Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

Game of Thrones – 6×02 Home

Por: em 2 de maio de 2016

Game of Thrones – 6×02 Home

Por: em

Em resumo: Home foi um episódio fantástico. Com todos os núcleos funcionando como deveriam, alianças que são consequências diretas dos atos do passado, traições, mortes e, é claro, o retorno mais esperado de todos os tempos pelos fãs  dos livros e da série. Pode não ter sido o melhor episódio de Game of Thrones, mas foi uma síntese daquilo que a série pode apresentar de melhor, e ainda conseguiu trazer um novo elemento igualmente empolgante.

bran-corvo

Enquanto assistíamos às longas sequências de Bran andando na garupa de Hodor, ou líamos os seus enfadonhos pontos de vista nos livros, pensávamos “pra quê mesmo continuamos acompanhando esse menino?”. Depois de uma temporada inteira sumido (e se alimentando de fermento, pelo visto), Bran voltou justificando seus dois anos cansativos de jornada. Além de desenvolver melhor os próprios poderes, ele nos levou até um passado que até então só conhecíamos pelas lições sobre a árvore genealógica da família que ele recebia lá na primeira temporada.

O flashback teve aquele clima feliz que não se via em Winterfell de o piloto da série. Antes dos cachorros e dos esfolados, aquele foi o lar dos Starks, e antes que se separassem e começassem a morrer, aquela era a família mais nobre de Westeros. Não no sentido de possuir muitos títulos de nobreza, mas pela honra, lealdade e pelo senso de justiça e de coletividade que eles tinham uns com os outros e com a comunidade que os cercava. Reencontramos Ned, desde tão cedo um irmão protetor e generoso, Benjen, tentando ser um grande guerreiro, e Lyanna, com uma personalidade tão parecida com a de Arya – o que nos leva a um certo ponto de reflexão. Se uma geração antes de Arya e Sansa, Lyanna pareceu criada com mais liberdade e de forma mais igualitária em relação aos seus irmãos, por que Ned tentou por tanto tempo fazer sua filha caçula se adequar ao padrão de princesa que ela sempre desprezou? Talvez ele considerasse que o temperamento impulsivo e indomável de Lyanna a tenha levado a um destino que ele não queria que Arya tivesse.

Mas por mais que o passado fosse agradável de se ver, o presente também reservava grandes surpresas. Na mesma Winterfell da infância de Ned, Benjen e Lyanna, agora quem dá as cartas é Ramsay. Depois do sumiço de Sansa, ele precisava lidar com dois problemas em potencial: a falta de apoio político no Norte, e o seu novo irmão, um Bolton legítimo desde o nascimento. A governança inconsequente de Robb garantiu parte do apoio político que ele precisava, já que os Karstark se tornaram “oposição” aos Stark depois que o Rei do Norte decapitou o líder da Casa. O restante ele conseguiu com aquele jeitinho que a gente já conhece. Não esperava que ele matasse seu pai daquela forma, naquele momento, mas não dá pra dizer que é uma atitude incompatível com o personagem. Afeição nunca o impediu de ferir ninguém, e se ele estava encurralado, por que não? O destino de sua madrasta e seu irmão foi ainda mais terrível, já que ao contrário de Lorde Bolton, eles eram absolutamente inocentes, mas ele não poderia se dar ao luxo de deixar pontas soltas naquele momento.

Os Lannisters estão em um momento particularmente estranho. Eles já não possuem tanto dinheiro, perderam influência política depois da morte de Tywin – o que os levou a cair na armadilha da falsa aliança com os pardais – perderam prestígio depois que Cersei foi exposta, perderam força, já que o grande campeão Jaime agora é um homem de uma mão só que teve a filha assassinada sob o próprio nariz, e, apesar de manterem o trono (embora, teoricamente, Tommen seja um Baratheon), o rei já não possui poder algum sobre Westeros. O Montanha zumbi pode até tentar lavar a honra da rainha em doses violentamente homeopáticas, mas ou eles encontram uma forma de se reerguerem rápido, ou acabarão destronados e destruídos.

tyrion

Aliás, vamos combinar que desde que deixou Westeros por ter matado seu pai, Tyrion não teve mais o destaque de antigamente. Embora continuasse sendo um personagem querido, aqueles plots de mercadores de pinto de anão não estavam à altura dele (ou estavam, com o perdão do trocadilho). Nem a parceria repentina com Daenerys parecia ter feito um grande progresso. Mas vê-lo descendo para libertar os dragões foi surpreendente, e por mais insano que pareça – ou que seja, de fato – foi uma atitude completamente racional e planejada diante dos conhecimentos  estratégicos que sempre foram a maior força dele. Sua cabeça dizia três coisas: que Daenerys sem dragões não seria nada, que os dragões acorrentados não durariam muito e que apesar de temíveis, eles não eram bestas completamente irracionais. Com uma boa dose de coragem e um teor etílico elevadíssimo no sangue, ele fez o que precisava ser feito em uma sequência tensa, emocionante e bastante significativa, se considerarmos que apenas Daenerys conseguia lidar com os dragões com tanta proximidade, e que até então, Tyrion era um completo desconhecido deles. Foi mesmo por acaso que eles se deixaram ser tocados por ele, mesmo famintos?

