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Mr. Robot – 2×01 eps2.0_unm4sk-pt1.tc / 2×02 eps2.0_unm4sk-pt2.tc

Por: em 14 de julho de 2016

Mr. Robot – 2×01 eps2.0_unm4sk-pt1.tc / 2×02 eps2.0_unm4sk-pt2.tc

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A season premiere de Mr. Robot nos entregou um episódio duplo, mas curiosamente eps2.0_unm4sk-pt1.tc e eps2.0_unm4sk-pt2.tc são distintos em sua estrutura e objetivo. Isso não quer dizer que um episódio é superior ao outro, pois ambos têm um pouco do que faz Mr. Robot tão única. Enquanto a primeira parte estabelece o mundo pós revolução e se aprofunda na psique de Elliot, a parte dois caminha na narrativa que a série propõe.

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eps2.0_unm4sk-pt1.tc começa com Tyrell Wellick usando a máscara da FSociety. Depois de reclamar da provável estupidez do símbolo do grupo hacker, o ex funcionário da Evil Corp. para de falar com Elliot para atender uma ligação. Não fica claro quando essa cena acontece dentro da linha do tempo da série, mas tudo indica que é minutos antes de Elliot destruir o sistema financeiro e colocar os maiores líderes do planeta em desespero. Essa cena com Tyrell é um fragmento da memória do nosso protagonista que ainda não tivemos acesso. Ela não apresenta nenhum fato essencial, mas informa algo que não vimos antes e abre algumas questões. A mais óbvia delas é onde está Tyrell? Mas se Elliot pegou a arma que estava escondida na máquina de pipoca… o que ele fez com ela? Será que ele atirou em Tyrell?

A cena seguinte da premiere tem a mesma função. Mr. Robot nos leva à um acontecimento mais antigo, ao dia que Elliot “cai” da janela do quarto depois que Edward descobre que o filho contou sobre sua leucemia. Novamente, esse é um fato que já conhecemos, mas é um pedaço importante da sua história do nosso herói. A cena mostra o cenário familiar em que Elliot cresceu e assim, explica e dá motivos para o comportamento dele.

O Elliot do presente já é bem diferente do menino que caiu pela janela ou do hacker que estava com Tyrell há um mês. Vemos que este Elliot se dedica a um programa diário para tentar controlar Mr. Robot. Ele sabe que fazer tudo no repeat não é a vida ideal, mas é a única maneira que encontrou para se manter são. Este Elliot também é diferente do que conhecemos na primeira temporada, ele é mais depressivo. A sua fala – até mesmo a do voice-over – está mais lenta e contida e para completar, não somos mais confidentes de sua vida. Elliot trocou seu amigo imaginário por um diário, onde ele deposita detalhes quase entediantes de seu cotidiano.

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Mesmo assim, Mr. Robot continua presente, atormentando, escondendo detalhes (Onde está Tyrell?!) e ditando regras para a vida do seu criador. Aparentemente, nenhuma técnica de controle desenvolvida por Elliot – que consiste basicamente em tentar ignorá-lo e escrever tudo o que acontece no diário – faz Mr. Robot desaparecer. “Esse controle que você acha que tem é uma ilusão”, diz Mr. Robot antes de atirar na cabeça de Elliot. Quando descobrimos que essa não é a primeira vez que isso acontece, o susto inicial some e a preocupação toma o seu lugar. Não importa quantas vezes Elliot escreva, ele não tem o controle da sua mente. Esse loop é o da insanidade.

Duas cenas nos episódios mostram a intensidade do problema que Elliot enfrenta. A primeira delas é com Gideon. Enquanto Gideon tenta convencer seu antigo funcionário a cooperar com as investigações do FBI, Elliot mantém sua atenção em Mr. Robot para tentar convencê-lo a não cortar a garganta do chefe. É um verdadeiro conflito de interesses. Felizmente, Gideon não morre nas mãos Mr. Robot ou Elliot (nesse caso, ‘quem’ não seria uma questão ambígua), mas o personagem tem seu destino definido nos episódios. Mais a frente, um homem estranho que Gideon encontra em um bar atira nele e afirma que sua ação era “pelo nosso país”. Bonsoir, Gideon e bonjour, mais dúvidas. Será que Mr. Robot está envolvido no assassinato? Qual o impacto que essa morte terá nas investigações? Afinal, se Gideon cumpriu sua promessa, Elliot já deve ser um dos principais suspeitos do FBI.

Mas ainda estávamos falamos sobre o estado mental do nosso protagonista… O outro momento que evidencia o quão problemática é a situação é quando Ray (Craig Robinson) diz a Elliot que eles se encontraram no última noite. Um encontro que Elliot não tem nenhum registro. “É por isso que eu sou diferente”, Elliot conclui. “Ás vezes minha máscara domina.”

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O tema que guia os episódios é o uso de máscaras e a construção de identidade. Em um momento, Elliot até se interessa pela máscara que nós – amigos silenciosos – usamos em nossa vida. Mas porque lutamos para mascarar o que somos? Ou se nos tornamos quem somos quando colamos nossa máscara? Essas são perguntas que não saberia responder nem com uma sessão de terapia. O que posso garantir é que Elliot não é o único personagem em Mr. Robot que resolveu mascarar sua identidade.

