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Nashville – 5×04 Leap Of Faith / 5×05 Love Hurts

Por: em 31 de janeiro de 2017

Nashville – 5×04 Leap Of Faith / 5×05 Love Hurts

Por: em

Chegamos ao 5º episódio da primeira temporada de Nashville fora da TV aberta, e já podemos tirar mais algumas conclusões esclarecedoras. Além da sutileza do ritmo, que discuti na primeira review, e da introdução de novos personagens ao universo (que continuou nesse episódio com alguma intensidade) na segunda, o tópico da vez é o revezamento entre núcleos nos episódios. Em outras palavras, cada episódio tenta focar em apenas alguns núcleos/famílias/casais/seres humanos e avançar nesse plot, ao invés do procedimento normal de explorar um pouco todos os núcleos em todos os episódios. Isso tem a ver com a proposta narrativa dos novos showrunners, tem a ver com a liberdade proporcionada pela TV paga, ainda que uma emissora um tanto conservadora como a CMT (ou vocês acham que a ABC ia deixar Hayden Panetierre, estrela protagonista e razão de ser da série, aparecer por menos de 2 minutos como foi no 5×05?), tem a ver com questões dos contratos do elenco e da equipe, que provavelmente tiveram que ser revistos com a migração da série para uma emissora menos endinheirada, e com mais um monte de outras coisas que a gente não faz a menor ideia. Acho, na verdade, que o melhor que a gente faz é, ao invés de procurar causas, analisar os núcleos e seus plots e se essa nova dinâmica de abordagens longas, profundas e não-semanais lhes tem sido favoráveis.

O primeiro de que vale a pena falar é o drama eterno do casal Javery. Juliette cada vez mais se aprofunda na caminhada religiosa, e cada vez mais evolui no tratamento da perna. A questão é que essa evolução nos fatos não está sendo acompanhada de uma evolução de caráter na personagem, e o fato de que a gente já viu Juliette em pelo menos 3 situações “pós-traumáticas” (a morte da mãe, o estresse pós-parto e o término de Javery) que foram tratadas de maneiras muito parecidas não ajuda a nos convencer. Por outro lado, a personagem ganhou muito com essa abordagem mais sutil da série, porque Hayden Panetierre está sendo livre para dar seu show de drama sem usar a muleta da ansiedade pelo plot twist que vai mudar o curso da vidinha de Juju (ainda que eu realmente espero que ele venha, suave, pelos cantos, mas venha). Avery, que entregou o episódio 3 numa pequena narrativa de amor próprio e alforria, continua viciosamente preso no drama de Juliette. Ainda que a autopiedade de Juliette o tenha, mais uma vez, tirado do sério, fica difícil acreditar que isso representa de fato alguma coisa concreta. Passou batido.

O outro casal cujo lado masculino vive preso na armadilha de sua companheira problemática, Scunnar, também teve sua parcela de drama. Porém, ao contrário de Javery, foi uma parcela muito inteirada com o todo do episódio e sugeriu alguma mudança mais radical, ainda que seja também difícil de acreditar. A nova orientação da série tem uma preocupação muito grande, que eu admiro muito, com a verossimilhança no que diz respeito ao tratamento da indústria musical. Coisa que, vamos ser sinceros, se perdeu ao longo das temporadas a ponto de acontecerem coisas bizarras, como álbuns saindo do nada, singles mal promovidos hitando, e eventos tirados da cartola para satisfazer uma narrativa aqui e outra ali.

Foi muito bom colocar todo a tensão dramática de Scunnar, que era uma panela de pressão prestes a explodir, nos bastidores da gravação de um clipe. Principalmente quando essa panela explodiu graças ao fogo de um personagem que trouxe sua própria tensão dramática. A incoerência da ideia do diretor com The Exes e com All Of Me, além de ser um retrato bastante curioso do business na música country, foi um ponto de virada para Scarlett, que, depois do fracasso no primeiro tratamento da fama (saudades Black Roses), se torna uma mulher forte o suficiente para lidar com os excessos do showbusiness, mas fraca o suficiente para se impôr de verdade. E o menino Gunnar, como sempre, perdido por não saber lidar com esse furação Scarlett que caiu no colo dele.

