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Arrow – 4×23 Schism (Season Finale)

Por: em 26 de maio de 2016

Arrow – 4×23 Schism (Season Finale)

Por: em

O farol de esperança acendeu.

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O último episódio da quarta temporada de Arrow foi ao ar ontem a noite e eu tomei esse pequeno tempo para digerir todo o tipo de informação que ele nos concedeu. Além de encerrar o arco de Damien Darhk na série, “Schism” deixou inúmeras possibilidades abertas para o desenvolvimento do quinto ano – o que já soa bem diferente da sensação que tivemos ao assistir o season finale anterior a este. Talvez, o que me preocupa mais é a ligação do Multiverso em que o Arqueiro e seus amigos estão inseridos. Quem acompanhou o desfecho da temporada de The Flash – spoilers a seguir – sabe que a possibilidade do arco Flashpoint ser trabalhado na terceira temporada é muito grande, o que daria um reboot completo em tudo que conhecemos como verdade. Só que, depois desses eventos finais, não foi essa a impressão que eu tive. Vimos a equipe se desfazendo e Oliver Queen emergindo como símbolo de esperança para Star City. Vimos os personagens tomando rumos inesperados, antigas uniões se restabelecendo, mas nada deu a indicar um novo começo. Até agora, Berlanti ainda não falou nada sobre isso, então provavelmente ficaremos nessa ansiedade sem fim até que alguma informação seja divulgada quanto aos rumos do Arrowverse como um todo – que agora conta também com Supergirl!

Muito vimos desde que Damien surgiu, mas, principalmente, a introdução do místico na série. Quando este ano começou, não tínhamos a menor ideia de como o Arqueiro Verde poderia enfrentar alguém com poderes sobrenaturais, quando tudo que tinha era treinamento e sagacidade. Aos poucos, surgiram pistas de como seria o caminho para a derrocada de Damien, principalmente por meio dos flashbacks – mesmo que estes parecessem sem sentido na maior parte do tempo. Agora quando olhamos para trás, é possível compreender que toda a trajetória ao lado de Taiana foi a maneira escolhida pelo roteiro de nos mostrar que, mesmo contrariado, as vezes, a morte é a solução final e única para um problema. Claro que isso não minimiza a lentidão dos acontecimentos na ilha. Se condensados, esses momentos poderiam ter sido muito melhor aproveitados ao longo da temporada – mas a produção já deixou mais do que claro que é um recurso que estará presente na série enquanto ela existir (inclusive, a cena final da série deve ser Oliver voltando para Starling City depois dos 5 anos longe). O encaminhamento da trama no passado deve se dar com a promessa do Arqueiro em encontrar a família de Taiana, nos levando diretamente para a Rússia, como já tínhamos especulado por aqui. Foi também na linha temporal passada que aprendemos mais sobre o poder místico do Totem, ora pelas mãos de Reiter, ora pelas mãos de Taiana, sempre com final trágico, quaisquer fossem as circunstâncias.

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Olhando o ‘desenho’ dessa temporada, vemos como ela foi bem pensada em questão de temática. No primeiro episódio, ao retornar a Star City, Oliver se revela com um novo nome – Arqueiro Verde -, usando da cor do seu uniforme como uma alusão direta a esperança que queria fazer surgir dentro de cada cidadão ali residente. Com a invasão da COLMEIA, foi difícil manter essa esperança constante e, porque não, existente. Os ataques ferozes e descontrolados de Damien mostravam a força de sua corporação, alimentadas de um propósito megalomaníaco: resetar o mundo – outra temática diretamente relacionada com a esperança de que um recomeço da humanidade significasse um caminho melhor para as nossas ações. E mesmo que tentemos enxergar as medidas de Darhk com bons olhos, seu objetivo final era mesmo ter sob seu controle toda uma população, como seria se Tevat Novat tivesse sido bem sucedida. Durante o desenrolar da temporada também vimos o tema aparecendo pelas conversas entre os personagens, mas principalmente por Laurel – que esteve mais presente do que nunca.

