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Homeland – 6×12 America First (Season Finale)

Por: em 10 de abril de 2017

Homeland – 6×12 America First (Season Finale)

Por: em

America First encerrou uma das temporadas mais polêmicas de Homeland com um roteiro que seguiu a linha dos anteriores: controverso, dúbio, vago e extremamente político. Apesar de muita gente considerar Quinn o substituto de Brody, a season finale deu a entender que Elizabeth Keane é que veio cumprir essa função.

Mas antes de falar da presidente eleita, gostaria de começar essa review com as observações sobre o destino do “soldado tóxico”. Ainda é inacreditável o quanto eles conseguiram ferrar com o personagem e transforma-lo em um frankestein físico e emocional. Desde a quinta temporada estava claro que eles não sabiam como lidar com Peter Quinn, e apesar do trabalho brilhante de Rupert Friend, o que foi apresentado nesta temporada foi um personagem completamente inverossímil, ora genial, ora sequelado. Que sobrevivia a qualquer dano físico e continuava lutando de igual para igual com soldados treinados e em boas condições de saúde. A ideia foi construir uma jornada de redenção para que ele morresse como um herói, mas a forma como fizeram isso foi desleixada e muitas vezes irritante.

Sobre a morte em si, houve pouco impacto narrativo. O público já tinha chorado a morte de Quinn antes, inclusive de uma forma bem mais tocante, na season finale passada. E a forma como mostraram o luto de Carrie também não ajudou. Ela o viu morrendo em uma situação de tensão e depois deram um salto no tempo, quando ela já estava relativamente recuperada. Nem a foto que ela encontrou no meio das coisas dele foi suficiente para despertar alguma emoção à altura. É claro, ela já está cascuda depois de perder o Brody, o pai, e quase perder a filha, mas Quinn, como sempre, merecia bem mais.

Eu reclamei muito ao longo da temporada do plot do Dar Adal. Tudo muito exagerado, muito maniqueísta, muito fora do tom. Mas eles consertaram todos os erros que cometeram com o personagem nesta finale. Ele continuou fiel ao que o personagem é: torturou um senador para obter informações, ajudou Carrie a salvar Keane quando percebeu que as coisas estavam indo longe demais, está pagando pelos seus crimes na prisão – e reconhece que ultrapassou limites que não deveria ter ultrapassado – mas acabou tendo parte dos seus atos justificados porque, no fim das contas, Elizabeth realmente tem um lado perigoso.  Eu nunca vou entender a amizade entre ele e Saul, mas tem coisas na vida que realmente são inexplicáveis.

E no meio disso tudo, a presidente dos Estados Unidos. A trama de Elizabeth Keane nesta temporada foi quase introdutória, e, ainda que promissora, deixou uma sensação de que poderia ter sido trabalhada de um jeito mais ágil, mais cedo e mais consistente. A conspiração contra ela foi real, e de fato tudo estava armado para que ela nunca assumisse seu posto, mas suas atitudes contra Saul e Carrie mostram que existe uma motivação muito maior que auto-proteção ou até vingança contra a agência. Keane está agindo para neutralizar a CIA e qualquer um diretamente relacionado a ela, mesmo aqueles que se mostraram leais nos momentos de crise.

O olhar que o público e os personagens tiveram dela era quase o mesmo olhar que a sociedade americana tinha de Brody. Alguém que inspirava confiança, uma figura de coragem e resiliência. Mas, assim como Brody, Keane tem um lado sombrio e interesses escusos. Olhando deste jeito, Dar Adal se torna quase análogo a Carrie. A pessoa que detectou um problema, fez coisas ilegais e perigosas para provar seu ponto de vista, foi expulso, condenado e isolado, mas no fim das contas tinha razão. É claro que os métodos de Adal eram bem mais nocivos que colocar câmeras de espionagem na casa de uma família, mas essa foi uma virada que fez Homeland voltar a fazer sentido, retomando as suas zonas cinzas e deixando para trás a disputa de bem contra o mal que deu o tom da sexta temporada.

Foi um ano de transição, ilustrado pelo período entre a eleição e o início do mandato de Keane, e justamente por isso deixou mais pontas soltas que qualquer outro. Não sabemos o que houve com Javadi, não sabemos exatamente quem estava envolvido na conspiração contra a presidente, ou quem é o professor que Dar pediu para Saul procurar. Saul vai ficar preso por quanto tempo? Carrie vai recuperar Franny? E principalmente a pergunta que passou pela cabeça de Carrie na última cena: Quem é Elizabeth Keane e o que ela vai fazer agora?

Algumas observações:

– Max bêbado: para quê?

– Ainda tem gente acreditando que Quinn não morreu. Não, gente, chega! Uma morte falsa até vai, duas já é abuso.

– Aquela briga da Carrie e do Saul foi completamente sem propósito.

– Será que os robôs continuaram fazendo campanha contra Elizabeth, ou ela já caiu tanto na popularidade que nem precisa mais ser alvo deste tipo de estratégia?

E você, o que achou do episódio final e da sexta temporada de Homeland? Aproveite a última chance de deixar seu comentário!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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