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Penny Dreadful – 3×02 Predators Far and Near

Por: em 11 de maio de 2016

Penny Dreadful – 3×02 Predators Far and Near

Por: em

Ausentes no episódio de estreia, Lily e Dorian Gray retornam para a atual temporada de Penny Dreadful com direito à cena digna de Tarantino. Mantendo a crueldade e violência em evidência, dando andamento aos planos propostos pela última criatura de Frankenstein: não poupar o mal a aqueles que sempre abusaram dela quando Brona Croft. Na realidade, a ida do casal até a casa onde acontecia a mutilação das jovens introduz ao seriado uma nova personagem que a partir de agora passa a habitar as dependências da casa de Dorian. A jovem, posse declarada de Lily, surge como representação do que um dia fora a adorada de Victor. Que antes de todos os acontecimentos, sofrera inúmeros tipos de abusos (físicos e psicológicos), tendo sido abandonada à própria sorte, morrendo na sarjeta vítima da tuberculose. Nascendo ali uma espécie de transferência. Tirando a garota de situação de presa para a de predador, como o próprio nome do episódio sugere. Dando à pupila, garantias de que é preciso manter o ódio e a revolta sempre vivos, para junto com Lily e Dorian, destilarem a morte e o terror àqueles que se acham acima da sociedade e capazes de todo tipo de brutalidade em nome do próprio desejo.

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Predators Far and Near traz reflexões importantes para a trama como o diálogo travado entre Sir Malcolm e Kaetenay. Ao que tudo indica, a relação do xamã com Ethan  Chandler – ou Talbot – é muito similar a de Malcolm e Vanessa. Porém, enquanto este culpava Ives pela morte de Mina, o apache demonstra ter uma relação direta com a transformação de Chandler em lobisomem. Que caso não confirme a transformação estar de fato relacionada aos Talbot, defenderia a tese de que a maldição tenha sido uma forma de punição encontrada pelo apache para vingar a dizimação de sua aldeia, já que Chandler foi o responsável por isso – ao menos é o que dá a entender. No entanto, não sabemos por qual motivo Ethan foge da influência do próprio pai e pretende manter-se assim – o que validaria a maldição do Lobisomem de estar relacionada à crença do sétimo filho nascido em noite de Lua cheia, e transformaria de fato a relação de Ethan e Kaetenay semelhante ao de Vanessa e Malcolm no tempo presente. O fato é que enquanto o navio não chega à terra firme, Chandler acaba de encontrar uma improvável aliada já que Hecate finalmente se revelou, ajudando o pistoleiro a exterminar o grupo que o escoltava até sua terra natal. Restando saber como essa relação irá se desenvolver quando na verdade Ethan sempre agiu sozinho.

Já a busca de Frankenstein para tentar reconquistar o amor de Lily – real motivo pelo qual ele se dispõe a aceitar a conhecer o soro de Henry Jekyll – pode se mostrar um grande erro, como já alerdado pela própria Lily. Uma vez que a descoberta se propõe a isolar o bem do mal, dissociando a dualidade que contempla cada um dos seres humanos. O caminho aqui serve para demonstrar que a descoberta do amigo de Victor pode sim trazer o lado bom de Lily, porém nunca poderia fazer com que ela correspondesse aos sentimentos do médico por ela. Porém, já se sabe que Frankenstein mal tem conseguido se manter distante daquela que pela primeira vez o permitiu sentir amor.

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Ainda em Londres, Vanessa continua sendo seguida pelas criaturas de Drácula. Mas antes de entrarmos neste assunto, é indispensável citar a existência da segunda sessão de Ives com Dr. Seward. E é aqui que fica claro o início da transferência feita entre médico e paciente, afinal de contas, pela primeira vez Vanessa se abre e narra para a médica tudo o que acontecera com ela desde que tomada pela inveja, decidiu seduzir o noivo de sua melhor amiga. E a julgar pelos dois primeiros episódios, considero as sessões entre Ives e Seward um dos pontos fortes da temporada, seja pela profundidade dos diálogos ou pela forma como Ives tem sua intimidade revisitada, relacionando passado e presente, fé e racionalidade.

A forma como a história de Vanessa perturba Seward, obrigando-a a acender um cigarro. Demonstra também o início de uma aliança, já que juntas elas tentarão trazer Ives mais próxima da sua própria verdade. O que elas não esperam é que Renfield tem usado do privilégio de funcionário da terapeuta, a mando de Drácula, para acessar as gravações do tratamento de Vanessa. Que agora será capaz de acessar os pontos mais íntimos e conflitantes da vida de Ives, dificultando meios que possam de fato salvá-la da profecia. E se a simples menção do nome Drácula ao final da season première foi capaz de causar ansiedade no mais calmo dos telespectadores de Penny Dreadful, a série mantém a proposta inicial de introduz sempre ao final do episódio seu cliffhanger. Que no caso desta semana culminou com a aparição, finalmente, da figura do Conde na trama. Surpreendendo ao revelar que na verdade Drácula é Alexander Sweet.

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Talvez a surpresa tenha nascido da ótica de que ao analisarmos que Drácula é um ser naturalmente conquistador e erótico, inconscientemente pensa-se na presença de um homem capaz de encantar Vanessa e partir para o cortejo. Algo similar ao que foi feito por Dorian na primeira temporada. Porém, antes de tudo, Drácula é extremamente inteligente e habilidoso. Justificando que, dada à natureza de Ives, nada a surpreenderia mais que a imagem de um homem inteligente, simpático e tímido, tal qual Sweet. Capaz de fazer com que Ives tomasse a frente da situação, que atrelada aos exercícios sugeridos por Seward tentaria novas abordagens em busca de se aproximar de momentos de felicidade.

No entanto, o mais surpreendente – como eu já disse na review anterior – é ver que as informações sempre estiveram nos detalhes. E a introdução de Drácula não seria diferente, explicando a adoração de Alexander pelo Capitão Nemo do clássico de Júlio Verne, Vinte Mil Léguas Submarinas. Já que o mesmo se mantém distante do radar das outras pessoas, habitando um universo próprio, sendo a eletricidade – que outrora movia a embarcação da obra de Verne – substituída pela sede de sangue. Assim como, a forma como ele se apresenta à Vanessa dizendo ter como seus animais prediletos aqueles que são menos queridos e por vezes esquecidos, renegados pelos visitante, cativa ainda mais Ives. Criando uma espécie de identificação momentânea entre dois, já que ela sempre se sentiu excluída ou incompreendida, alheia aos grupos sociais.


E aí, o que achou do episódio dessa semana? Quais são suas teorias sobre os plots pra essa temporada? Não deixa de comentar aqui embaixo o que tem achado da nova temporada de Penny Dreadful e até a próxima review.


Marcel Sampar

Paulista que puxa o erre pra falar, PHD em Análise do Drama pelas novelas mexicanas reprisadas no SBT e designer de homens palito. Com sérios problemas em se definir por aqui - sim, esta já é minha terceira tentativa em menos de um mês - mas que um dia chega lá!

Rio Preto/SP

Série Favorita: Sex and the City

Não assiste de jeito nenhum: Teen Wolf

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