Darlene, por exemplo, assumiu a liderança da FScociety e está lidando com as consequências do Five/Nine praticamente sozinha. O grupo hacker não é mais como antes. Romero e Trenton se foram, e outros membros chegaram com a responsabilidade de continuar com o plano. Bom, Darlene não tem bem um plano, é mais uma sensação que o primeiro ataque contra a Evil Corp. não foi suficiente para mudar o mundo. Mas quando a vemos chorando no chão do banheiro, é evidente que carregar esse peso não é fácil ou justo. Mesmo assim, ela se levanta, coloca sua máscara e sai disposta a governar o grupo.

O ataque que fez Scott Knowles queimar 5.9 milhões de dólares (ao som de Take Me Home do Phil Collins, é claro) é efetivo, mas assim como cortar os testículos do touro da Wall Strett, é um ato simbólico e cênico. Odeio concordar com Mr. Robot, mas essa revolução precisa de um Che Guevara para chamar de seu.

Enquanto isso, Angela também tem usado uma máscara para receber o prêmio de funcionária do mês da Evil Corp e está disposta a pagar os preços por essa escolha, inclusive recuar com o processo contra a empresa e ver pessoas julgando seu caráter. Não é a primeira vez que vemos a personagem em uma situação parecida. No eps1.9_zer0-day.avi, Angela se defende quando alguém insinua que é seu comportamento tem semelhanças com os bárbaros com ternos caros com quem ela trabalha. Mas a atitude dela agora é mais preocupante. Angela tem objetos com frases motivacionais dispostos em sua mesa e assiste vídeos com afirmações positivas para conquistar sucesso e dinheiro. A forma robótica com que ela repete frases sobre confiança revela que a Angela presente naquela sala é apenas uma casca da pessoa que existe de verdade. É contra isso que Elliot está lutando? Sobre o corporativismo que toma conta do nosso corpo e da nossa identidade? Provavelmente sim.

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Mas como lutar? Angela entrou na Evil Corp. disposta a mudar a empresa por dentro. Darlene “só” quer construir um mundo melhor. E as duas parecem completamente perdidas. Bom, Elliot decide lutar contra o seu monstro com um ataque de risos e isso, estranhamente, funciona. O nosso herói decide deixar Mr. Robot maluco e irritado. Então, nos últimos segundos do episódio, Elliot recebe uma ligação de Tyrell. É claro que esse telefonema não torna nada mais claro para os espectadores da série, mas mesmo assim, é excitante. Eu nem vou tentar levantar questões sobre isso porque essa ligação não deve mudar muita coisa e não quero ficar mais maluca. Então, farei apenas o que Elliot me pediu e terei esperanças. Bom, pelo menos, até o próximo episódio.

Outros comentários: 

– Episódio duplo é assim, fazemos “textão”, mas ainda sobra muitos acontecimentos que eu não gostaria necessariamente de abordar nos comentários finais. Só que não tem jeito.

– Uma das coisas com o que eu fiquei muito animada são os personagens novos. A cena que introduz a agente do FBI Domique DiPierro (Grace Gummer) é perfeita. Ela mostra uma pessoa boa, educada, doce e engraçada, para no segundo seguinte, levantar uma suspeita que nem sempre será assim.

– As cenas com Ray foram as únicas que eu consegui deixar a caneta de lado e parar de fazer anotações. Craig Robinson trouxe leveza e confiança ao personagem. E o que dizer de Maxine?

– Já quero Leon (Joey Bada$$) escrevendo reviews de Seinfeld para o Apaixonados! <3

– Elliot, o que aconteceu com o Flipper?! Estou preocupada.

– Mr. Robot não tem muitos momentos cômicos, então quando um sujeito tem molho na cara, você sabe que não é para fazer rir, é para ridicularizar.

– Bom, agora já sei porque nunca vou comprar uma casa inteligente.

– Joanna, que é sempre alguém tão interessante de acompanhar, também teve que ficar para o fim. Além de nos atualizar com suas práticas sadomasoquistas, Joanna recebeu uma caixinha de música e um celular do marido. Infelizmente, ela não ficou atenta as ligações do novo aparelho.

– O diário de Elliot chama The Red Wheel Barrow, que é o título de um poema de Willian Carlos Willians.

– No diário havia um QR Code desenhado que direciona para um site de uma empresa chamada Confictura Industries. Alguma ideia sobre essa “pista”?

– Não é só de Phil Collins que se faz uma trilha sonora de Mr. Robot. O episódio também teve Lupe Fiasco com a linda Daydreamin’ , Zack HemseyGlitterbitch e um pouco de Sonic Youth para acalmar Angela. A música da caixinha da Joanna é Till We Meet Again (tem título menos sutil que esse?).

– E que dia maravilhoso para ser fã da série. Mr. Robot recebeu seis indicações ao Emmy! Acho que é por isso que o Elliot estava rindo.

Bom, amigos imaginários, assim começamos uma nova etapa de Mr. Robot e das nossas reviews. Gostaram dos episódios? Acham que Tyrell deve aparecer nos próprios episódios? Ou que Mr. Robot vai dar um tempo a Elliot? Deixe suas observações e teorias nos comentários! E até a próxima semana!

 


Nathani Mota

Jornalista, nerd e feminista. Melhor amiga da Mindy Kaling, mesmo que ela não saiba disso.

Salto / São Paulo

Série Favorita: Sherlock

Não assiste de jeito nenhum: Two and Half Men

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