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Emerald City – 1×06 Beautiful Wickedness

Por: em 5 de fevereiro de 2017

Emerald City – 1×06 Beautiful Wickedness

Por: em

A expectativa é uma porcaria mesmo. Eu esperava muito desse episódio de Emerald City, pois foi escrito por uma das minhas autoras de comics favorita, a Kelly Sue DeConnick. Infelizmente, o material que ela teve que trabalhar me decepcionou muito. Na verdade foi uma cena em particular, mas falarei com mais propriedade quando chegarmos nela. Antes, vamos rever o que aconteceu em Beautiful Wickedness para entender a minha tristeza.

O ponto positivo foi que finalmente lembraram que a personagem principal é a Dorothy e resolveram colocá-la como mote central para desenvolvimento de todos os arcos, mesmo que indiretamente.

Olá! Eu sou a personificação do machismo em Oz! E eu vou acabar com seus direitos reprodutivos!

Finalmente estamos descobrindo um pouco mais sobre o passado de Frank, o Mágico, e devo dizer que meu nojo por ele cresce cada dia mais. Ele é a representação do machismo, do homem branco que se sente ameaçado pelo sucesso de uma mulher e que não aceita ter suas investidas amorosas rejeitadas. Ele fazia parte do grupo de cientistas que veio parar inicialmente em Oz junto com a mãe de Dorothy, Karen, e a cientista Jane – a mesma que deu para Jack suas partes mecânicas. Essa é uma informação muito interessante. Pois bem, o responsável pelo acidente que causou a primeira viagem foi o Mágico, apenas para provar que ele era mais do que um mero assistente. E, no processo, mata uma pessoa. Pois bem, se Jane também veio do nosso mundo, porque apenas Karen e Dorothy retornam? E porque Jane está escondida em Ev? Essas são respostas muito importantes.

A participação de Tip foi bem curta, o que eu achei bom, pois a importância dela estava se sobrepondo a de todos. O encontro com Jack e a descoberta que seu amigo ainda está vivo foi… decepcionante. Eu não sei descrever o que aconteceu de errado aqui. Lady Ev agiu como sempre fez ao exigir que Jack mostrasse o resultado das ações impensadas de Tip, mas a reação dela não me causou nenhum impacto. E o pior é que nós sabemos que tanto Jordan Loughran (Tip) quanto Gerran Howell (Jack) são capazes de entregar cenas bem convincentes, pois já fizeram antes. O diálogo estava ok também. Não sei dizer se foi da parte da direção ou trilha sonora, mas não convenceu, e o que deveria ser um momento de tensão serviu apenas como filler. E para piorar, não houve nenhum momento após esse encontro para acompanharmos como ambos estavam se sentindo.

A água está acabando, gente. Temos que economizar! Banho coletivo!

Eu adorei que o papel do Lucas hoje foi o de garoto-sem-camisa-molhado™. Esse papel geralmente é reservado para mulheres (com camisa, mas molhada) e eu curto uma inversão de papeis. Mas a melhor parte é a participação de Oeste para recuperar a memória de Lucas. Para um ditador que odeia magia, o Mágico recorre a ela muito frequentemente. Ambos os rituais foram maravilhosos e eu já quero iniciar uma petição para solicitar a inclusão de mais, pois curti muito. Como suspeitávamos, Lucas estava sob influência de mágica e, como não há muitos episódios faltando, é óbvio que a responsável é Glinda. A Mãe Sul ainda está viva, pois só ela pode criar novas bruxas – que é o que a Sylvie é – e Glinda está escondendo essa informação de todos. Várias novas bruxas estavam na carruagem com destino à Vila de Nimbo (a mesma que tinha um portal mágico que explodiu na cara da Anna no episódio Science and Magic). Lucas estava provavelmente levando as novas bruxas para atravessar o portal quando foi interceptado pelos guardas. Como e porquê Lucas foi enfeitiçado, ainda não sabemos. Fica para semana que vem.

Glinda parece ser omnipresente, pois, assim que Oeste vai reportar ao Mágico o que descobriu, já manda sua subordinada Elizabeth libertar Lucas e garantir sua fuga. Muito bom que fizeram questão de fazer a presença de Elizabeth praticamente nula até agora, nos fazendo duvidar da lealdade de Anna quando ela, na verdade, é a que menos sabe dos planos de Glinda. Focando apenas na relação de Anna e do Mágico, a traição de Elizabeth é mais chocante, já que ela vinha agindo pelos bastidores sem nos darmos conta.

