O episódio acabou. E o silêncio aqui é ensurdecedor!
Foram precisos alguns segundos para que eu notasse que passei o tempo todo pressionando entre os dedos, a sacola plástica que outrora mantinha aquecido aquele meu lanche rápido na hora do almoço, enquanto assistia à série pelo celular.
O episódio da semana marca a história de Grey´s Anatomy não apenas por ser o de número 250, mas por deixar claro o porquê do sucesso da série mesmo depois de tantos anos e polêmicas. Afinal, Grey´s é muito mais que um seriado ambientado em um hospital. É uma série composta por uma equipe de artistas, produtores e roteiristas, competentes, mestres na arte de contar uma boa história. E foi isso o que eles entregaram em Guess Who´s Coming to Dinner; e se o cliffhanger da semana passada fez com que fosse impossível perder o que estaria por vir, o mais impressionante de fato foi ver que a força deste episódio não esteve nos diálogos, mas sim na angústia do não dito, na inquietude do silêncio. Fazendo com que a gente sofresse junto com Meredith, acompanhando cada segundo na mais extrema tensão e atenção. A ponto de, como eu disse, demorar um tempo pra “voltar” depois que a logo com os dizeres Grey´s Anatomy em branco se contrastou com o fundo preto na tela anunciando o final do episódio
Se muita gente, assim como eu, esperava por um episódio com grandes momentos de choro, reforço que só houve espaço para um sentimento: a dor; da angústia gerada em nós desde o momento em que Penélope é recebida e identificada por Mer – enquanto a namorada de Torres ganhava aos poucos a simpatia de todos – ao choro contido, seguido do discurso explosivo e emocionado em que a verdade sobre a origem de Penny é anunciada aos convidados, o que se viu foi que a dor nunca caminha só, no caso do jantar, ela veio acompanhada pela ironia. Ou mais alguém achou que colocar Penny à direita – lugar de destaque segundo as regras de etiqueta – da anfitriã foi mera coincidência?
O fato é que não existem meios de se evitar o sofrimento ao revisitarmos nossas perdas. Na verdade, aos que ficam, resta pouco mais que apenas aprender a conviver com o sentimento de saudade e as inúmeras perguntas que nunca serão respondidas. Tanto que muitas vezes se faz “mais fácil” apontarmos nossa energia na busca e identificação de um culpado. No caso de Grey´s Anatomy este papel coube à Penélope, apresentada a nós expectadores não só como a namorada de Callie, mas também como nova integrante do Grey & Sloan Memorial Hospital. Ao passo que era introduzida em meio a grande parte dos personagens como a personificação da morte, responsável por Derek não estar mais entre eles. Fazendo com que eu me lembrasse de um detalhe: talvez seja injusto apressarmos nosso julgamento e defini-la assim. E se logo nas primeiras linhas congratulei a equipe pelo sucesso de Grey´s, tomo a liberdade em parabenizar especialmente os roteiristas, pela forma como conduziram a história, nos prendendo aos olhos aflitos de uma Meredith absorta em tamanha ironia do destino, contrastado à angústia vivida sob o olhar de Penny, dividida entre o ir e o ficar. O desconforto é o elemento responsável por introduzir grande parte dos outros plots da temporada. Ora mais leves, ora mais indigestos, mas sem deixar de cumprir seu papel ao mostrar como parte das relações será construída daqui pra frente, ou em alguns casos – como o de Stephanie e Jo – desconstruída.
Como eu disse, Grey’s ainda tem muito pra dizer e eles sabem como fazer isso. Uma outra analogia que caberia aqui é a de que, infelizmente, quando tomamos conhecimento sobre algo, isso muda nosso ponto de vista a respeito de todo o resto….e vocês, o que acharam do episódio? Não deixem de dizer pra gente se estão curtindo a 12ª temporada de Grey´s Anatomy, nem o que acharam da entrada de Penny para o staff do GSMH.
