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Emmy 2016: O encontro do Novo e do Velho

Por: em 19 de setembro de 2016

Emmy 2016: O encontro do Novo e do Velho

Por: em

Ano passado, eu escrevi que a vitória de Game of Thrones em cima de Mad Men inspirava um novo tempo para uma Academia de Televisão que, durante anos, foi conhecida por ser quadrada, repetir prêmios e raramente se abrir ao novo. Agora, depois da entrega dos prêmios de 2016, não resta mais dúvida alguma: Uma nova era se instaurou na premiação mais importante da televisão e prêmios dados como certos (visto a tradição dos votantes) foram entregues a rostos diferentes, favoritos de público e crítica (um favoritismo que, por via de regra, não te garantia vitória no Emmy).

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Sim, estamos falando de Rami Malek e Tatiana Maslany, os novos (e bota novos nisso!) vencedores das categorias de Melhor Ator e Melhor Atriz de série de drama, por Mr Robot Orphan Black, respectivamente. Os dois são os astros de suas séries, são os favoritos absolutos do público, tem a crítica aos seus pés e, por onde passam, arrematam multidões – a fórmula perfeita pra vencer Globos de Ouro (que, vejam só, eles perderam!), não Emmys. Até então. As vitórias de Malek e Maslany mostram uma mudança de direção drástica no corpo de votantes, que quase sempre apostou no clássico, no padrão e no repetido e, mesmo quando premiou atores de séries estreantes, como o caso de Malek aqui, sempre o fez com gente já tarimbada na indústria, o que não é o caso dele.

O que, então, pode ter levado a Academia a premiá-los, ao invés de apostar em nomes esperados por muitos, como Kevin Spacey, que nunca venceu, ou Viola Davis? Claro, é bom ressaltar, os dois são atores excelentes, que cumprem muito bem o papel de protagonistas de suas séries e, provavelmente, grandes responsáveis pelo sucesso que ambas são. Mas isso também nunca foi o suficiente para ganhar Emmys. Teria sido a renovação no corpo de votantes? O desejo de se aproximar mais da crítica? O reconhecimento de que a opinião pública começou a importar de verdade? São muitas hipóteses, mas apenas uma certeza: Malek e Maslany é a dupla mais jovem de vencedores nas principais categorias de atuação da noite e, agora, ambos tem uma estatueta em casa.

Pra compensar o gesto inesperado, nas categorias de coadjuvantes de drama, o classicismo venceu o novo e Maggie Smith saiu vencedora, pela temporada final de Downton Abbey? Longe de questionar o trabalho de atriz, que não precisa provar mais nada para ninguém e foi excelente como a Condessa Violet, mas será que os trabalhos de Maura Tierney (The Affair), Constance Zimmer (UnReal) e, principalmente, Lena Headey (Game of Thrones), não tiveram mais impacto? Lena era a favorita ano passado, entregou uma tape ainda melhor esse ano… e continua perdendo. Já na ala masculina, Ben Mendelsohn (Bloodline) derrotou favoritos como o Jon Snow de Kit Harington e o Mike de Jonathan Banks. Um prêmio merecido para um ator que é, sem dúvida, a alma de sua (ótima) série. Fato curioso: Nenhum dos dois estava presente para receber sua estatueta.

O padrão também permaneceu nas principais atuações de comédia. Jeffrey Tambor foi, mais uma vez, o Melhor Ator de Série de Comédia e veio com um discurso mais avassalador ainda. Em Transparent, Tambor interpreta uma mulher trans e o apelo importante do ator é de que esse grupo ganhe não apenas visibilidade, mas também oportunidades. “Por favor, dê uma chance aos talentos transgênero. dê a eles audições. dê a eles histórias. eu não ficarei triste em ser o último cisgênero a interpretar uma transgênero na TV.” Jeffrey ganhou a estátua de melhor ator, mas a gente também dá a de melhor e mais bonito discurso da noite.

A Melhor Atriz de Comédia, sem surpresa alguma, foi, pela QUINTA VEZ consecutiva Julia Louis-Dreyfus, que agora torna-se a pessoa mais premiada nessa categoria: São 6 estatuetas, contra as 5 das antigas proprietárias do recorde. Dreyfus ainda tem como marcas ter vencido 5 anos seguidos, ter vencido em todos os anos em que Veep foi elegível e conseguir, ano após ano, fazer discursos emocionantes. O desse ano foi dedicado ao seu pai, que faleceu na sexta feira e foi impossível não se emocionar.

