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Game of Thrones – 6×01 The Red Woman

Por: em 25 de abril de 2016

Game of Thrones – 6×01 The Red Woman

Por: em

Depois de toda a tensão que se instalou em nossas redes sociais, já estava mais do que na hora de recuperarmos algo que unisse todas as tribos, vertentes políticas e regiões. A sexta temporada de Game of Thrones chegou, e pelo menos por uma hora a discussão sobre vai ter ou não vai ter golpe deu lugar a outra pergunta: Jon Snow vive ou morre?

jon

Pois é, a gente sabe que a série ao contrário de muitas outras, não tem pena de matar seus protagonistas e tampouco costuma trazer quem já morreu de volta. Ainda assim, a suposta morte de Jon Snow foi absolutamente negada pelo público, que passou os últimos meses mirabolando dezenas de teorias para que o (suposto) bastardo de Ned Stark voltasse à vida. Não tivemos nenhuma resolução sobre isso por enquanto, mas não acho que dê para culpar o roteiro ou comparar o que aconteceu nessa premiére com o artifício de morreu ou não morreu que se costuma usar para prender a audiência. Ele está morto, as especulações por conta disso ficam por conta de quem assiste, a culpa não foi deles – ainda.

Quer dizer, mais ou menos, né? O título dessa premiére foi claramente uma provocação, já que no fim das contas vimos muito menos de Melisandre do que esperávamos de um episódio com seu nome. É claro que foi chocante a revelação final, em que ela deixa o corpo jovem e os cabelos vermelhos para dar lugar a uma aparência de avó do Meistre Aemon, mas fora isso? Pouco. Ela tem magia para manter sua própria vitalidade, mas será que isso é suficiente para que ela traga alguém de volta à vida, como foi especulado? É possível que Melisandre seja uma peça importante no confronto político que está se formando em Castle Black, mas duvido muito que consiga trazer Jon Snow de volta.

Allister teve tanta frieza para assumir o assassinato quanto teve para executa-lo, e a lealdade dos corvos ao ex Comandante durou menos que a batalha de Stannis contra os Boltons. Os poucos aliados reais de Snow se juntaram a Sor Davos e Ghost e agora tentam ganhar tempo para salvar as próprias vidas. Duas estratégias despontaram ali: a primeira é contar com aqueles que também devem as suas vidas a Jon, os selvagens. Se por um lado o ódio natural deles pelos corvos já é motivo suficiente para comprarem a briga, por outro, agora eles estão seguros do lado de dentro, então podem preferir deixar que eles se matem sozinhos e evitar baixas. A segunda estratégia é a magia de Melisandre, mas essa está cada vez mais falha e exigindo sacrifícios cada vez maiores, isso sem falar do fato de que mesmo a magia pode ser sobreposta pelo fator humano, como aconteceu com a deserção em massa do exército de Stannis. Existe ainda uma terceira via com a qual Davos não está contando: Ramsay. Imaginando que o caminho natural de Sansa é pedir asilo em Castle Black, ele pode mandar seu exército lá atrás da guardiã do Norte. Os efeitos disso são, até agora, absolutamente imprevisíveis.

sansa

E já que estamos falando de Sansa, vamos fazer uma pausa para comemorar as cenas maravilhosas envolvendo ela, Theon, Brienne e Podrick. Sansa teve um plot péssimo na quinta temporada que pôs abaixo todo o crescimento dos quatro anos anteriores, mas as expectativas são boas agora. Ela voltou a confiar em Theon – tanto que buscou no olhar dele a aprovação para aceitar Brienne como protetora – escapou do marido sádico, maluco e estuprador e finalmente encontrou alguém que deseja genuinamente protegê-la, e não só se aproveitar do sangue nobre que ela carrega. Brienne também está em uma ótima fase. Conseguiu vingar Renly e cumprir parte da promessa que fez a Cat. Seguir para Castle Black é a solução mais óbvia, mas também a mais estúpida. É o primeiro lugar em que Ramsay vai procura-la, então espero que as notícias da morte de Jon Snow os alcancem a tempo.

Do Norte ao Sul, chegamos a Kings Landing, onde as coisas não saíram muito do lugar desde a season finale da quinta temporada. A freira gigante continua torturando rainhas nas horas vagas, o High Sparrow continua mandando em tudo enquanto Tommen fica nos aposentos reais bebendo Toddynho, e Cersei pareceu até que bem conformada com a morte de Myrcella. Ela volta a mencionar a profecia da bruxa que vimos no flashback da premiére do ano passado – e volta a ignorar o filho que teve com Robert – enquanto Jaime tenta convence-la de que ela pode ser feliz, se vingar e dar a volta por cima depois da caminhada da vergonha. O que se percebe é que eles dois querem manter a cumplicidade que sempre tiveram, mas isso não é mais possível. A dupla de amantes detestáveis da primeira temporada não existe mais. Eles podem ter amor um pelo outro, mas são pessoas bem diferentes agora e não têm mais, nem de longe a sintonia que já tiveram.

