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Blindspot – 2×15 / 2×16 Evil Did I Dwell, Lewd I Did Live

Por: em 12 de abril de 2017

Blindspot – 2×15 / 2×16 Evil Did I Dwell, Lewd I Did Live

Por: em

Draw O Caesar, Erase a Coward e Evil Did I Dwell, Lewd I Did Live são episódios incrivelmente distintos. Enquanto, o episódio 15 de Blindspot separa os membros da equipe do FBI para desvendar um caso tatuagem da semana que pouco importa para a grande narrativa da temporada, o episódio 16 dispensa qualquer referência às tatuagens de sua protagonista. Evil Did I Dwell, Lewd I Did Live desenvolve o mistério de Sandstorm e da segunda fase do seu plano malígno explorando o que há de mais sagrado de seus personagens.

O episódio 15 de Blindspot não é terrível, mas é bem possível que ele se perca entre tantos outros até o final da temporada. Draw O Caesar, Erase a Coward até que estabelece uma boa estrutura para o episódio. Como prometido em Borrow or Rob, Rich Dotcom consegue desvendar uma tatuagem no corpo de Jane, a moeda Continental cunhada em 1776. Rich informa à equipe do FBI que esse símbolo é usado por um mensageiro da dark web conhecido como Lelantos. A partir daí, a equipe fica com três pistas diferentes que não têm conexão aparente: um prisioneiro chamado Marc Gelman – interpretado pelo querido Javier Muñoz que assumiu o papel principal de Hamilton depois da saída de Lin-Manuel Miranda-, um spa chamado Inner Care Medi e a tatuagem da deusa Aura que na mitologia grega é filha de Lelantos.

Para desvendar cada pedaço desse enigma, Weller decide separar a equipe em três grupos que mudam um pouco a abordagem que estamos acostumados: o líder do FBI é acompanhado por Roman – como o ex-membro de Sandstorm precisa provar seu valor, Kurt acha que é uma boa ideia tirá-lo de sua zona de conforto, colocá-lo em ação e ver se ele consegue resgatar alguma lembrança que pode ser útil -; Jane e Tasha ficam responsáveis por tentar tirar alguma informação de Gelman e têm que coloca suas desconfianças de lado; Nas tenta entrar em contato com sua fonte do grupo terrorista; e Patterson fica com Reade que chega atrasado ao trabalho graças ao seu vício recém adquirido. Para acompanhar esses grupos, a série vai e volta na linha temporal para contar a história de cada núcleo individualmente até que o caminho deles se cruzam.

Essa construção um pouco inusitada para Blindspot se mostra interessante no início, mas com um caso da semana que é um pouco mais complexo que os anteriores e com as novas ligações que poderiam despertar arcos dramáticos intensos, era de se esperar muito mais do desfecho do episódio. E esse é o problema de Draw O Caesar, Erase a Coward, ele nunca chega ao seu auge e a cena de ação final nunca atinge as expectativas que o próprio episódio montou.

Os minutos finais do episódio 15 até tentam compensar entregando momentos de tensão – Patterson confrontando Reade e Jane perguntando ao seu novo crush Oliver por que ele mudou seu nome anos atrás – e utilizando um grande cliffhanger – Nas indo encontrar sua fonte e sendo atacada por um homem mascarado. No entanto, é Evil Did I Dwell, Lewd I Did Live que fornece o nível de entretenimento e qualidade que o episódio anterior prometeu.

O episódio 16 tem três histórias importantes: a revelação da fonte de Nas, a descoberta de uma outra fonte dentro do FBI e um avanço nos problemas de Reade. Para desenvolver essas narrativas, Blindspot deixa as tatuagens de Jane Doe de lado e, mesmo sem fornecer nenhuma nova informação sobre a Fase 2, aumenta as expectativas em relação ao evento.

Na verdade, é a ausência de dados sobre o acontecimento, que agora já parece inevitável, que causa o alvoroço que a série precisa. Blindspot entende que para criar suspense em relação à próxima fase do plano de Sandstorm, ela precisa blindar seus personagens e público dos bastidores da organização terrorista. E com isso, o drama da NBC consegue trabalhar com a frustração e ansiedade da equipe do FBI por nunca estar um passo a frente do grupo. As decisões de Kurt em Evil Did I Dwell, Lewd I Did Live, por exemplo, foram motivadas principalmente por esse desejo de alcançar Shepherd e seus seguidores.

