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Maratona Gilmore Girls – 6ª temporada

Por: em 15 de novembro de 2016

Maratona Gilmore Girls – 6ª temporada

Por: em

Sabe, eu pensei que eu não tinha gostado dessa temporada.

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Achei ela arrastada (principalmente na sua segunda metade), pouco encantadora como as outras. Mas, conversando com minha amiga Julia, percebi que meu problema tem nome e sobrenome nesse sexto ano: Luke Danes. É polêmico, é confuso, é escroto – esse não é mais um episódio de Casos de Família, mas temos que falar sobre o que fizeram com esse personagem.

 

Lorelai (+ Luke e todo o resto)

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A sexta temporada foi bem complicada para Lor, uma verdadeira montanha russa de emoções. Quando começamos o ano, vimos um de seus piores momentos pela briga com Rory, que teve uma duração muito maior do que eu imaginava. O que foi mais interessante de tudo isso é que essa foi uma das poucas vezes que vi a personagem mantendo sua palavra até o final, já que isso significava o melhor para a sua filha. Foram momentos muito complicados e confesso ter sofrido bastante por ver as duas daquela maneira. Toda a estrutura da série é baseada nessa relação, o que tornou a quebra ainda mais importante para o desenvolvimento do roteiro. Sem dúvidas, o reencontro delas lá pelo oitavo ou nono episódio (palmas para minha sempre ausente memória) foi um dos pontos mais emocionantes da temporada – claro que dei aquela choradinha de leve porque não sou obrigado a ver as duas correndo de braços abertos e não me emocionar. Gosto da maneira que Lor segura a data do casamento por não conseguir tornar real algo tão importante na sua vida sem que a filha esteja por perto. No meio dessa briga, um dos momentos mais marcantes foi o batizado dos filhos de Sookie, quando elas ficam lado a lado e um estranhamento sem tamanho toma conta da tela ou no aniversário de Rory, quando Lor parece mais uma estranha do que a mãe da aniversariante. Foi bizarro demais ter que ver isso acontecer.

O lance é que em meio a seu caos particular, Lor sempre pode contar com o apoio de Luke, mesmo quando não quis acertar a data do casamento, mesmo quando adiava coisas que não precisava, pontos que orbitavam seu medo de comprometimento. Quando ela decidiu tudo – a data, o vestido, o lugar -, uma bomba tinha que explodir. A chegada de April é um pouco traumática para mim, porque tenho sentimentos dúbios com relação a personagem. Ao mesmo tempo que acho ela inteligente e engraçada, vejo ela como o ponto de transformação do Luke em alguém que me dá raiva. Sua postura conservadora no início é aceitável, mas não completamente. É complicado estar em um noivado, descobrir que tem uma filha e decidir guardar o segredo por estar processando a informação. O problema não mora aí, mas sim em tudo que vem depois. Luke simplesmente separa seus mundos, como se isso fosse possível e tudo isso pautado na desculpa de que, se Lorelai conhecer April, acabou para ele. Meu querido, vamos melhorar essa auto-estima? Vamos trabalhar essas questões de autoconfiança porque não dá para seguir assim. Eu fiquei com uma raiva dessa cena, que vocês não tem noção. Juro que pausei e voltei para ter certeza que ele realmente estava justificando tudo em ciúmes. E depois, quando não consegue dar conta de uma festa adolescente, liga imediatamente para Lor o salvar. Sabe? Me ajuda a te ajudar, Luke.

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Apesar de eu sentir que vou odiar Anna em algum momento da nossa trajetória pela temporada final, vejo uma postura muito sensata da personagem até aqui. Ela está cuidando da filha como qualquer mãe faria e é bem prudente que ela evite o contato com adultos aos quais pode se apegar e depois perder o contato (não que essa não seja uma realidade para qualquer pessoa adulta e serviria de ótimo aprendizado para a garota que já é bem grandinha, mas ok…). E, com isso tudo, Luke se perdeu completamente. Tinha tanta dor naquele término do final da temporada, que a cena machuca quem assiste. Lor está entregue de novo, pela primeira vez, e acaba percebendo que não tem o retorno que sempre quis (gostei bastante da participação da psicóloga que a Emily tentou arranjar para o Chris nessa trama). Só que como ela resolve isso? Vai para a cama com o imbecil do Christopher (que até foi bonzinho durante toda essa temporada, se prestou ao papel de pai algumas vezes, ajudou a filha, mas que eu ainda tenho um pouco de raiva dos atos passados – pode se orgulhar, Cristal). Ela claramente está o usando por saber que ele sempre estará disponível. Chris tem uma visão muito platônica de Lor, do seu primeiro amor. Ele sabe que ele perdeu uma grande oportunidade ao não ficar com ela, mas o verso não vale. Lor ama Luke e só está fazendo essa burrada por acreditar que não tem mais volta. Isso deve dar uma confusão tremenda na próxima temporada, quero nem ver.