Sempre que possível, era ela quem colocava a equipe no eixo e não deixava que se desfizessem, como parecia sempre propício a acontecer. Sua morte, nesse ponto, vem como a representação máxima da quebra da esperança, como se desse ponto em diante não tivesse mais o que se fazer para recuperar um sentimento que tinha sumido de todos ali. Por isso que Oliver não consegue mais focar somente em Felicity para lutar contra as forças de Damien, por isso que toda a cidade começa a brigar entre si diante do fim próximo, ninguém mais acredita que haja saída para tudo aquilo. Do caos surge Oliver Queen. Em um discurso marcante, o personagem assumiu uma postura de líder, mesmo sem ser requisitado para isso, e fez com que todos enxergassem que a real solução estava em acreditar que existia alguma. E é dessa força, da tão falada esperança que surge poder suficiente para bater de frente com a tropa de Damien. A cena do embate final entre os personagens ficará, sem dúvidas, no meu hall de combates preferidos da série. Dois lados de uma briga que poderia salvar a humanidade ou destruí-la completamente. E como estava sem poderes agora que Oliver esbanjava ‘luz’ em seu sistema – lembrem-se que Oliver não precisa do Ídolo, já que tem as tatuagens que Constantine fez -, a luta foi no braço e teve porrada para satisfazer todo mundo que gosta de uma boa briga.

Me marca também a questão de, pela primeira vez depois de muito tempo, Oliver escolher matar o seu oponente. Como o personagem mesmo pontua na cena em questão, Damien não deixou escolhas para ele. Ele matou sua melhor amiga, destruiu famílias, destruiu cidades. Assim como não havia solução para Reiter ou para Taiana, o caminho de todos tocados pelo Ídolo é um só: a derradeira morte. Com isso, fechamos essa brincadeira de gato e rato que percorreu a temporada, dessa vez apelando muito mais para o íntimo e psicológico, do que para a força física e a estratégia. Botar um ponto final no vilão da temporada é sempre o acerto maior de um roteiro ‘fechado’ – porque se o personagem foi bom, ficará marcado na memória; se foi ruim, se livra do problema de uma vez. Neal McDonough foi uma baita adição ao elenco desse ano, fazendo de Damien controverso da maneira que precisava ser – ora com tiradas de um humor negro classudo, ora com sua tenacidade vil digna de um vilão de temporada.

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Com o desfecho da trama principal acertado, o roteiro começou a abrir alguns caminhos para o que pode ser explorado no quinto ano. Do que foi mostrado, merecem destaque duas importantes consequências da batalha das ruas: a chegada de Oliver a prefeitura e a quebra na formação da equipe do Arqueiro. Quando foi brevemente introduzida a trama de Oliver como prefeito, ainda no meio da temporada, muitos de nós, inclusive eu, nos animamos, já que essa é uma história original do Arqueiro desenvolvida nos quadrinhos. Ao controlar a prefeitura da cidade, Oliver teria uma espécie de proteção pela sobre os seus: de manhã cuidando da cidade oficialmente e, nas noites, com seu uniforme de couro verde. Só que ela acabou não acontecendo e me parece ter sido uma decisão acertada, pelo menos olhando agora. Se desenvolvida lá atrás, poderíamos ver as coisas acontecendo apressadamente ou Oliver sendo colocado contra a parede em nome da cidade (se esse cara já surtou por causa do filho, imaginem o que ele não faria por todos da cidade). Agora, com a paz passageira (porque sempre é passageira), ele tem motivos suficientes para se dedicar integralmente a reconstrução da cidade, estrutural e moralmente.

Enquanto se preocupa com essa reconstrução a céu aberto, o Arqueiro também precisará repensar seu modus operandi, agora que restaram apenas ele, Felicity e o esconderijo destruído (como já é tradição, destruíram o esconderijo completamente nesse final de temporada). Por um lado, é muito bacana ver que não se cria de novo um drama em cima de Olicity e de como eles vão atuar juntos sem ser um casal de fato, mesmo que isso, hora ou outra, venha a acontecer novamente. Por outro, é estranho pensar que o Arqueiro não terá parceiro nenhum na frente de batalha. A saída de Speedy é compreensível, ainda mais pelos eventos traumáticos que veio passando desde que saiu do Poço de Lázaro, agora Diggle foi pesado demais. Não entendi muito bem o que ele vai fazer da vida, nem onde vai passar esse tempo fora, mas compreendo que ele precise se desintoxicar de todo o desfecho da história de Andy, antes de segurar uma arma para proteger sua vida novamente. Talvez esse seja o melhor momento para desenvolver Curtis – que esteve muito presente nesse episódio – como Mr. Terrific, uma das promessas não cumpridas para esse ano. O personagem vem numa ascendente incrível e trabalhar com ele agora, quando não há mais ninguém, pode ser tudo que Oliver precisa para acreditar no que está por vir daqui para frente.