Mas se de um lado eles têm Cade (Tom Lipinski) como fonte de informação e “aliado”, Sandstorm tinha uma outra carta na manga mais inesperada que os ajudavam a entrar nas operações cotidianas do FBI. Aliás, ter Cade não se confirmou como uma grande vantagem para a equipe e é isso fez a presença dele tão interessante. Sim, ele tinha alguns dados importantes – que se tornaram irrelevantes com o bug dentro de Patterson, mas a trajetória dele na série estabelece questões relevantes sobre suas intensões. Cade não é um cara legal – ora, ele já tentou assassinar Jane –  ou que está tentando ajudar o FBI só porque é o certo a se fazer, mas ele tem uma visão muito clara do que é errado e do perigo que Shepherd representa.

Cade é um contraponto aos membros do FBI simplesmente porque ele escolheu ser parte dessa história. Ele entrou para a Sandstorm porque acreditou que aquela era a forma de vingar a morte do seu pai e quando o grupo perdeu o sentido para sua vida, ele decidiu combater a organização que já não atendia às suas necessidades. Nas, Weller, Patterson, Zapata e Reade foram incluídos em um plano que eles sequer sabiam que existia e desde então, tiveram que tomar decisões que poderiam colocar a vida deles e de outras milhares de pessoas em risco com poucas informações que eram fornecidas.

E é fácil notar como a Sandstorm vem influenciando a vida pessoal dos membros. Weller não sabe o que fará quando seu filho, Patterson perdeu o amor da sua vida e ainda tem que lidar com a traição de Robert, e Reade… ah, o que ainda resta para falar sobre Reade? Uma das maiores dificuldades que eu encontro em fazer reviews semanais de uma série é que como uma história é dividida em partes pequenas é possível que eu critique como os roteiristas decidiram contar alguma coisa, mas goste da história como um conjunto ou de seu resultado final. Mas nessa temporada de Blindspot, eu me senti bem perdida com o caminho de Edgar e até onde o personagem está chegando. É óbvio que ele precisava de uma carga dramática maior nesse segundo ano, mas cada etapa desse arco prova que não tem um objetivo maior. A investigação do treinador Jones era uma história com potencial, mas a forma como a série lidou com abuso sexual infantil e dependência química até com possível romance com Tasha não justifica colocar a carreira de Edgar em risco.

Mas se Blindspot se complica com Reade, a série mostra que com Patterson a conversa é bem diferente. A nossa querida lab lady é o destaque de Evil Did I Dwell, Lewd I Did Live e uma das razões para o sucesso do episódio. O trabalho Patterson é tão essencial para o desenvolvimento dos casos e a personagem é tão carismática que é fácil falar da sua importância para a série. Mas o seu valor nesse episódio não é pelo o que ela faz frequentemente, o episódio 16 é traz um desfecho para o relacionamento de Patterson e Robert e eleva a agente do FBI em outro patamar. Diante do homem que a enganou, Patterson não deixa que Robert mostre qualquer arrependimento pelo o que fez afinal, ele fez aquelas escolhas e não pode se desculpar pelo sofrimento que causou. A última decisão de Robert é acabar com sua vida e – assim como os outros agentes de Sandstorm – não deixar nenhum rastro de sua existência para ser investigado pelo FBI.

Não dá para saber se Patterson sai psicologicamente mais fraca ou mais forte dessa experiência, mas certamente ela está diferente. “Eu não sinto nada”, ela diz para a doutora que extrai o seu dente que continha o bug da organização terrorista. A morte de Robert pode ser o fim de um fardo que ela não precisa mais carregar, mas Patterson e a equipe do FBI saem dessa experiência sem nada de novo e ainda estão longe de desvendar os planos da Sandstorm. Shepherd está por algum motivo em um barco no meio do oceano e como diz Cade, ela não é uma pessoa que podemos subestimar.

Outros comentários:

– “Está tudo em grego para mim.” <3 Até as piadas ruins de Patterson são maravilhosas.

– Eu gosto desse início de amizade entre Jane e Zapata.

“Você deveria ter visto o outro cara.” Nas é badass e sabe chutar umas bundas sim, senhoras e senhores.

– O que foi a tentativa da Jane tentando fazer Patterson se abrir emocionalmente no final do episódio? Péssima hora e péssima colocação.


Nathani Mota

Jornalista, nerd e feminista. Melhor amiga da Mindy Kaling, mesmo que ela não saiba disso.

Salto / São Paulo

Série Favorita: Sherlock

Não assiste de jeito nenhum: Two and Half Men

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