Antes de assistir o episódio 17 de Scandal, eu vi uma entrevista com a Kerry Washington no The Tonight Show, em que ela descreve entre risadas a cena mais forte de “Thwack” com uma frase: “I learned how to chair a meeting!” O trocadilho só fez sentido, claro, quando vi Olivia Pope matando Andrew Nichols com uma cadeira e o sentimento estranho e desconfortável que me acompanhou durante todo o episódio se transformou em uma enorme decepção. Essa reação não me tomou porque Olivia matou alguém cruelmente, mas porque Scandal está esquecendo da essência de sua personagem mais importante.

A primeira vez que ouvi alguém falando sobre Scandal foi em uma entrevista como essa que eu acabei de mensionar. Eu estava encantada pelo trabalho da Kerry em Django Livre e encontrei uma entrevista que a Ellen DeGeneres contava que estava viciada na série protagonizada pela atriz. Corri para assistir os episódios da curta primeira temporada e Scandal se tornou minha paixão.

Eu não sei se vocês têm uma história parecida com a série de Shonda Rhimes (me contem nos comentários), mas não podemos negar que as duas primeiras temporadas nos cativaram. O ritmo, a trilha sonora e os escândalos semanais eram excitantes, mas a maior qualidade de Scandal estava em sua protagonista. Olivia transpirava poder e, talvez mais importante, controle. As roupas, a postura e o olhar de Olivia Pope mostravam que ela era a pessoa mais competente em seu trabalho. Sem contar que Scandal era o primeiro drama a ter uma mulher negra como protagonista desde 1974 e estava sendo assistido, comentado e amado por milhões de pessoas.

Muita coisa aconteceu desde o começo da minha paixão, alguns parentes de Olivia surgiram e a B613 aconteceu, mas Olivia continuava lá, firme e forte. No entanto, ao fim de “Thwack!”, algumas coisas me levam a acreditar que Scandal se perdeu.

Sim, Olivia matou Andrew porque ele queria vingança para um crime que ele mesmo cometeu. Sim, Tony Goldwin, diretor do episódio, se esforçou muito com os flashbacks e com canção do Stevie Wonder para mostrar que Olivia ainda não superou os acontecimentos de “Run”. Então, Scandal até que conseguiu justificar o assassinato. Mas, o problema é o que seguiu a violência.

Depois do último golpe, Olivia ficou sentada até Fitz chegar para abraçá-la em um ato de consolo. Em um momento, até acreditei que ele fosse dizer “Tudo bem, todo mundo dessa série já fez isso. Fique tranquila, segue em frente, blá blá blá”, mas não foi dessa vez. Em seguida, Abby chega assustada, Olivia começa a dizer o que ela deve fazer para abafar o escândalo e conclui com uma ameaça (“Nunca me cruze novamente!”).

A fala crua para Abby me incomodou um pouco, mas porque Scandal jogou dois caminhos muito interessantes no lixo. O primeiro era a lealdade que Olivia e Abby tinham sustentado tão bem até aqui. Entre altos e baixos nessa temporada, uma coisa que admirava era a relação e o respeito que as mulheres da série tinham entre si. Não só apenas entre as duas, mas com Quinn, Mellie e Susan. Mas se era para destruir essa amizade, sustentasse Abby como uma adversária da gladiadora, afinal essa é uma situação óbvia em que o aprendiz supera o mentor (como Olivia não consegue perceber que Abby não iria ficar satisfeita com a saída de Fitz?!) e Abby tem o carisma necessário para dominar essa rivalidade.

Porém, Olivia segue seu caminho e pede para Quinn e Huck a deixaram na casa de Papa Pope, que a recebe com uma postura orgulhosa e diz: “Bem-vinda ao seu lar.” E aqui que nós devemos parar, respirar e conversar um pouco.

Por mais que os métodos escolhidos por Olivia fossem duvidosos, seus fins eram sempre, no mínimo, justificáveis. A gladiadora sempre teve uma ideia muito clara do que era certo e errado e, mesmo quando a linha que divide essas duas ideias se tornava oblíqua, Olivia sabia como se posicionar. Era por isso que Olivia era contra o que seu pai defendia. O tipo de poder e controle que Eli deseja não é certo ou justo. Então, ver Olivia influenciando um suicídio, matando a sangue frio e se render ao Lado sombrio da Força é muito triste.

Parece que Scandal está testando até onde Olivia pode ir e ainda conquistar aprovação do público, mas não consigo encontrar nada da Olivia Pope que brilhava nos primeiros episódios de Scandal na Olivia Pope na porta de Eli. É claro que a gladiadora, como qualquer personagem desse drama, merece crescer, mas não há evolução em procurar apoio em Eli.

Outros comentários:

• E isso significa mais tempo de Papa Pope? Vamos nos abraçar e chorar juntos por essa decisão?!
• Aparentemente, Jake vai aparecer comendo em todos os episódios.
• Mellie: “I don’t wanna be one of those candidates that tries to speak Spanish and accidentally call someone a crocodile.” / Olivia: “No, you never speak Spanish. Ever.To anyone. Please.”
• Cyrus: “My fair share. One dollar.” E basicamente todos os outros momentos dele nas reuniões.
•  O irmão de Vargas somou dois mais dois, descobriu que Tom é amante de Cyrus, que ele estava na cena do ataque e já correu para fazer fofoca para o marido de Cyrus.
• Marcus provavelmente vai somar dois mais dois e qualquer dia desses pede demissão da OPA. Não está fácil para ninguém!
• Colocar aquela música da Diana Ross só tornou aquela montagem final mais dolorosa.

E o que você achou de “Thwack!”? Tão decepcionado quanto eu? Conte para os Apaixonados por Séries nos comentários!