Arya tenta se adaptar à sua nova condição nas ruas de Braavos, mas ainda não percebeu que a cegueira não é exatamente uma punição, na verdade está mais para uma fase mais intensa do seu treinamento. Sem ver, ela escuta mais, perde seu orgulho, sua arrogância, não corre o risco de cair na tentação de matar outros inimigos, ao mesmo tempo em que se torna alguém cada vez menos visto, cada vez mais ninguém. Suas habilidades para lutar também precisarão melhorar. Ela terá que aprender a usar melhor os outros sentidos, a se movimentar de forma diferente e perceber o adversário mesmo sem enxergá-lo. É um desafio físico e psicológico que na verdade estão colocando ela mais perto do seu objetivo.

tyrion

Em Mereen, Tyrion e Varys começam a fazer aquilo que sabem bem: política. Varys já colocou seus passarinhos para voar e Tyrion saiu do palácio para observar, questionar e compreender aquele império do Leste, que é tão diferente e ao mesmo tempo tão parecido com a sua terra natal. Pois se em Kings Landing o High Sparrow ganha cada vez mais força às custas de um rei omisso, já é possível detectar em Mereen focos do mesmo fenômeno durante a ausência de Daenerys. Como disseram, é uma cidade paralisada pelo medo, e não existe terreno mais fértil para a fé cega que a mente de um povo amedrontado.

Daenerys voltou às origens Dothrakis da primeira temporada, mas dessa vez em uma posição bem diferente. Antes, era uma menina assustada, manipulada por um irmão tirano e rainha de um povo que não conhecia. Agora ela até tentou dar aquela carteirada de sempre com o nome gigante, mas parece que não funcionou como ela esperava. Na verdade, toda a ação envolvendo a Khaleesi foi um fiasco e só não foi a parte mais patética do episódio porque tivemos Dorne (já vamos lá, guente aí). Caras escrotos falando escrotices sobre ela achando que ela não entende a língua deles. Legal, mas só quando usaram pela primeira vez, lá na segunda temporada. Mulheres invejosas e querendo cortar a cabeça dela só porque ela é loira? Piadinhas sobre “nossa, ver mulher pelada é a melhor coisa do mundo… depois de várias outras”? Aquele Khal canastrão que não chega nem aos pés do Drogo? Não, gente. Voltem duas casas porque não rolou.

E aí Dorne. É sempre triste falar daquele núcleo, porque tudo que sai dali é equivocado. Entre diálogos pobres, personagens mal construídos e situações bizarras, só dá pra imaginar que Oberyn era maravilhoso daquele jeito porque jogou seu lindo corpo moreno no mundo antes que ficasse quem nem o resto daquela galera. A única explicação para um homem do tamanho do escudeiro de Doran cair com uma facadinha daquelas é que tivesse algum veneno paralisante na lâmina. E olhe lá. Montanha demorou bem mais para cair com a lança envenenada da Víbora Vermelha. Trystane dando as costas para uma garota armada não dá pra defender, mas e aí? Três bastardas matam a realeza e acham que tá liberado governar? Isso não deveria ficar assim, mas Dorne tem se saído tão mal que eu estou torcendo para que deixem tudo por isso mesmo e nunca mais voltem lá para  mostrar no que é que deu.

Sem o paralelo com os livros, temos pela frente uma temporada spoiler free. Isso é ótimo, porque mesmo depois de cinco anos, boa parte dos fãs nunca compreenderam completamente o fato de que a série é um outro produto, com dinâmicas e escolhas narrativas distintas. Por outro lado, é impossível negar que existe uma apreensão sobre o que os roteiristas farão com a trama, agora que a cobrança por “fidelidade” à obra original não existe mais. Nessa premiére, algumas coisas funcionaram muito bem, outras não chamaram a atenção e houve ainda aquelas que ficaram péssimas. Mas ainda é cedo para qualquer tipo de conclusão. Vamos aguardar os próximos episódios!

melisandre

Algumas observações:

– Cersei deve ter tratado das feridas no pé com corticoides, estava com a cara inchadinha, coitada.

– A mulher pensando que Tyrion era comunista e queria comer o bebê dela no café da manhã. Impagável.

– Sdds Gendry. Sdds Bran. Sdds Rickon.

– Nossa que fofo o Ramsay velando a Myranda e… OIQ?? ELE VAI DAR ELA PROS CACHORROS??

– Melisandre com certeza comprou aquele colar na revistinha de produtos Ivone.

Gostou da premiére? Já colou o queixo de volta na cara depois de descobrir sobre a verdadeira forma da Mulher Vermelha? Deixe seu comentário e até semana que vem!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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