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Arrow – 5×01 Legacy

Por: em 7 de outubro de 2016

Arrow – 5×01 Legacy

Por: em

“O tubarão que não nada, afunda” – Provérbio russo

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Talvez essa seja a melhor frase para descrever o momento atual de Arrow, uma série que luta para se restabelecer entre seu público depois de duas temporadas bastante controversas. Em meio a promessas de retorno as origens, tivemos um primeiro episódio que excedeu as expectativas e apresentou o aspecto cru, urbano e noturno que a série do Arqueiro se apropriou tão bem nos seus dois primeiros anos. Os elementos estavam todos em seus devidos lugares: uma narrativa consistente (com poucos momentos impensados), personagens buscando suas próprias motivações e cenas de ação costurando grande parte das linhas narrativas, o que é um acalento ao coração dos fissurados pelo gênero, que devem ter curtido bastante a pegada mais violenta exibida em “Legacy”.

A grande discussão do episódio fica na tentativa de seguir em frente diante de fatos tão traumáticos que acompanhamos no final do quarto ano. A morte de Laurel abalou muito a equipe, que pode nunca mais ser a mesma. Com propósitos diferentes de Oliver, Diggle e Thea seguiram caminhos inesperados em suas “carreiras”, porém bastante adequados quando olhamos a situação de maneira mais global. E, mesmo deixando a equipe do Arqueiro, os personagens não foram colocados de lado pelo roteiro. Estavam ali, permeando a trama e dando as diretrizes para um Oliver completamente perdido sobre como seguir com seu objetivo de proteger a cidade. Dentro de suas peculiaridades e ao seu próprio tempo, fomos apresentados aos traumas que enfrentam.

Thea se afasta por não saber lidar com sua sede de sangue, um problema que, vira e mexe, volta a atormentar a garota. Se soube lidar com o fato por tanto tempo, agora parece ter se tornado insustentável, ainda mais quando pode provar o gosto da normalidade por tempo suficiente para saber que é bom não viver com um alvo sobre as suas costas. Não bastasse tudo isso, Thea não concorda com os novos (velhos) métodos de seu irmão – que voltou a matar como parte da culpa por não ter podido evitar a morte de Laurel. Um embate ético bastante cabível e que acaba sempre retornando ao holofotes de uma série de herói: escolher não matar implica em deixar potenciais assassinos soltos no mundo, o que pode acabar resultando na morte de alguém inocente (como o que aconteceu). Particularmente, adoro essa versão do Arqueiro. Fria, impiedosa. Um vigilante que está disposto a chegar a extremos, como sempre deveria ser – e o quinto ano deve trabalhar muito a questão do equilíbrio entre matar/não matar e que tipo de vigilante Oliver quer ser agora que sua cidade grita cada vez mais alto por socorro.

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Mesmo que de maneira bem tímida, Thea permaneceu, enquanto John se isolou completamente. Longe, ele parece determinado a refletir sobre suas escolhas, visto que esteve envolvido diretamente na morte de Laurel por confiar na víbora que era o seu irmão. Enquanto o segurança segue nesse retiro espiritual às avessas, afinal buscar o seu eu interior em meio a uma zona de guerra não é tão convencional, se assim podemos dizer, vemos a equipe se renovar. Fomos apresentados brevemente a um displicente Cão Raivoso, que é cru na arte de combater o crime. Curtis também entra no radar ao pedir, especificamente, para fazer parte da iniciativa – depois de levar umas boas porradas na rua. Os televisores da Arrowcave também mostram as pesquisas de Felicity sobre Evelyn, que conhecemos na última temporada como uma Canário falsária. Todo esse ciclo é importante e traz um frescor do qual a série pode aproveitar. Os novos personagens tem backgrounds inexplorados e possibilitam toda uma renovação da maneira que a trama é contada ou de como conhecemos a dinâmica do Arqueiro.

Antes de seguir, vale a pena comentar uma das cenas que mais esperamos: o que Laurel teria falado para Oliver no seu leito de morte. Apesar de ter se feito um circo muito grande em cima disso, acabou que usaram a personagem como o grande catalisador da mudança em Oliver. Se alguém ainda acreditava em um segredo que pouparia sua vida, fico feliz que não tenha acontecido. Seria um fan service desnecessário depois da proporção que as coisas tomaram. O barco precisa seguir, o carrossel nunca para de girar. Depois que Oliver entender isso, e aplica para as duas personas que vive, tudo tende a começar a se encaminhar. Uma das vertentes que me incomodou um pouco foi a exploração superficial do cargo de prefeito do protagonista, o que, com poucos ajustes, pode se tornar um dos pontos mais fortes da trama, pois tende a contrapor atitudes diplomáticas com o fervor das flechas do Arqueiro.