Oeste louca de raiva é uma coisa bonita de ver. Infelizmente, isso só serve para os propósitos do Mágico, que é manter-se no poder. Basta ver como ele manipula a todos com uma facilidade absurda. No começo do episódio, ficamos com a impressão de que ele é um fraco e que está se abrindo com Dorothy por ter sido descoberto. Sua máscara começa a cair ao falar de Karen e o quanto ela o amava – só que é mentira. Claro sinal de comportamento psicopata. Sua aparente debilidade ao falar com Dorothy e pedir sua lealdade também é totalmente calculada, comprovada nos momentos finais, quando descobrimos que ela não apenas acreditou que Glinda é sua inimiga, como entregou o revólver ao Mágico. Essa atitude pode selar a sentença de morte de Dorothy. Pelo menos fizeram o grande favor do Mágico não ser o pai da Dorothy, isso já seria demais para aceitarmos.

Eu fiquei com pena do pai de Lady Ev, que passou seus últimos momentos de vida perdido em demência e com medo ao ser transformado em pedra pelos poderes sem controle de Sylvie. Mas vamos concordar que ele passou por uns três guardas no caminho até o portão do palácio. Eles poderiam muito bem ter impedido essa tragédia que apenas aumenta a raiva de Lady Ev e leva á cena que mais odiei do episódio.

Pois é Elizabeth, eu também não entendi a necessidade disso…

O Mágico pede à Dorothy que, em troca de enviá-la de volta para casa, ela mate uma bruxa. Ao deixar a arma, eu entendo que ela pagou o preço. O que me irrita é que a relação íntima de Anna com o Mágico foi totalmente construída com esse momento em mente. Anna foi criada apenas para morrer pelas mãos do Mágico em uma demonstração patética de poder masculino. Foi uma cena que causou choque em um episódio um tanto quanto monótono? Sim. Mas nada justifica a utilização da morte de uma personagem apenas como plot para o desenvolvimento de um homem misógino que não aceita o fato de sua ciência rudimentar não ser considerada superior à magia das mulheres de Oz. Mas o que mais me decepcionou foi o fato dessa morte acontecer no episódio escrito pela Kelly Sue DeConnick, que é conhecida e premiada pelos seus comics feministas. O que me conforta é que ela foi responsável apenas pelos diálogos e não pelo argumento. Isso significa que não foi ela quem decidiu que a história seguisse esse rumo absurdo e antiquado. Ela apenas fez o melhor possível com o material que recebeu.

A audiência continua a cair, bem pouco, uns 200 mil expectadores em comparação com a semana anterior, mas ainda em declínio e, pelo andar da carruagem, não vejo como seria possível causar um súbito interesse na série. Eu mesmo fiquei com menos vontade de assistir após esse episódio. Mas ainda vou dar uma chance, após ver a promo.

Semana que vem, Dorothy, Lucas e Sylvie chegam ao reino de Glinda e o resto do passado de Lucas será revelado. Será que Dorothy se unirá a Glinda ou algo acontecerá para selar sua aliança ao Mágico? Nos vemos semana que vem.

MOMENTO CURIOSIDADE:

  • O nome do Mágico na série é Frank Morgan, provavelmente uma homenagem ao criador dos livros, L. Frank Baum.
  • No dia do acidente, Frank lê um livro sobre Orson Welees, criador da transmissão radiofônica “A Guerra Dos Mundos” e dirigiu o filme “Cidadão Kane”. Já podemos perceber que a admiração pela grandiosidade vem de longe.
  • O nome do mecanismo narrativo de matar ou machucar uma mulher apenas para servir como desenvolvimento de um homem é Síndrome de Mulheres em Refrigeradores. Para saber mais sobre esse fenômeno, que foi notado pela primeira vez nos quadrinhos, você pode acessar este link.

O que você achou do episódio dessa semana de Emerald City? É como eu e está coberto de fúria feminista? Deixe suas opiniões nos comentários.


Paulo Halliwell

Professor de idiomas com mais referências de Gilmore Girls na cabeça do que responsabilidade financeira. Fissurado em comics (Marvel e Image), Pokémon, Spice Girls e qualquer mangá das Clamp. Em busca da pessoa certa para fazer uma xícara de café pela manhã.

São Paulo / SP

Série Favorita: Gilmore Girls

Não assiste de jeito nenhum: Game of Thrones

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