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This Is Us – 2×04 Still There

Por: em 19 de outubro de 2017

This Is Us – 2×04 Still There

Por: em

Still There chegou com continuidades necessárias às dinâmicas inseridas no episódio anterior, flashbacks que nos mostraram mais da infância do Grande Trio, mas nada superou a linda novidade introduzida no final do episódio. Meu Deus! Jamais esperaria por essa! Foi inesperado, fofo e surpreendente e com certeza muitas mudanças virão a partir disso. Mas, vamos começar do começo.

Kevin começa a vivenciar dramas que o remetem diretamente a um passado que ele não faz mesmo questão de lembrar. Seu acidente no set de gravações, que acabou numa intervenção cirúrgica, foi o gancho para descobrirmos que o garoto era um promissor talento do futebol americano na adolescência, um astro no seu time. Mais do que a empolgação natural que um dom como esse gera, devemos somar nessa continha a fascinação de toda a família, especialmente de Jack, pelo esporte. Essa era a oportunidade perfeita para conquistar de vez o coração do paizão, numa família em que, por mais que os pais fizessem questão de dividir coerentemente o amor e as expectativas para cada filho, Kevin claramente sentia-se preterido.

Divulgação/NBC

Dizem por aí que os pais priorizam, numa lógica inconsciente, os filhos que precisam mais deles. Se isso for mesmo verdade, talvez o fato de o garoto não ter experienciado nenhum grande problema que exigisse atenção mais especial dos pais, tenha desencadeado essa sensação. Acompanhando de fora, é nítido que ele se sente menos amado, mas não é perceptível que o amor ali dentro seja diferente. O sentimento dele soa mais como carência excessiva, do que fruto da realidade. Independente disso, ser o grande atleta do time, na cabeça do menino soa como o trunfo que ele precisava para chamar a atenção do pai de forma legítima. E, obviamente, ele conseguiu.

Mas, o misto de orgulho, a euforia insana ao vê-lo se destacar nos jogos, toda essa felicidade gerada por mérito exclusivamente dele ficou para trás, depois que ele sofreu o acidente que o afastou dos campos. Lidar com essa frustração não deve ter sido fácil, ainda mais com o histórico derrotista do personagem. Diante de tudo que ele viveu, é até compreensível sua ansiedade em recuperar o mais rápido possível. Claro que isso não justifica as loucuras que ele fez para conseguir chegar andando no set, mas dá para entender o raciocínio. Perder outra chance em algo que ele realmente gosta de fazer por causa do mesmo problema é, além de triste, muito injusto. Só espero que ele não desenvolva um vício em remédios para dor ou algo do tipo, porque chegar para gravar do jeito que ele chegou, só seria possível com magia ou drogas, né? Vamos esperar pra ver onde isso vai dar.

Nos flashbacks que nos mostraram a evolução de Kevin até o acidente, pudemos ter também mais uma prova de como a mãe de Rebecca, Janet, é um ser humano dos mais detestáveis. Que horror! Não bastasse o ar de superioridade e intromissão desnecessária em TODOS os momentos da família, ela ainda por cima destrata o Randall de uma forma tão desprezível, que só pude aplaudir Rebecca na conversa sincera que teve com a mãe, ao convidá-la a se retirar. Acho que faltava mesmo para a personagem esse posicionamento mais firme de que, tratar seu filho daquela forma não é admissível, não é tolerável e não, não é compreensível. Ponto final.

Reprodução/NBC

Não há qualquer justificativa para o racismo, nem no passado, nem no presente, nem em nenhum futuro possível. E foi muito bacana a filha ter deixado isso muito claro para a mãe. Randall é filho, é criança, é inocente e não tinha ainda a maturidade necessária para perceber o preconceito embutido em indiretas verbais e não verbais. Foi muito sensível a forma como Rebecca e Jack explicaram a ele o que estava acontecendo. E foi importante também para que ele ampliasse o olhar para o que pode acontecer, para se proteger e se afastar de pessoas que tenham atitudes semelhantes. Por outro lado, vemos Janet tentando ter alguma atitude digna com o neto, mas numa boa, acho que deu pra essa personagem. Vontade zero de vê-la de novo na trama, nem mesmo para enaltecer e nos lembrar como a filha é diferente dela.

