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Sherlock – 4×01 The Six Thatchers

Por: em 3 de janeiro de 2017

Sherlock – 4×01 The Six Thatchers

Por: em

Logo nos primeiros minutos de The Six Thatchers, Sherlock narra um conto popular babilônico chamado “The Appointment in Samarra”. Segundo Mycroft, a história sobre o comerciante que não consegue passar à frente da morte, nunca agradou o irmão que chegou a escrever sua própria versão em que o homem vai para outra cidade, fica perfeitamente bem e se torna um pirata, por alguma razão. A introdução antecipada e fora de contexto do conto vem como uma advertência: apesar do entusiasmo gerado pela longa espera por uma nova temporada de Sherlock, não se animem tanto! Esse episódio não é como os outros capítulos da história de Sherlock Holmes e Dr. John Watson.

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The Six Thatchers marca o retorno de Sherlock à televisão depois de longos três anos – interrompidos apenas por The Abominable Bride, episódio de Natal exibido em 2015 – e é difícil não se animar com tanta expectativa construída nesses anos. Mas quem estava esperando um episódio focado na resolução de um caso ou que jogasse um pouco de luz no mistério da volta de Moriarty, pode ter se decepcionado um pouco. Ao invés de se apoiar em grandes deduções que sempre são oferecidas com muito talento por Sherlock, a estreia da quarta temporada trabalha a relação entre Sherlock, John e Mary; e empurra esse relacionamento para o lugar mais sombrio que já esteve.

É claro que o episódio não mergulha logo de cara nos temas que o definem. A princípio, a série faz questão de amarrar as pontas deixadas pela última temporada e pelo episódio de Natal – então acompanhamos Sherlock e Mycroft traçando uma nova versão para o assassinato de Charles Magnussen – e deixa os personagens se divertirem com casos sem importância, com a gravidez de Mary e situações geradas pelo nascimento de Rosamund. Mas assim que Lestrade leva a morte do filho de um diplomata à Sherlock e Watson, a série muda de tom.

O interesse no caso não está no mistério que cerca a morte do rapaz até porque Sherlock desvenda rapidamente o que aconteceu, mas no busto de Margareth Thatcher que decorava a casa da família. Como o detetive está esperando que Moriarty apareça, ele deduz que a quebra da escultura (e de outras que seguem) é parte do jogo que ele mantém com seu arqui-inimigo.

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A teoria só muda quando Sherlock decide confrontar (fisicamente) a pessoa que está destruindo o rosto de Thatcher e encontra um pen drive como aquele que Mary entregou a John dentro escultura da primeira ministra britânica. “As Seis Thatchers” não é mais um caso sobre Moriarty e sim um sobre Mary Watson. Em His Last Vowdescobrimos um pouco sobre o passado de Mary como uma agente secreta e se naquele momento, ela decidiu levar uma vida normal ao lado de John, agora ao descobrir que alguém quer matá-la, Mary segue em outra direção para proteger a família que construiu nesses anos.

No entanto, é Sherlock que havia prometido que protegeria essa família e acredita que tem total condição de continuar com seu juramento mesmo que Mary tenha outra ideia sobre seu futuro. “Vou mantê-la segura […] Venha para casa e tudo ficará bem, eu prometo”, afirma o detetive.

A partir daqui, o desenrolar da história de Ajay, A.G.R.A e AMMO não é mais importante e é evidente que a série troca a conclusão por sua consequência. Porém, para que o desfecho fosse chocante, emocionante ou simplesmente justificável, Sherlock precisava ter trabalhado melhor a presença de Vivian Norbury como a mulher britânica que acabou com a vida de Mary.

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Sherlock não consegue manter seu juramento. E pior, todas suas habilidades – que já serviram como qualidade e falha – jogam contra ele no momento mais importante do episódio. Ele quer ler seu oponente, humilhá-la, destruí-la com tudo que ele pode deduzir em segundos, mas sua confiança e arrogância usada em doses abundantes têm um efeito que ele não pode prever. Mary protege o amigo, e assim ninguém pode protegê-la.

Dessa vez, Sherlock não pode reescrever o conto para fugir da Morte ou simplesmente apagar sua responsabilidade com o ato como fez com Magnussen. Afinal, a morte de Mary não é sobre ela, mas sobre como a mania do detetive encarar tudo como um jogo pode influenciar as pessoas ao seu lado. Watson se afasta do amigo, Sherlock começa terapia e instrui Mrs. Hudson a usar a palavra “Norbury” toda vez que ele se mostrar super confiante novamente. E então, Mary – que já estava preparada para seu encontro em Samarra – vem para ditar como Sherlock deve manter sua relação com Watson.

A série criada por Mark Gatiss e Steven Moffat já mostrou diversas vezes que é apenas sobre Sherlock Homes e John Watson e The Six Thatchers prova que a incapacidade do drama em expandir os relacionamentos de seu protagonista. É claro, que Sherlock, que já mostrava um importante amadurecimento nesse episódio, deve crescer com essa tragédia e que o laço com o parceiro deve sair mais forte quando eles superarem esse “problema”. No entanto, é decepcionante ver Mary partir como um ferramenta desse plot.

Outros comentários:

– The Six Thatchers é inspirado na história “Os Seis Bustos de Napoleão”.

– Para quem acredita que Mary pode voltar daqui dois anos – se é que teremos uma nova temporada – disfarçada de garçonete em um restaurante enquanto John e Sherlock jantam… Bom, não vai acontecer. Moffat já afirmou que a morte de Mary não é um jogo.

– A morte da personagem é “sugerida” nos livros de Arthur Conan Doyle. John se refere a Mary como sua “triste perda” e se conclui que ele está falando de sua morte.

“Nunca é gêmeos.”

– Vamos parar um momento para apreciar a bexiga posicionada no lugar de Watson.

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– Toby <3

– Devo reclamar que Sherlock ganhou aquela briga contra Ajay?

– Eu preciso de mais informações sobre E. para aceitá-la como parte válida desse episódio. E eu tô aceitando qualquer justificativa.

E você? Gostou do retorno de Sherlock? Como está lidando com a perda de Mary? Deixe seu comentário e até a próxima semana!


Nathani Mota

Jornalista, nerd e feminista. Melhor amiga da Mindy Kaling, mesmo que ela não saiba disso.

Salto / São Paulo

Série Favorita: Sherlock

Não assiste de jeito nenhum: Two and Half Men

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