Já as categorias de coadjuvante, trouxeram surpresas. Louie Anderson foi o Melhor Ator Coadjuvante por Baskets (uma série que quase ninguém vê, mas que a gente já foi procurar ir atrás, claro), derrotando os favoritos Ty Burrell e Tony Hale. Já a Atriz Coadjuvante de Comédia do ano foi Kate McKinnon, por sua participação em Saturday Night Live. Um sabor agridoce para quem esperava mais uma grande vitória de Alisson Janey, sempre favorita e (quase) sempre vitoriosa. As estatuetas de Anderson e McKinnon, mais uma vez, apontam para a mudança de rumos que também premiou Malek e Maslany e mostra que vencer bolões do Emmy não é mais tão fácil quanto antes.

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As categorias de série limitada não trouxeram nada diferente do que já era esperado. The People v. OJ Simpson: American Crime Story arrematou quase todas as categorias em que concorria e não tinha como ser diferente. A produção de Ryan Murphy foi provavelmente a melhor coisa que a TV já viu esse ano (se não, chega perto) e mereceu sair com os prêmios de melhor roteiro e melhor minissérie (a melhor direção ficou para Susanne Bier, por The Night Manager – que se você não conhece, deveria! Clica aqui pra ler sobre a produção). Do elenco, Sterling K. Brace venceu como Ator Coadjuvante por sua atuação como Christopher Darden e foi aplaudido de pé. Já a atriz coadjuvante de série limitada, merecidamente mais uma vez, foi Regina King, por seu trabalho em American Crime, outra excelente produção do ano.

Sarah Paulson e Courtney B. Vance arremataram as categorias principais de atriz e ator, também por seu trabalho em The People v OJ Simpson. O momento em que Sarah sobe ao palco para, enfim, receber seu Emmy (que já estava atrasado, vale ressaltar) foi sem dúvida alguma um dos mais emocionantes da noite. Além de ser algo esperado há tempos, havia toda a carga emocional. Na série da FX, coube a Paulson a missão difícil de defender o papel de Marcia Clark, promotora do caso de OJ Simpson e a atriz conseguiu entregar uma atuação perfeita, respeitosa, no tom exato e que foi uma verdadeira homenagem a advogada, que estava na plateia na noite de ontem e recebeu de Sarah um emocionado “I’m sorry” pela derrota no caso. Sem dúvida alguma, o ponto mais alto da noite.

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Nas principais categorias de produção, as surpresas vieram em parte. Enquanto todos esperavam um arrastão completo de Veep Game of Thrones, a série de comédia foi obrigada a dividir seus prêmios com Transparent, vencedora de melhor direçãoMaster of None, vencedora de melhor roteiro. À série cômica da HBO, restou “apenas” a honra de ser, pela segunda vez consecutiva, a melhor comédia do ano. Já os dragões e lobos, tiveram mais sorte. A tão alardeada Batalha dos Bastardos rendeu a Game of Thrones, também pelo segundo ano consecutivo, os prêmios de melhor roteiro, melhor direção e melhor série dramática, estatuetas que, agora, estabelecem também um novo recorde: A história dos Sete Reinos superou Frasier por 1 e se tornou o seriado mais premiado da história do Emmy Awards, com 38 prêmios.  Contando que ainda existem 2 temporadas para aumentar essa diferença, podemos concluir que, ao fim de sua saga, GoT será imbatível.

De uma maneira geral, podemos afirmar que foi uma ótima e surpreendente cerimônia. A apresentação de Jimmy Kimmel passou batida em muitos momentos, mas os apresentadores de categorias e os próprios prêmios conseguiram manter o interesse até o final e indicam que, sim, aos poucos, a Academia de Televisão tem se renovado e aberto os seus braços ao novo. São tempos interessantes que se iniciam e eu, particularmente, sigo curioso para ver o que acontecerá ano que vem, sem Game of Thrones concorrendo (já que a temporada estreará depois do prazo elegível). Que os Jogos comecem.

Pensamentos Finais:

— A abertura foi incrível.

— Meu coração ficava menor toda vez que tocava a música de Game of Thrones.

— As caras de surpresas de Rami, Tatiana e de outros vencedores chocados foram incríveis e vão render ótimos gifs.

— Ainda sobre Rami e Tatiana, os dois fizeram discursos lindos, ela ressaltando o quanto se sente bem por estar em uma série que coloca a mulher no centro da história e ele comentando que existe um pouco de Elliot em cada um de nós.

— O In Memoria com Hallelujah ainda tá na minha garganta.

— Podiam começar a entregar os prêmios de atores convidados na cerimônia mesmo ao invés do Creative.

— A lista completa dos vencedores você encontra aqui.


E você, o que achou da cerimônia? Feliz com as surpresas que a premiação trouxe ou preferia o velho padrão de sempre? Aproveita e conta também pra gente qual foi o melhor momento da noite pra você!


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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