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Homeland – 6×05 Casus Belli

Por: em 21 de fevereiro de 2017

Homeland – 6×05 Casus Belli

Por: em

Homeland precisava de um episódio como Casus Belli para mostrar que ainda sobrevive. Que ainda sabe fazer a audiência tremer, surtar, chorar e ficar chocada por causa de uma trama consistente, e não por recursos baratos. Essa é a série que conquistou tantos fãs e tantos prêmios, e é bom vê-la de volta, ainda que só por um episódio.

É cedo para tirar qualquer conclusão, e praticamente garantido que o cenário ainda vai mudar muito até o fim da temporada, mas absolutamente todos os elementos deste episódio apontam para a CIA – encabeçada por Dar Adal – como orquestradora do atentado. Eram eles que estavam vigiando Carrie, eram eles que precisavam de algo que pressionasse Keane sobre a política de tolerância. Foi Adal quem procurou Carrie no dia anterior pedindo para ela desistir – uma espécie de “última chance”, talvez. Como o próprio FBI afirmou, só a CIA e a NSA poderiam ter acesso às gravações, e quem entregou para Carrie tinha um interesse explícito de libertar Sekou, justamente para comprometê-la.

Foi um ataque calculado em seus mínimos detalhes. Apenas duas pessoas morreram – menos que em muitos acidentes de trânsito – mas foi o suficiente para causar comoção, histeria e pânico. O suficiente para deixar a imprensa sensacionalista pedindo medidas drásticas de Keane. O suficiente para colocar Carrie no fogo e exposta diante da opinião pública. Imagine o que o povo americano vai pensar quando descobrir que a mulher que libertou o “terrorista” é conselheira da presidente eleita? O isolamento dela, devidamente registrado e vazado como se fosse um ato de covardia, a falta de contato com a sua própria equipe, Dar Adal se apresentando como alguém de boa vontade no momento em que a única informação que ela tinha era a que ele forneceu. E tudo isso acontecendo justamente no período em que Saul estava ausente.

A série deu todos os indícios de uma vez só, como quem entrega de bandeja uma resposta sem precisar pronuncia-la, sem subestimar a nossa capacidade de entender e juntar as peças. Mas foi tudo tão precoce que deixou a suspeita de que o óbvio não é tão óbvio assim. Que a coisa toda pode virar porque ainda tem muita temporada pela frente. De qualquer forma, o saldo é positivo. Casus Belli foi um episódio impecável, que segurou a tensão de diferentes formas, construiu uma narrativa crescente, pulsante, envolvente e que trouxe de volta tudo aquilo que Homeland tinha perdido. Até mesmo no aspecto psicológico.

Porque é duro admitir, mas Quinn se tornou um personagem muito estranho depois da quinta temporada. Um tipo de Frankenstein com retalhos de vários traumas costurados como partes do corpo. Existe uma certa intenção da série em fazê-lo assumir o lugar de Brody, e isso vai muito além do interesse romântico por Carrie. Só que estava dando muito errado. Quinn virou um apêndice de Homeland na quinta temporada, uma coisa meio sem função e que agora estava mais sem função ainda e atrapalhando o resto da trama. Em Casus Belli eles conseguiram mostrar que sim, ele está quebrado, traumatizado, tem sequelas físicas e psicológicas profundas, mas que em essência ele ainda é o Peter que conhecemos.

Ele é uma pessoa doce, que ama Frannie e é capaz de dar a vida para protegê-la, mas o seu quadro psiquiátrico faz com que essa proteção pareça um sequestro. Ele manca,  faz “potato-one-potato-two” para subir as escadas, mas consegue desarmar uma operação de resgate usando uma pistolinha só. Ele ouve zumbidos e vê as coisas embaçadas, mas ainda consegue dar um tiro preciso, porém não letal (como ele já deu na própria Carrie). Ele age como paranoico, mas seus instintos de espião ainda são certeiros e sozinho ele conseguiu uma pista fundamental para que Carrie chegue à raiz do problema. Quinn não foi mantido vivo só porque o público gosta dele, no fim das contas. Ele foi mantido vivo porque é uma peça importante da temporada… mais importante até que Saul, até o presente momento.

Fazer episódios com essa carga de adrenalina só é possível em dois tipos de série: as ruins, em que todos os episódios são cheios de ação, mas zero de roteiro, e as bem construídas, que gastam algum tempo armando o cenário e posicionando as peças para que quando a ação chegar, ela faça sentido e faça com que o público de fato se preocupe com o que pode acontecer com os personagens. Não há dúvidas de que Homeland está no segundo grupo, mas, para ser justa, é preciso reconhecer que a série anda tendo problemas na fase de preparar o terreno. Os roteiristas são brilhantes se considerarmos o fim, o ponto de chegada. Mas se considerarmos o caminho até ali, há uma falha enorme. Os episódios de transição são chatos, desinteressantes, desconectados. Eles precisam de soluções narrativas que tornem a temporada toda interessante, e não só esses momentos explosivos.

Algumas observações:

– Em um dia, Quinn é conhecido no país inteiro porque o vídeo do gás viralizou. No outro, a imprensa inteira filma a cara dele, mas ninguém percebe quem é o cara.

– Homeland também tem um Datena!

– Depois de tudo, fiquei em dúvida se a situação da Coreia que Saul foi investigar é real ou apenas uma encenação para mante-lo afastado enquanto tudo acontecia.

– Eu realmente acreditei que eles atirariam no Quinn. E fiquei emocionada com a Carrie protegendo ele quando a polícia invadiu.

Melhor episódio da temporada? Sim ou claro? E você, leitor, acha que a CIA está por trás do ataque ou eu estou mais paranoica que o Quinn? Deixe seu comentário e até semana que vem!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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