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Game of Thrones – 6×10 The Winds of Winter (Season Finale)

Por: em 27 de junho de 2016

Game of Thrones – 6×10 The Winds of Winter (Season Finale)

Por: em

The Winds of Winter foi mais que uma season finale. Cheio de desfechos, respostas, revanches e esperança, é um episódio que em muitos aspectos cumpriria a função de um series finale. Ao mesmo tempo, as questões deixadas em aberto provam que a série ainda tem muito a fazer nas suas últimas temporadas, e que eles definitivamente sabem para onde estão indo.

cersei

O décimo episódio de Game of Thrones costuma ser um momento de transição e de calmaria depois do caos que tradicionalmente se instala no nono. Isso explica a sensação de copo meio vazio que ficou dos acontecimentos em King’s Landing. No ano passado, a temporada terminou com a caminhada de Cersei e sua promessa de vingança a todos os responsáveis pela sua humilhação. Dez episódios depois, e a rainha colocou em prática um plano de vingança que deixou as quatro temporadas de Emily Thorne no chinelo.

Discretamente, pelos becos, usando criancinhas e velas, ela fez o que o Rei Louco não conseguiu porque gritou demais antes da hora. Cersei explodiu o Septo de Baelor com todos os seus inimigos dentro, e se encarregou de cuidar com carinho especial daqueles que não estariam lá. A visão de Bran se realizou, os Pardais foram destruídos junto com o futuro da Casa Tyrell e agora Westeros tem uma nova Rainha. Apesar de todas as comparações com o pai de Daenerys, eu não vejo loucura alguma em Cersei. Vejo ódio, vingança, frieza e muita inteligência. Vejo uma mulher que cometeu um erro gravíssimo, foi aniquilada por causa dele, mas renasceu das cinzas para reduzir a pó quem estava no seu caminho. Mesmo depois de perder seu último filho – e todo mundo sabe o quanto os filhos eram importantes para ela – não houve nenhum resquício de insanidade naquele olhar. Pelo contrário, acho que a viúva de Robert está mais forte do que nunca para enfrentar as ameaçam que vêm do Norte e do Leste.

Mas o que sobra de força interior e presença de espírito, falta em apoio político para Cersei. A Casa Baratheon está extinta, assim como os Freys (calma que chegamos lá!) e os Martell. Dorne agora está nas mãos das bastardas, que junto com Olenna e Yara, lutarão por Daenerys. A mãe dos dragões chegará a Westeros com as alianças articuladas por Varys, três dragões, Imaculados, Dothrakis, navios e o cérebro de Tyrion. Nem todo fogo-vivo de Cersei poderiam vencer esse arsenal super potente.

daenerys

Daenerys está mais preparada do que nunca. Ela sobreviveu contra todas as expectativas e chegou mais longe que qualquer conquistador. Foram seis anos acompanhando a jornada da garota Targaryen, que nem sempre parecia sair do lugar, mas a reta final desta temporada mostrou que seus passos não foram em vão. A conversa com Tyrion foi um grande momento para os dois personagens, principalmente para Tyrion, que passou este ano inteiro sendo mal aproveitado. Depois de tudo, ele voltou a ser a Mão. E desta vez, a de uma rainha em quem ele realmente acredita. A despedia de Daario poderia ser um momento emocionante, mas não comoveu em nada. A verdade é que, desde a troca de atores, o personagem nunca mais funcionou como deveria, e neste episódio foi reduzido a uma confirmação de que Daenerys está disposta a fazer sacrifícios para conquistar o Trono de Ferro.

Além de Cersei e Daenerys, o Norte também se movimenta. Com a queda de Ramsay, houve um momento de dúvida sobre quem deveria governar o lar ancestral dos Starks. As casas nanicas ainda estavam relutantes e mais uma vez Lyanna Mormont entrou em ação para  lembrar aquele bando de marmanjos quem mandava na bagaça. Depois de tanto tempo, enfim o Norte se lembrou, se reuniu e aceitou Jon Snow como seu legítimo Rei. Apesar de tudo, ainda o vejo muito mais como um grande general e um líder militar que um governante. Jon já se mostrou ingênuo demais para jogar o grande jogo, e eu sei o quanto o fandom sonha com isso, mas não consigo imagina-lo no Trono de Ferro. Faz muito mais sentido que ele lidere um exército para defender Westeros da ameaça do Rei da Noite enquanto Daenerys e Tyrion lidam com a política e as batalhas entre os vivos.