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Como vocês podem ver, sou muito suspeito para falar de Arrow. Quando muita gente já desistiu da série, eu continuo tendo ela como uma das minhas preferidas e curtindo o entretenimento que ela me proporciona. Imensamente mais bem estruturado que seu terceiro ano, o arco dessa quarta temporada coloca o nosso eterno vigilante em um outro nível de proteção perante a sua cidade, assumindo cada vez mais publicamente a vontade de ser o fardo de esperança para um povo que tem a desgraça como rotina. Desgraça essa que já abateu a vida de Oliver inúmeras vezes e que, provavelmente, continuará o procurando enquanto ele assim se colocar diante dos holofotes.

Algumas flechadas necessárias:

– Não podia deixar de comentar o crescimento que Donna teve nessa temporada. Uma personagem que veio para uma pequena participação no terceiro ano e que acabou conquistando a todos nós de uma maneira impressionante. Seu carisma e sua modo espontâneo de reagir a maioria das situações, colocando o amor a sua filha acima de qualquer coisa, o transformam nessa mulher incrível. Sua parceria com Lance também foi um acerto inesperado do roteiro, que acabou dando super certo e que espero demais ver sendo mais desenvolvido na série daqui para frente.

Lance também teve uma trajetória incrível nesse quarto ano. Depois de passar por todas as desgraças a cerca da vida (e morte) de Sara, o policial teve que enfrentar a perda de Laurel, sua alma gêmea, por assim dizer. Bastante tocante a maneira que ele agradece Oliver por dar um encerramento a sua dor que, mesmo assim, ainda demorará a passar.

– Jamais entenderei Malcolm. Jamais. Ele fica mais em cima do muro que gente que fala que tá votando por afinidade no BBB. Sério, quando vi ele ajudando a equipe do Arqueiro, eu realmente desacreditei.

– Dona Amanda Waller apareceu de novo, como podíamos esperar, e soltou um easter egg interessante para os fanáticos da DC. Ela comenta que o ídolo será levado para um lugar chamado “The Slab“. Nos quadrinhos, essa é uma prisão de segurança máxima para meta-humanos. Alguns anos atrás, David S. Goyer, co-escritor de Homem de Aço e Cavaleiro das Trevas, tinha planos de escrever um roteiro envolvendo o Arqueiro Verde sendo preso erroneamente nessa prisão e sua consequente tentativa de fuga.

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– Quando questionado sobre o que esperar para a quinta temporada, Stephen Amell declarou que a série voltará ao que faz de melhor: cuidar dos problemas de Star City. “Voltaremos a ser a série que trata da realidade e não dos superpoderes. Introduzimos outras séries brilhantemente e fazemos parte do mesmo universo, mas aqui não temos viagem no tempo. O Arqueiro estará lutando com as pessoas que ameaçarem sua cidade e isso será incrível“, declarou o ator.

– Por fim, gostaria de agradecer enormemente a companhia de vocês por aqui. Aos que leram, aos que leram e comentaram, aos que se engajaram nas discussões: muito obrigado. Esse tipo de entretenimento só existe porque você está aí do outro lado para apoiar. Nem sempre concordamos em tudo, mas o respeito prevaleceu e isso que importa. Todos vocês me ajudaram a enxergar melhor as tramas e fazer dessa a melhor review que eu poderia fazer!

Até a 5ª temporada e nos encontramos em outras reviews, especiais e textos da vida. Não deixa de comentar o season finale, estou esperando para saber o que vocês acharam. Grande abraço!

 


Leandro Lemella

Caiçara, viciado em cultura pop e uns papo bobo. No mundo das séries, vai do fútil ao complicado, passando por comédias com risada de fundo e dramas heroicos mal compreendidos.

Santos/SP

Série Favorita: Arrow

Não assiste de jeito nenhum: The Walking Dead

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