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Também foi bacana ver a volta de Lance, principalmente da maneira como ocorre. Se alguém ainda tinha dúvida, o personagem era o retrato claro da devastação emocional. Perder a filha, perder a namorada, perder o emprego. Como aguentar um sacode desses? Complicado. E, por mais clichê que soe, é exatamente na lembrança de Laurel que ele se apega para continuar. A introdução da investigação da polícia comprovadamente corrupta somada a chegada turbulenta de Tobias Church a Star City promete trazer bons momentos para nós expectadores – cara, o que foram as cenas desse Tobias? Um nível de tensão altíssimo e uma violência que eu realmente não esperava no horário nobre da CW – Stephen Amell bem nos avisou e estava mais do que certo, as cenas de ação da temporada realmente prometem.

Por fim, fomos apresentados a trama russa que deve ser contada durante todo esse ano de flashbacks, confirmado como o último do recurso dentro da série. Olhando o prospecto, confesso que esse foi o único que me animou, diferente do que vem acontecendo ano após ano. A iniciação do Oliver na Bratva sempre me atiçou bastante curiosidade e a mudança de cenário, da ilha para a mafia, agrega a narrativa, que abre seu leque de personagens e pode explorar situações bem diferentes por lá – mas já aviso que estou gostando dessa versão Oliver pancadaria pura. Os minutos finais do episódio cumprem com o papel de uma boa premiere: brincam com a nossa curiosidade para continuar a contar a trama. A princípio, devemos ver o envolvimento de Felicity com um novo personagem (que eu pensava ser o policial honesto, mas ele aparece logo depois) e também a primeira aparição de quem deve ser o grande vilão da temporada – alguém que realmente não está satisfeito com sua condição e usa da imagem do Arqueiro para denegri-lo.

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Redondo e realmente retomando ares da primeira temporada, Arrow retorna na sua melhor forma. Claro que é muito cedo para apontar isso, mas, como fã, não poderia estar mais feliz com o episódio. Uma estreia consistente como não fazia há muito tempo. Sem o peso de introduzir uma nova série nos seus ombros, a atração pode se apropriar do que faz de melhor e voltar seus esforços para reconquistar os fãs que desgarraram do bando.

Algumas flechadas necessárias:

– O primeiro vilão desse quinto ano foi Anarquia, nosso velho conhecido da temporada passada. Bom saber que ele ainda serve para levar umas boas porradas do Arqueiro Verde.

– Konstantin Kovar, alvo de Oliver na Rússia, é pai de Leonid Kovar, o Estrela Vermelha. O engraçado é que, nas HQs, o personagem não é um vilão. Muito pelo contrário, ele acaba se envolvendo com um projeto que dá os poderes para seu filho, que nem sempre leva muito bem essa questão para frente e acaba atrapalhando outros heróis.

– O tal do “Mr. Skies Google” que a Felicity cita em suas pesquisas é ninguém menos que Vigilante, outro dos personagens já confirmados nesse novo ano.

– Tobias Church já passou antes por Hub City, cidade do Questão, e Bludhaven, terra natal do Asa Noturna – será que rola uma aparição?

– Um Bertinelli aparecendo (para logo morrer) sempre vale uma menção. Quem será que estava no poder da família depois que Helena matou seu pai?

– Talvez eu esteja chateado que os efeitos de Flashpoint não tenham chegado até aqui. Só talvez.

 


Dá uma espiada no vídeo promocional de “The Recruits”, que vai ao ar na próxima semana:

Agora é sua vez: o que achou? Bom, médio ou ruim? Gostou das possibilidades? Dos novos personagens? Aguardo ansiosamente sua opinião para comentarmos juntos!

 


Leandro Lemella

Caiçara, viciado em cultura pop e uns papo bobo. No mundo das séries, vai do fútil ao complicado, passando por comédias com risada de fundo e dramas heroicos mal compreendidos.

Santos/SP

Série Favorita: Arrow

Não assiste de jeito nenhum: The Walking Dead

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