Enquanto isso, Randall, no presente, tenta do seu jeito, integrar Deja à família. A cada cena desse plot da adoção, eu penso mais e mais em como o amor realmente é algo construído no dia a dia. Deja ainda não ama ninguém ali dentro e, por mais que Beth e Randall estejam empenhados e se esforçando para tal, a recíproca também é verdadeira. Essa fase onde existe uma formalidade no ar, num ambiente em que precisa imperar a sinceridade e intimidade (como na questão da higiene, por exemplo), torna o relacionamento ainda mais delicado e perigoso. Perigoso porque na ânsia de querer fazer dar certo, querer acolher e mostrar que ali é a sua casa, o pai acaba sendo permissivo, impulsivo e equivocado, protagonizando cenas desnecessárias e que não condizem com a criação das outras filhas, muito menos com as coisas em que ele acredita.

Reprodução/NBC

A cena do boliche ilustra muito bem isso. A adolescente que criticou Deja fez um comentário que Beth já gostaria de ter feito. A reação da menina não foi legal, mas foi compreensível. Já Randall no entanto, foi totalmente over e destoante. Não precisava daquilo para defender a menina. Ele perdeu a razão, fato que foi perceptível para toda a família e transformou um programa que era para ser descontraído e mais um pontinho na integração de Deja, numa verdadeira catástrofe. E cara, não deve ser nada fácil. Entendo o Randall querer tomar a frente por acreditar que o fato de ser adotado o conecta com a menina, entendo Deja sentir-se deslocada e de saco cheio dessa rotina inicial de lares temporários. É tudo tão complexo, contraditório e cheio de detalhes. A falta de intimidade e a necessidade de criá-la o mais rápido possível, ao mesmo tempo em que precisa-se respeitar a ordem natural das coisas torna tudo tenso e artificial.

E é aí que entra Beth. Sempre centrada, coerente, sensível, tudo isso sem ser piegas, nem demagoga. Ela também não sabe o que fazer, mas seu feeling a guia para um ponto mais próximo de tocar a menina do que o de Randall. Sua necessidade de randalizar tudo colocou a perder o grande passo que Beth deu ao conseguir lavar e pentear o cabelo de Deja. Foi uma conexão perfeita e não só pelo fato da esposa ter experimentado momentos parecidos com sua mãe e irmãs. Foi um momento feminino e íntimo, de troca de confidências, de criação de confiança, daqueles que só quem tem com as mães sabe como é gostoso e importante.

Reprodução/NBC

Randall ainda tem muito a aprender no que diz respeito a respeitar o tempo das coisas e das pessoas. Ele tem tudo para fazer nascer uma relação linda e verdadeira ali dentro, mas precisa primeiro controlar sua ansiedade. Cortar os cabelos foi negar toda a conquista de Beth, foi falar pro Randall que ele não sabe de nada e que eles voltaram para a estaca zero. O que resta a eles depois disso é respirar fundo e dar o primeiro passo novamente. Para cumprir a volta do círculo da confiança e assim evoluir para a construção do amor.

E não dá pra falar de amor sem pensar na Kate e na linda novidade que ela guarda consigo. O episódio todo nos levou a conclusões que reforçavam a luta da moça contra a balança e em nome da sua saúde. Acontece que agora ela tem um objetivo maior, nobre e que pode sim mudar seu foco, redirecionar o seu olhar sob seu corpo, sua aceitação e sua vida como um todo. Por que será que ela ainda não dividiu isso com Toby? Quando ela fará essa revelação?

O próximo episódio promete. Concordam?


Obervações:

  • A atriz que faz a Sophie,  Alexandra Breckinridge está grávida do segundo filho. Então, muito se especulou que um novo bebê Pearson estaria a caminho, aproveitando o gancho da vida real. Mas, por enquanto, parece que não vai ser bem assim, né? Enquanto isso, o relacionamento entre Sophie e Kevin, fica cada vez mais distante e sem graça;
  • Tô com a impressão que essa segunda temporada ainda não trouxe as grandes emoções da primeira. Não sei se pela alta expectativa, pela ansiedade em ver respondidas várias perguntas, mas tenho achado essa leva de episódios mais morna. Impressão minha, ou vocês também estão pensando assim?

 


Renata Carneiro

Jornalista, amante de filmes e literalmente, apaixonada por séries. Não recusa: viagem, saidinha com amigos, um curso novo de atualização/aprendizado em qualquer coisa legal. Ama: família, amigos, a vida e seus desdobramentos muitas vezes tão loucos Tem preguiça: mimimi

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Breaking Bad

Não assiste de jeito nenhum: Two and a half Men

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