
Assisti ao piloto de 11.22.63, do Hulu, sem grandes expectativas, muito mais para escrever o post de Primeiras Impressões que por ter um real interesse na série. Mas desde os primeiros minutos, fui surpreendida positivamente por uma trama inteligente, ágil, delicada e que usou o tão conhecido recurso das viagens no tempo de uma forma original e cativante.
A minissérie tem apenas oito episódios, a medida perfeita para contar uma história sem enrolação e sem correria. Através deles, acompanhamos a jornada do professor Jake Epping (ou James Amberson) voltando no tempo para impedir o assassinato de JFK, evitar a guerra do Vietnã e salvar a família de um dos seus alunos mais queridos. Ele não foi o primeiro a fazer isso, seu amigo, Al, já tinha tentado cumprir essa missão outras vezes e tomou notas de dicas preciosas para que ele ganhasse dinheiro, vivesse e trabalhasse nos locais certos e seguisse determinadas pistas decisivas para impedir o atentado.
O grande colorido de 11.22.63 é que ela não é nem uma série completamente de mistério, nem completamente drama. Jake mantém seu objetivo maior em mente, mas não deixa de viver aproveitar a vida, e se adapta a um mundo completamente diferente e criando laços reais de amizade e amor com pessoas que ele nunca teria conhecido na sua geração. O clima de teoria da conspiração, espionagem e ação que ronda o plot do assassinato do presidente acaba se tornando o contraponto perfeito para a vida pacata de professor que ele leva em paralelo.

Divulgação Hulu
A minissérie não tem muitos personagens, mas todos eles são bem desenvolvidos e carismáticos. Eles vivem no passado, em uma realidade alternativa que pode ser apagada e reiniciada a qualquer momento, mas ainda assim o público se importa e torce para que eles tenham uma boa vida… ou que morram, porque os bons são adoráveis, mas os vilões são realmente desprezíveis. Sadie, Bill, Deke e Mimi se tornam interessantes pela simplicidade e até por uma certa inocência de quem vivia nos anos 60 e de fato experimentava a vida de uma forma mais orgânica, mais real, para o que era bom e para o que era ruim.
A moda, os costumes, os preconceitos e os preços do passado podem ter causado certa estranheza a Jake, mas certamente o maior choque que ele tomou ao sair de 2016 foi encontrar pessoas de fato vivendo lá atrás. Pessoas comendo comida com gosto de comida, e não de conservantes, adolescentes que se interessavam pelo que a escola poderia oferecer, e não só com vídeos virais de papagaios, amores que eram construídos no cotidiano, e não descartados pelo tédio.
James Franco não é o que se pode chamar de um ator digno de todos os prêmios do mundo, mas foi perfeito para o Jake que a série precisava. O personagem é cabeça aberta, metade malandro e metade herói, e ele se encaixa completamente nesse perfil, transitando bem entre as cenas de ação, romance e drama sem carregar nas tintas. Franco consegue dar uma aura de leveza e idealismo a um personagem que toma atitudes ao longo da trama que condizem mais com uma pessoa frustrada, obsessiva e até cruel. A grande questão é que é praticamente impossível gostar de 11.22.63 se você não gostar de Jake, e é pouco provável que você não goste do Jake de James Franco.

Divulgação Hulu
Sem grandes spoilers, vou me limitar a dizer que o final da minissérie é um dos mais bonitos e emocionantes dos últimos anos. Tem uma mensagem de esperança e aprendizado, é grandioso e ao mesmo tempo muito simples, exatamente como cada um dos oito capítulos, e, assim como eles, Vale Cada Minuto!
E você, já assistiu 11.22.63? Curtiu a série? Deixe seu comentário!