Na quinta temporada, Daenerys dizia que não pararia a roda, ela destruiria a roda. Bem, pelo que estamos vendo, a roda do poder esta se auto-destruindo mais do que nunca. No episódio passado, as bastardas de Dorne acabaram com os líderes da Casa Martell, há pouco, Ramsay, ex-bastardo, exterminou o pai e o irmão Boltons. E pelo que vimos, a Casa Greyjoy está prestes a entrar em colapso com o retorno de Euron. Balon já estava com dificuldades para manter os seus unidos, Asha, embora respeitasse as decisões do pai, discordava das suas prioridades, mas o assassinato de um rei deixa à mostra as chagas da família. Theon está voltando para casa no momento mais delicado de todos, diferente de tudo o que ele já foi um dia. Ele não é mais um príncipe, não é mais um refém, mas também não é mais o escravo que Asha falhou em resgatar das mãos de Ramsay. Ele é um homem completamente novo, alguém que nós ainda não conhecemos. O caminho esperado é que Euron seja o novo rei, mas será que o destino das Ilhas de Ferro é mesmo tão previsível?

Chegamos então à Muralha, que assim como Bran, se arrastou com tramas pouco interessantes durante quatro temporadas, melhorou na metade da quinta e é para onde todos os olhos estão verdadeiramente voltados neste sexto ano. A aliança com os selvagens custou a vida a Jon Snow, mas garantiu a sobrevivência dos seus aliados e de Sor Davos quando eles se recusaram a compactuar com o golpe em Castle Black. Aqueles que eram leais a Jon, resistiram até o limite, já os corvos que compraram a versão de Thorne preferiram se render antes que a luta começasse de fato. Eles estavam em desvantagem, e só se parte para o ataque nessas condições se você tem algo muito forte em que acredita. Definitivamente, apoiar um grupo de traidores não é um bom motivo para morrer.

Vamos falar sobre Melisandre. Aquela que fazia parte da lista da morte da Arya – e só por isso todo mundo já queria ver vestindo o paletó de madeira – e que mandou queimar a pequena Baratheon mais carismática que já existiu. Quem diria que ela seria a maior esperança para esse povo nortenho sofrido que aguentou Ned sem cabeça, Robb esfaqueado, Cat da garganta cortada, mas se recusou a acreditar que aquele era o fim da linha para Jon Snow? Perder Stannis e Jon inegavelmente abalou a fé da Mulher Vermelha. O corpo velho que ela revelou na premiére foi mais que uma reafirmação da sua verdadeira idade, foi a representação da vulnerabilidade em que a personagem se encontra nesse momento. Melisandre viveu todo aquele tempo acreditando na sua missão, acreditando que tinha um papel importante para realizar os planos reservados para o seu deus, mas tantas batalhas perdidas destroçaram a confiança que ela passou tantas décadas solidificando. Surpreendente tivemos Sor Davos como o responsável por reacender a faísca que ela precisava para aquele feitiço. E, é claro, surpreendente ver Snow renascido.

jon

Por mais que eu tenha ressalvas sobre o plot – e não são poucas, btw – foi uma cena de tirar o fôlego. Estamos acostumados a ficar de boca aberta sem reação depois dos créditos finais de Game of Thrones, mas normalmente isso acontece após a morte inesperada de algum personagem querido. Ficar assim por alguém voltando à vida é inédito. Se vai ser bom ou não, é uma questão que a gente deixa para os próximos episódios. Agora é melhor só comemorar mesmo, porque ele tá vivão, galere!

Algumas observações

– Sim, fiquei surpresa com Jon voltando, com Lorde Bolton morrendo, etc. Mas sabe o que realmente me deixou pas-sa-da? O Hodor falando.

– Pulei a Arya porque acho que ela ainda está em stand by nessa temporada.

– Sansa também não teve avanços, só serviu mesmo para mostrar que Theon tá voltando.

– Jaime poderia ter matado o responsável pelo vexame da Cersei ali, mas foi esperto em não entrar naquela briga naquele momento. O High Sparrow é como uma versão sem super poderes dos sem rosto de Braavos. Ele é mais uma ideia que um homem. Morre aquele, aparece outro igualzinho cinco minutos depois.

– Cersei não foi ao velório de Myrcella porque não quis. Se o Montanha zumbi desse um espirro ali, aqueles guardas atravessariam o mar estreito de Jet ski e se alistariam para o exército de imaculados de Meereen. Sem bolas, sem dignidade, mas com os miolos intactos graças aos antigos deuses e aos novos.

– Robb send his regards.

E você, também achou esse segundo episódio bem melhor que a premiére? Deixe seu comentário e até semana que vem!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

×