 

Rory

Gente, primeira coisa que a gente tem que falar aqui: Rory fez o que deveria ter feito para evoluir. Tá bem?

Partindo disso, vamos deixar de lado a imagem de garota perfeita que a gente tinha lá da primeira temporada e encarar a personagem como uma mulher que cresceu, colocou seus sonhos na balança e percebeu que, talvez, estivesse caminhando na direção errada. Meus queridos, vou dizer para vocês, acho que eu penso nisso todo santo dia da minha vida, por isso super entendo a posição dela. Claro que as medidas foram desesperadas, sem contar a proporção que tudo acabou tomando, mas era um momento super importante para o que estava por vir. Não achei que isso descaracterizou-a. Pelo contrário, fez com que ela reencontrasse quem era a Rory de verdade, agora mais madura e segura de si. Foi estranho vê-la tanto tempo longe de Lor? Muito. Foi bom ela perceber que a atmosfera da mansão Gilmore não era as maravilhas que sempre pensou? Muito também. Acho que tudo pode ser bem resumido em um ano de evolução.

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O que mais me agrada é perceber que o ponto de partida para ela voltar a si vem do seu encontro com Jess, que volta mais adulto, evoluído e com um direcionamento que jamais esperávamos ver depois daquele garoto tempestuoso que conhecemos ao longo de duas temporadas. Isso me dá uma felicidade tão grande, que eu quase consigo superar o fato de que vocês viveram em um mundo em que esse foi o final do casal. Jess entende Rory de uma maneira que nenhum dos outros garotos entende. Melhor, Jess nunca pediu que Rory fosse alguém além de si mesma e isso é muito legal em um relacionamento. Por isso, me uno ao time de pessoas que estão fazendo um grupo de oração para que ela escolha Jess no revival, porque eu realmente não quero acreditar que exista alguém melhor para ela do que o escritor da família Mariano.

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Só que é bem importante falar de Logan, porque eu curto demais ele. Como eu disse no post da quinta temporada, vejo Logan como uma representação máxima dessa fase de faculdade e todos os seus consequentes exageros. Nesse sexto ano, a gente pode acompanhar de perto um pouquinho mais da sua evolução, do seu relacionamento complicado com os pais (achei bem bacana a maneira como Lor consegue entendê-lo naquela visita nojenta de Mitch a casa de praia no final de semana do dia dos namorados), da maneira que descobre o que é amar por estar com Rory. Isso não me faz deixar de lado a traição durante o período que estavam separados ou sua falta de pulso quando o pai tratou mal a namorada, mas momentos como sua atividade na redação do jornal ou ele pedindo que Rory o impedisse de ir para Londres mexem com a gente completamente (ou comigo, me deixa). Espero que ele retorne para o sétimo ano, de alguma maneira, e que sua história com Rory ganhe contornos um pouco mais felizes (obs.: alguém tinha que ensinar o ator que interpreta Logan a usar uma bengala – nunca vi atuação mais fake que aquela).

Como disse um pouco acima, Rory se reencontrou e voltou firme do que queria, o que acabou a levando a chefiar a redação do jornal de Yale, uma das coisas que mais gostei da personagem esse ano. Gosto de ver a maneira natural que ela se mistura naquele ambiente e como consegue se posicionar como chefe, diferente do que Paris fazia (essa menina é uma piada – amei a maneira que ela controlava as pessoas com bonés numerados!).

