Se no episódio passado as seleções para ganhar o avental e participar do MasterChef Brasil prezaram por personalidades que compõem o programa, neste episódio, ainda de fase seletiva, ficou claro que acima de tudo a identidade e as raízes do concorrente que seriam valorizadas. Na corrida pela audiência, MasterChef ainda aposta em fórmulas clássicas de um reality show, personalidades caricatas e acima de tudo, tenta firmar que busca um chef que agregue a identidade brasileira à sua assinatura, afinal de contas, estamos falando de MasterChef Brasil aqui.
Eu poderia muito bem dar como encerrada nossa review com somente um parágrafo, afinal,o programa aparentemente ainda não conseguiu a consistência que busca com os ingredientes que estão usando nesta temporada. Posso estar absurdamente errada, e em comparação ao seu primeiro episódio de retorno, este foi mais interessante, mas ainda não acredito que teve gente passando com uma receita de sopa para a corrida pelo título de MasterChef, o que fica claro é que esta temporada vai prezar muito mais pela identidade do que pela técnica e qualidade, uma temporada onde histórias ganham mais destaque que o prato, me chamem de fria se for o caso, contudo sigo numa decepção derradeira com alguns participantes entrando.
Ainda assim não é de tudo um desperdício e o reality está longe de ser uma causa perdida, encontramos concorrentes fortes e muito determinados, como foi o caso de Luriana, que demonstrou muito mais que um sonho e paixão pela cozinha, mostrou ter técnica, e repetindo o episódio passado, enfrentou um desafio pessoal dos chefs, Jacquin desta vez, para provar seu talento na cozinha. Bruna é outra concorrente que mostrou ser muito além de um vestido rosa e delicadeza na cozinha, e, embora com uma receita de sobremesa e uma aposta difícil de agradar o paladar dos chefs, conquistou seu avental. Essas duas podem ser surpresas agradáveis durante o programa, isto se elas permitirem crescer como cozinheiras profissionais.
As referências a outras culinárias, identidades e paladares não passava despercebida, do uso de um detalhe ao prato principal, o mais buscado foi um prato que mostrasse a alma do brasileiro. Foi o caso de Ellen, uma publicitária, nascida em São Paulo e com todas suas referências diretas do nordeste, de onde sua família veio. Entregou um prato que não somente os chefs repetiram, mas até eu estou aguada de vontade de experimentar o Baião de Dois preparado pela participante. Tudo naquele prato gritava: BRASIL, da maneira como os chefs procuravam. Andrew foi uma surpresa enquanto assistia o programa, o inglês de Yorkshire conquistou sua vaga demonstrando que se pode pertencer a dois lugares e possuir duas identidades, afinal, quando se mora em algum lugar por muito tempo você passa a ser um pouco de cada, no seu caso, brasileiro e inglês. Afinal, a mistura cultural é um ponto muito forte no nosso país e eu poderia fazer mil parágrafos apenas falando sobre isso, mas como estamos falando de MasterChef, a cultura foi algo muito procurado em cada prato que os chefs tinham que experimentar.
Competitividade foi uma característica muito citada, entretanto não é sempre ela que vai ser sua vantagem em um programa que inclui competições em grupo e individuais. Se superar não vai querer dizer somente no seu esforço e limite, mas alcançar a identidade e técnica no prato, características muito procuradas, porém pouco encontradas juntas em um competidor. Um dos poucos que se destacaram neste quesito durante o segundo episódio foi Lee, o cozinheiro mostrou não somente um sonho emocionante, mas um talento muito grande e adaptou sua cozinha à realidade que o cercava, já estou dividindo minha torcida pela Gleice com o participante.
Como ficou colocado pelo cozinheiro amador Leonardo, que também está no programa e com desejo de vitória, agradar o paladar de três chefs com raízes muito diferentes pode ser algo muito difícil, principalmente quando a cultura estrangeira, que ficou muito presente neste episódio, precisa ser adaptada ao paladar do brasileiro, que às vezes pode não concordar no “tompero” ou o ponto de determinada carne – mas vamos combinar que carne de porco mal passada não dá! Muitas vezes ousadia demais não foi a tacada certeira para um programa que busca o próximo MasterChef Brasil.
Sem muitas delongas, fico aqui, dizendo que o programa ainda precisa de algo a mais, um “tompero” a mais para conquistar o coração brasileiro como foi nas temporadas passadas, falta competidores com, não somente personalidade, também talento, e dos selecionados até aqui posso dizer que não foram muitos. Alguns se destacaram certamente, porém ainda há muito que se desenvolver ao longo do programa, mas nesta cozinha será o melhor lugar para trabalhar nisso quando se está no limite da pressão e competição? Deixem suas opiiões aí nos comentários e até semana que vem pessoal!