existia em um humano de verdade. O problema é que sua inutilidade chegou ao ponto de ver a irmã que tinha voltado do inferno, literalmente, e não querer fazer nada. Meu querido, minha vontade foi fazer churrasquinho de ti no fogo do capiroto. Enfim, tentei ignorar isso, até porque estava ocupado chorando com todo o resto, mas agora que parei para refletir, fica aqui registrada a minha indignação.

“Depois de cursar medicina, eu voltei para Mystic Falls. Me pareceu o certo a se fazer. É onde eu quero envelhecer e foi isso que fiz. E esta é minha vida. Estranha, bagunçada, complicada, triste, linda, incrível e, acima de qualquer coisa, épica. E eu devo tudo isso a Stefan. Quando eu o conheci, tinha perdido os meus pais. Eu estava morta por dentro, mas ele me trouxe de volta a vida. E eu vou viver o melhor que eu puder, por quanto tempo eu puder.” 

E bem, temos Elena.

O retorno depois de duas temporadas aconteceu de forma tão “boba”, que não fossem as circunstâncias de um final de série, provavelmente eu me pegaria reclamando. Mas foi uma baita caminhada, não? Sua conversa com Bonnie no comecinho do episódio, depois sua despedida de Stefan, o reencontro com Damon e a sua vida após tudo isso. Apesar dos meninos carregarem o grande relacionamento que motivava a atração, Elena sempre foi a cola que ligava tudo isso muito bem, por isso a falta de Nina Dobrev foi tão sentida por todos nós – por mim então, sei nem o que dizer.

Ver Elena bem, sorrindo, seguindo com a vida, é uma maneira do roteiro nos dizer que mesmo nos caminhos mais tortuosos, é possível encontrar a saída da felicidade. E, de verdade, esta é uma baita mensagem. Piegas e pouco criativa? Alguns podem dizer isso, mas quando The Vampire Diaries começou, ela era uma série sobre o luto, sobre como lidar com a dor e como encontrar paz na morte. Por isso que toda a narrativa destes 44 minutos fazem tanto sentido para mim. De alguma maneira, todos os personagens encaminharam suas vidas, viveram intensamente e, no fim, encontraram aquilo que procuraram durante toda a sua existência.

“Mesmo depois da nossa longa e feliz vida juntas, Damon tinha medo de não encontrar novamente Stefan. De nunca encontrar a paz de verdade. Mas eu sabia que ele estava errado. Porque a paz existe. E vive em tudo que nos cerca. Esta é a promessa que temos na paz: de que um dia, depois de uma longa vida, nós nos encontraremos novamente.”

Esse final foi muito difícil para mim e olha que eu já vi outros bem mais tristes. Só que The Vampire Diaries é aquela série vista desde o piloto, acompanhada notícia por notícia, comentada episódio por episódio – aqui, com vocês. Foi a série que abriu as portas do Apaixonados por Séries para mim e, só por isso, eu já seria eternamente grato. Foram altos, baixos, vampiros, lobos, caçadores, cópias, vidas, mortes. Foi épico. Seja qual fosse o sentimento que eu tinha, tudo que fica agora é a sensação de que valeu.

Obrigado pela companhia. Nos encontraremos novamente.

P.S.: Desculpem o turbilhão de emoções, só assim essa review sairia.


Leandro Lemella

Caiçara, viciado em cultura pop e uns papo bobo. No mundo das séries, vai do fútil ao complicado, passando por comédias com risada de fundo e dramas heroicos mal compreendidos.

Santos/SP

Série Favorita: Arrow

Não assiste de jeito nenhum: The Walking Dead

×