E é bem óbvio que Mindinho não vai deixar tudo por isso mesmo, né? Ele começou as grandes guerras, e em seu diálogo com Sansa, deixou claro que todos os seus passos são muito bem calculados para uma única direção: sentar no trono com um uma ruiva ao lado. Não conseguiu com a Cat, foi atrás da Sansa. Depois de chegar tão longe, ele não vai simplesmente abrir mão disso e se curvar a Jon como todos os outros. Suas ambições são maiores e, cedo ou tarde, ele vai voltar a articular para alcança-las. Só que ao se revelar para Sansa, ele deu a ela uma vantagem, e no presente momento, ela é a única pessoa nos Sete Reinos em posição de dar um xeque-mate no jogo de xadrez que Petyr montou durante todos esses anos.

jon

Um dos momentos mais esperados de todos os tempos era a revelação sobre a mãe de Jon Snow, e finalmente confirmaram o que todo mundo já imaginava: o bastardo de Ned Stark, é, na verdade, filho de Lyanna Stark e Rhaegar Targaryen. Sobrinho de Daenerys. Que Ned prometeu criar como filho para que Robert não o matasse. Para o público foi uma revelação importantíssima, mas dentro da série não existe exame de DNA, então Jon continua sem nenhuma legitimidade oficial de reclamar o trono. E por mais feliz que eu esteja de terem tornado real a maior das teorias, continuo achando o timing ruim. O episódio foi longo, a revelação não trouxe nenhuma consequência direta nos fatos do presente e Bran não interferiu em nada no passado por estar dentro da visão. Se tivessem mostrado a sequência inteira em Oathbreaker, ela seria mais impactante, o episódio não teria sido aquela decepção e a sexta temporada teria sido impecável do início ao fim.

Já a vingança de Arya foi linda sem tirar, nem pôr. Desde o momento em que apareceu servindo Jamie e Bronn, ela compartilhou seu segredinho com o público. Eles ainda não sabiam, mas quem estava do outro lado da tela certamente não se deixou enganar por aquele rosto desconhecido. A gente sabia o que estava por vir, e esperar pela morte de Walder Frey foi bem melhor que saborear a torta de ratos que Arya Carosella-Stark preparou para o traidor da sua família. Não precisamos de Lady Stoneheart na série, a Arya já cumpre muito bem essa função e eu só lamento que o Jamie tenha saído de lá antes que sobrasse pra ele também. Com a morte dos Freys e de Tommen, Edmure fica praticamente livre para unir forças com os Starks – o que deixa os Lannisters em uma situação cada vez mais difícil.

O ponto mais alto da sexta temporada, para mim, foi a forma como Game of Thrones fez uma autocrítica a respeito do próprio sexismo e construiu uma trama que respeita e representa mulheres à altura do universo criado por GRRM. A nudez feminina foi usada apenas quando era um elemento extremamente necessário para a trama, e não mais como paisagem. Os estupros gráficos desapareceram (em outros tempos, veríamos um close-up do Montanha com a septã Unella). E praticamente todas as grandes tramas estão sendo articuladas por mulheres. Cersei, Daenerys, Sansa, Arya, Lyanna, Melisandre e Yara estiveram à frente da maioria das viradas. Brienne, Meera, Missandei e Gilly também enfrentaram grandes desafios ao longo da temporada e sobreviveram, inabaláveis. Isso não apaga um passado de sexismo e de equívocos, mas prova que a HBO soube ouvir as críticas, absorve-las e seguir adiante de uma forma mais digna.

lyanna

Além disso, foi uma temporada cheia de ritmo, de reencontros e de momentos inesquecíveis. Colocando tudo na balança, morreram mais personagens odiados que queridos, e o roteiro foi bem generoso com os fãs ao confirmar algumas teorias e enterrar definitivamente outras. Não esperava que Game of Thrones pudesse, depois de seis anos, entregar a melhor temporada de todas, mas eles conseguiram. Esta season finale foi a coroação de um belo trabalho que, infelizmente, está muito próximo do fim. Mas até lá, ainda tem muita coisa pra discutir e especular, né?

Algumas observações:

– Já comecei emocionada com o lobo em Winterfell na abertura.

– Melisandre foi poupada por Jon, mas vagando sozinha por aí, é questão de tempo até que ela finalmente reencontre a Arya. Aí pode começar a rezar.

– Que cena perturbadora daqueles passarinhos esfaqueando o Pycelle. Acho que nem ele merecia aquele fim horrível.

– Daenerys não sentiu nada dispensando o Daario porque já está de olho na Yara.

– Aliás, considerando que praticamente todos os reis estão mortos e que o Jon é mesmo seu sobrinho, a Yara é realmente a opção mais viável de casamento que sobrou pra ela. Ou a Olenna.

– Tommen fazendo a Anna Morgan: #JáFoiTarde.

– A Natalie Dormer já tinha dado a entender em algumas entrevistas que a Margaery iria rodar nessa temporada, então não foi uma surpresa… mas mesmo assim doeu. Doeu bastante. Queria mesmo que ela estivesse lá para fazer parte da era das rainhas.

– Em compensação… NÃO TEM MAIS PARDAL! \O/

– Sam entrando na biblioteca parecia até a Bela ganhando a biblioteca de presente da Fera.

– Aí botam o nome do episódio de Ventos de Inverno e os vagantes nem dão o ar da graça. Ok.

– Acho que a Brienne remou pelo mesmo rio do esquecimento que o Gendry.

Foi um prazer enorme cobrir essa temporada linda com vocês. Agradeço por todos os comentários, todas as discussões, pelas opiniões que concordavam, discordavam ou complementavam as minhas. Metade da graça disso tudo está no que vem depois da review. Obrigada pela companhia, até a próxima e não perca a última chance de deixar o seu comentário!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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