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Game of Thrones – 6×05 The Door

Por: em 23 de maio de 2016

Game of Thrones – 6×05 The Door

Por: em

The Door foi o episódio mais forte e desolador de uma temporada que até quando desacelera, continua mais intensa que qualquer uma das anteriores. O reencontro de Jon e Sansa em The Book of the Stranger deixou nossos corações felizes e quentinhos. Isso só poderia significar uma coisa: estávamos prontinhos para a devastação e o sofrimento novamente. Essa série é mais sádica que Ramsay e Joffrey jamais chegarão perto de ser.

sansa

O reencontro de Sansa e Petyr foi importante e teve um lado muito bom e outro nem tão bom assim. O lado bom foi, obviamente, pelas dicas que Sansa recebeu de Mindinho sobre um reforço mais que bem vindo para a retomada de Winterfell.  O joguinho de “Warsteros”  do Sor Davos mostrava, em uma matemática básica, que Ramsay tinha conseguido as maiores casas do Norte como aliadas, e que se quisessem ter alguma chance, precisariam captar o apoio de todas as casas “nanicas” – o que é muito mais difícil. Ao lidar com muitos grupos distintos, as chances de conflitos internos e traições é muito maior que nas grandes coligações de poucos grupos. Até porque, tendo a concordar mais com Sor Davos que com Sansa quanto ao fato de que, nortistas ou não, as pessoas não querem sacrificar suas famílias por uma causa perdida.

Se alguém ainda tinha dúvidas da transformação da ruiva, não deve ter restado mais nada depois do seu encontro com o antigo tutor. Ela foi firme, enfática e, apesar de falar sobre as maiores dores, não fraquejou ou se vitimizou. Foi como ver a Catelyn novamente. No fim das contas, a gente sabe que Petyr ainda tem o controle sobre todas as peças e que Sansa vai fazer aquilo que ele esperava mesmo, mas a forma como ela encarou a situação foi muito gratificante. O lado ruim fica por conta dos motivos que a levaram até ali. Por mais que o resultado final seja coerente, nunca vou aceitar que Game of Thrones tenha reproduzido o clichê de “empoderar” personagens femininas através do estupro. Recentemente Jodie Foster falou publicamente sobre esse problema. Quando a personagem cita a sua noite de núpcias e o que Ramsay fez com ela, é um lembrete muito claro: ok, o pai dele matou minha família, ele prendeu meu irmão, mas eu vou declarar guerra porque ele me estuprou.

Bem longe de Sansa, Arya passou pelo seu momento mais interessante da temporada, voltando a cumprir missões para tornar-se ninguém. A peça que assistiu tomou um certo tempo do episódio, mas reforçou um ponto interessante: a história é sempre contada pelo ponto de vista dos vencedores, nem sempre verdadeiro. Quando Robert tomou o trono e destruiu os Targaryen, a história que se contou foi a de um rei louco, com uma família de loucos e um príncipe que sequestrou Lyanna Stark. Agora que os Lannisters são a casa oficialmente mais poderosa de Westeros, vemos Robert ser retratado como um rei nojento, Joffrey e Cersei como nobres e justos, Ned como um tolo ambicioso, Tyrion como uma aberração de caráter duvidoso e Sansa fetichizada através das violências que sofreu. Arya pode ter sobrevivido à água e recuperado a visão, mas continuo acreditando que ela nunca estará pronta para ser uma serva. Ela tem uma cabeça pensante que não serve só pra planejar e executar assassinatos, mas também para analisar e questionar o que está por trás daqueles pedidos. No fim do dia, o senso se justiça dos Starks ainda fala mais alto no ouvido da garota que não tem nome.

daenerys

Sim, eu sei que nada se compara à sequência final, mas meus olhos ficaram levemente suados assistindo ao reencontro de Daenerys e Sor Jorah. Próximo de morrer ou ficar em um estado pior que a morte, ele reafirma o amor e a lealdade que sempre deve pela garota Targaryen, e nesse momento ela acaba percebendo que, por causa do orgulho, acabou condenando seu seguidor mais fiel. Em “daenerês”, a ordem para que ele procurasse uma cura foi, basicamente, um pedido para que o amigo não desistisse da vida. Emlia Clarke se sai bem nas cenas em que é forte e dá a volta por cima, mas nos grandes momentos de emoção da personagem, como a morte de Drogo, a descoberta da traição de Jorah e, agora, a sua despedida, ela deixa um pouquinho a desejar. Apesar das boas intenções, não foi uma ordem tão boa assim. Talvez Jorah tivesse mais chances retornando a Meereen, agora que eles têm uma cover da Melisandre por lá.