 

Emily e Richard Gilmore

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Depois de um ano onde lutaram pelo casamento, Emily e Richard vieram cercados de um pouco mais de calmaria ou, pelo menos, assim tentamos enxergar. Ao escolherem abrigar Rory, os dois compraram uma briga grande com Lor, que estava em toda a sua razão. Apesar de ser impossível deixar a neta na rua, eles poderiam ter dado um pouco mais de atenção aos alertas da filha, que berrava a verdade aos quatro cantos, sem ser ouvida por ninguém. É legal que, mesmo nesse mundo egoísta e fútil, Emily e Richard são protetores natos. Uma das cenas mais fofas (e divertidas) é vê-los defendendo Rory para os pais de Logan, quando finalmente percebem que Lor estava certa o tempo todo.

Tivemos também o marcante (e beeeeeem diferente) décimo terceiro (será? confirma aí produção!) episódio, aquele que todas as verdades da família Gilmore são jogadas no ventilador, misturando um ambiente de caos e diversão, em meio a todos os problemas que viveram nos últimos anos. O que chama atenção é a maneira que as cenas são filmadas, deixando a gente até um pouco tonto de tanto que a câmera gira. Mas, no todo, é um dos episódios mais marcantes de toda a série. Outro momento que amei foi ver Emily apoiando a filha, mesmo que brevemente, ao descobrir sobre os problemas com Luke. Foi um simples toque no ombro que demonstrou uma proximidade inesperada e que pouco vimos até aqui. Seu jeito é complicado, mas não podemos negar que Emily sempre faz tudo pensando no bem de sua família.

 

Outros personagens…

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Dentre os personagens coadjuvantes, Lane foi uma das que obteve o maior destaque. Seu afastamento da banda, seguida da sua reconciliação com Zack e o pedido inesperado de casamento. E claro que precisamos falar desse grande evento para Stars Hollow. Primeira coisa que preciso dizer: Mrs. Kim tem uma mãe pior que ela (o que mostra um pouco da mensagem da série de que sempre somos um reflexo distorcido de nossos pais – e que a criação determina a maneira que somos, agimos e reagimos as situações – no fundo, Mrs. Kim via a opressão como um comportamento normal, por isso a fazia em Lane e, só com o tempo, foi capaz de perceber que não era esse tipo de relacionamento que queria com sua filha); segunda coisa: o casamento budista falso – cara, eu ria tanto com aquilo, que nem sei dizer para vocês o porquê, mas acho que era da cara de ‘não estou entendendo nada’ que todo mundo estampava; terceira coisa: a corrida até a igreja por causa dos lugares limitados: chorei de rir de novo; e quarta (e última) coisa: Zack e seu quimono de seda. Esse ajuste da personagem é bem acertado e apara pontas que não precisavam ficar soltas para um último ano mesmo. Talvez seja a maneira do roteiro já adiantar algumas coisas, para não ter que correr no futuro. Não sei.

Paris ficou bem de lado. Tirando seus momentos hilários na redação ou no seu apartamento mequetrefe, a personagem seguiu uma linha bem secundária e ficou como um ponto de apoio para o desenvolvimento de algumas das tramas de Rory na faculdade. Uma pena, espero que aproveitem ela um pouco melhor na última temporada.

Sookie e Michel seguiram na mesma linha, sempre aparecendo nos momentos cruciais da pousada ou como apoio de Lor, mas sem grandes momentos. Mentira, não posso esquecer de Sookie e o marido correndo com os sacos de maconha pela cidade – jamais vou esquecer disso.

 


Lá se foram 131 episódios.

Parece que foi ontem que eu comecei essa série e agora 22 me separaram do “final”. Já estou me preparando porque a sétima temporada é a também conhecida como “aquela em que mudou a roteirista”, o que me preocupa bastante. O desafio vai ser grande porque tenho exatos 9 dias para ver tudo e postar nosso último (estou pensando em fazer um post de maratona com as minhas impressões do revival – já que devem ser um pouco diferentes daquelas de quem está esperando há séculos pela série… será?) encontro. Juro que ele não virá com atraso – até porque nem pode!

Abraço para quem é de abraço, beijo para quem é de beijo. Nos vemos na próxima quinta – e segura esse coração que o revival já está chegando!

Ah, o espaço está aberto para vocês me amarem, me xingarem ou fazerem os dois!

Confira o que achei das outras temporadas:

 


Leandro Lemella

Caiçara, viciado em cultura pop e uns papo bobo. No mundo das séries, vai do fútil ao complicado, passando por comédias com risada de fundo e dramas heroicos mal compreendidos.

Santos/SP

Série Favorita: Arrow

Não assiste de jeito nenhum: The Walking Dead

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