Antes de chegarmos na pequena confusão que está a vida e carreira de Rayna James, vamos ver os outros dois casais que tiveram tramas desenvolvidas nos últimos episódios (quando foi que Nashville virou uma série sobre casais só?), e os dois tiveram narrativas um pouco problemáticas. Primeiro, Maddie e Clay, o mais novo teen couple sensação da série. E, olha, das expectativas criadas no 5×02, poucas foram satisfeitas. Era imaginável que o racismo fosse um tópico abordado, mas a abordagem foi superficial, inconvincente e meio lesada, ao contrário, por exemplo, do tratamento inicial que Will recebeu quando saiu do armário. Claro, existem n fatores pra se levar em conta, e a construção da paixonite de Maddie que se encaminhou para uma cena dramática chorosa foi muito bem feita, mas o personagem de Clayton ainda está muito solto e toda a passagem dele ficou um tanto confusa. Não foi ruim, mas foi meio fora do eixo. Espero que o final seja a sugestão de bons momentos para Clay, como indivíduo e como namoradinho de Maddie. E vamos combinar que Lennon Stella arrasou na sequência do hospital?

Agora, Will e Kevin, o casal que mais torra a paciência deste reviewer. É praticamente impossível para Will controlar seus impulsos aparentemente, inclusive o impulso de fazer cagada sempre que as coisas estão começando a dar certo (qualquer coisa, de relacionamentos a decisões de carreira). Eu prefiro não fazer nenhuma suposição do que vai acontecer agora, na esperança de que a narrativa de Will deixe de ser um ioiô estúpido e cresça par algum lugar, como foi quando ele saiu do armário. Até Burn To Dark, a musiquinha de fim de episódio que encerrou o plot, é mais ou menos. Que barra.

Por fim, a superstar Rayna James. Ao contrário de Juliette, a jornada que Ms. James começou na premiere foi esquecida no churrasco e agora o lado businesswoman + dona de casa domina o trabalho de Connie Britton na série. O grande “que?” de Rayna foi a continuação da trama do stalker, que ganhou novas camadas e se tornou um pouquinho irritante. Com a eliminação de Randall, que aparentemente é “só” um cleptomaníaco, a figura do stalker se tornou uma incógnita. Aparentemente, a função dessa figura era dar uma chacoalhada, uma limpada de poeira na fama de Rayna, e Randall era só uma isca distrativa. Espero que esteja enganado, e o stalker seja o pivô de um plot maior e mais interessante e Randall não seja descartado de uma vez por todas.

O outro novo recorrente do núcleo da Highway 65, por outro lado, chegou para ficar. Zach Welles, que também foi sugerido como stalker por fãs e jornalistas, é realmente um tech-guru fã de country que vai fazer carreira na gravadora de Rayna. No big deal. A tensão entre o conhecimento e o modus operandi de Zach no Vale do Silício e a realidade do universo country da cidade de Nahsville foi explorada, ainda que superficialmente, e é daí que eu quero ver a coisa ganhar forma. É muito fácil fazer de Zach um estranho no ninho, e vai ser uma narrativa muito proveitosa se bem trabalhada. Por ora, ele só está servindo de intermediário para a história de outros, ainda que Cameron Scoggins, que interpreta Zach, esteja entregando um trabalho bastante justo, principalmente nos diálogos com a rainha Connie Britton.

Enfim, por ora é só. Será que Will volta com Kevin e larga de ser trouxa? Será que Clay vai se ajustar com Maddie e eles vão fazer um monte de música boa? E Daphne? Um beijo pra Daphne! E pra vocês! Deixo vocês com essa performance linda dessa coisa linda que os deuses deram pra gente:

Bônus Luz de Neon: Quero muito ver como ficou o clipe de All Of Me. Seria o máximo uma versão completa do clipe pra gente ver, porque pelo menos uma parte o episódio 6 deve exibir.

 


Gustavo Soares

Estudante de Cinema, fanboy de televisão, apaixonado por realities musicais, novelões cheios de diálogos e planos sequência. Filho ilegítimo da família Carter-Knowles

São Paulo - SP

Série Favorita: Glee

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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