Aliás, parece que finalmente as coisas estão ficando movimentadas para o leste. Daenerys passou as primeiras temporadas isolada dos outros personagens e tentando voltar para Westeros, mas enquanto esse momento não chega, ela vai montando suas alianças quase que involuntariamente, atraindo o interesse dos rejeitados e perseguidos como ela. Yara chegou muito perto de conquistar o lugar do seu pai, mas francamente, como aquilo daria certo? Como ela governaria um bando de broncos que só aceitou a sua legitimidade quando Theon disse que por ele, tudo bem? Que foram leais por apenas cinco segundos, até a chegada de um quase desconhecido com promessas estranhas? Da mesma forma que é difícil visualizar Yara naquela posição, é ainda mais improvável acreditar que Daenerys aceitaria governar ao lado de Euron. As duas juntas sim formam uma parceria interessante.

A trama de Bran é a prova de que em Game of Thrones, tudo é calculado desde o início, o que me dá uma certa tranquilidade de ver coisas acontecendo na série que não estão nos livros, por exemplo. As duas obras podem seguir caminhos diferentes, mas elas sempre vão convergir para o mesmo fim. Bran passou muito tempo nessa missão ao lado de Hodor e Rickon, encontrando aliados valiosos pelo caminho até o corvo de três olhos. Para evitar a repetição ou o desgaste do plot, a série inseriu alguns quase reencontros com Jon e uma pausa estratégica no quinto ano para que o personagem voltasse com mais força e dentro de um contexto bem mais interessante.

bran

É o sexto ano da série, e analisando de forma geral, dá pra ver que ela já começou a se encaminhar para uma conclusão. Pode ser longa, ter reviravoltas e reposicionamentos, mas sem dúvidas Bran vai ter um papel fundamental neste desfecho, seja por ações que ele já realizou ou que ainda vai realizar. Desde que deixou Winterfell para fugir de Theon e ir atrás do que ele sabia ser o seu destino, Bran recebeu ajuda de pessoas dispostas a se sacrificarem para que ele seguisse em frente. Não só pessoas, aliás. Filhos da Floresta, seres mais antigos que os primeiros homens, também  morreram para mante-lo vivo. Isso certamente indica algo muito grande pela frente.

Bran vinha evoluindo ao controlar seus poderes, mas existia algo que ainda não conseguia superar: a impaciência. A imprudência de se transportar sozinho e não saber direito como voltar trouxe consequências inimagináveis. Ele revelou a sua localização para os Vagantes Brancos, permitiu a entrada da horda de mortos na árvore e nos levou a uma das sequências mais devastadoras da série. Sua “aventura” custou a vida de praticamente todos aqueles que o protegeram durante todos esses anos. Verão, o Corvo, os Filhos da Floresta e Hodor. Se isso não der um pingo de maturidade pra ele, é um caso perdido.

Se antes as visões de Bran aconteciam com ele apenas de espectador, sem poder de ação naquelas cenas, agora tudo mudou. Bran tem sim a capacidade de interferir naquilo que vê, e foi por sua causa que Hodor repetiu a mesma palavra a vida inteira. Da infância até o último dia, o propósito da sua vida foi segurar aquela porta para que Bran seguisse em frente. Isso é tão cruel, tão triste e tão doce que simplesmente não dá pra digerir. A questão é: o que mais Bran fez/fará? Hodor foi de fato o único influenciado pelas ações dele? Será que ele teve participação em outros acontecimentos importantes da história de Westeros?

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Algumas observações:

– Varys tomando um vrá da cover da Melisandre, coitado, deu dó.

– Que bonito ver a cerimônia de coroação do Euron. A mitologia de GoT é riquíssima, e esses momentos são super valiosos para a série.

– E a origem dos vagantes brancos, gente? Só bomba nesse episódio.

– Quando o corvo falou “The time has come”, eu completei mentalmente com “for you to lipsync… for your life!”.

– Ah vá. Seria legal ver o vagantão badass dublando contra o Hodor pra saber quem ficaria vivo.

– Estamos de olho em vocês aí querendo nos enganar que não estão matando os Starks, mas acabando com os lobinhos. Eles também são da família, ok? Entram na conta também.

– Achei que quem fazia Joffrey na peça era menina, aí na cena seguinte deram um close no pinto. TÁ BOM ENTENDI

– No fim das contas, fiquei aliviada de que aquela teoria do Hodor ser um cavalo não era verdadeira.

– Eu sei que vocês shippam Brienne e Tormund, mas a loirão fica tão desconfortável com aqueles olhares invasivos do gigante ruivo que eu me sinto meio mal por ela. Não que não possa mudar de ideia no futuro, mas ainda não rolou.

– HOLD THE DOOR!

Chegamos à metade do sexto ano e so far, so good! Provavelmente nossos corações ainda serão muito quebrados até o fim da temporada, então compartilhem seus sentimentos comigo nos comentários e me ajudem a segurar essa porta que é gostar de Game of Thrones (didididididiês).


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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