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Scandal – 5×20 Trump Card

Por: em 7 de maio de 2016

Scandal – 5×20 Trump Card

Por: em

Quando me deparei com o título do episódio dessa semana, comecei a imaginar o que Shonda Rhimes prepararia para um episódio que tem em seu título uma jogada fatal e não esconde a referência ao provável candidato do partido republicano à presidência dos Estados Unidos. Obviamente, o tratado entre Olivia e Abby para derrubar Hollis Doyle estaria em pauta, no entanto Scandal entrega um episódio melhor do que eu pude imaginar. Ver Liv e Cia. derrubar o cosplay de Donald Trump é excitante, mas Trump Card tem muitos elementos em jogo, o que resulta em um episódio ágil e inteligente.

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Scandal é o espaço para Shonda brincar com as possibilidades para a sociedade americana, sempre foi assim. Algumas vezes, ela erra, como sua versão muito simplista para o escândalo de Bill Cosby em Even the Devil Deserves a Second ChanceMas Trump Card funciona muito bem. A série aborda com muita clareza assuntos importantes, e ainda consegue mostrar a complexidade para essas questões. Entre os vários momentos em que isso acontece, a convesa entre Eli Pope e Edison Davis me chamou muita atenção. Como um homem negro candidato à presidência, Edison deveria se posicionar contra o discurso racista de Hollis, mas Eli afirma que talvez essa não fosse a melhor ideia. Papa Pope pontua que se Edison quisesse se tornar o primeiro presidente negro dos Estados Unidos (já que Obama não existe em Shondaland), ele teria que dosar sua “negritude”. Ser negro, sem lembrar que é e sempre saber qual é o seu verdadeiro lugar. Para implodir suas próprias chances na eleição, Edison acaba falando o que pensa para a imprensa em um discurso longo e pesado. Discurso este, que poderia muito bem estar na voz da criadora da série para destruir o slogan do verdadeiro candidato à presidência e que foi usado literalmente durante o episódio: “fazer a América boa novamente!”

Então, como se derruba alguém como Hollis? Fitz afirma que o candidato desvia dinheiro, Hollis ofende o presidente e está tudo bem. Talvez se trouxerem à tona que Hollis estuprou sua esposa? Mas isso resulta em um aumento de votos para ele nas pesquisas. Bom, ele caça com membros da KKK e recebeu dinheiro dessas pessoas, provavelmente isso faça a América mudar de opinião, ninguém gosta da KKK, não é mesmo? Mas Hollis vira o jogo com a afirmação de que livros e ideias não machucam as pessoas (“bem, talvez livros”, ele mesmo corrige em uma entrevista). Ou seja, “provar o que já sabemos, que Hollis Doyle é um homofóbico, estúpido, misógino e racista”, como Papa Pope afirma, não funciona.

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O que Olivia faz é evidenciar uma coisa mais óbvia. O discurso de ódio de Hollis é vazio e o que ele diz é para conquistar pessoas estúpidas que compram esse tipo de ideia. Então, ela grava ele dizendo isso, exibe isso em rede nacional e deixa a campanha dele se autodestruir. Tudo isso, queridos gladiatores, na primeira parte do episódio e Trump Card tinha mais histórias para resolver.

Com Hollis derrotado, Abby e Olivia tinham a missão de derrubar a campanha uma da outra e, diante da gravidade das cartas que elas tinham na manga, decidem que é melhor abrir o jogo para todos envolvidos. Assim, Mellie e Susan tinham a oportunidade de desistir antes que elas se machucassem.

A carta de Liv era que David derrubou uma investigação para conquistar o apoio nas primárias da Flórida. Diante dessa informação, Susan desiste da campanha, apoia Mellie publicamente e termina de vez o relacionamento sofrido (e entediante, vamos combinar). David até tenta argumentar, mas Susan está decidida que o rompimento é o melhor para ela e ainda pontua que ele levou um chute na bunda da Vice-Presidente dos Estados Unidos (Yaaaaaas, queen!). Tudo isso é claro, antes de fechar a porta e ter um crise de choro. A fala de Susan é poderosíssima e a atriz Artemis Pebdani é a grande responsável pela força e intensidade que as palavras ganham.

“Eu sei que eu sou incrível… Eu sou graciosa, fofa, engraçada e mais inteligente que você. Eu sou incrível, David. Eu vou mudar o mundo e é por isso que isso está acabado […] Eu acredito em mim e eu preciso de alguém que sinta a mesma coisa.” – Susan Ross

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A carta que Abby tinha contra Mellie não foi usada durante a reunião. A ex-gladiadora resolve não revelar o possível escândalo porque ele dizia a respeito da sua mentora. Abby foi informada por Eli que Liv abortou um filho de Fitz, então ela decide não ferir a amiga. Olivia esclarece depois que não está envergonhada pela decisão que tomou e que isso iria ferir a Fitz mais do que a ela, não só publicamente, já que o presidente não sabe disso. Com tudo resolvido entre elas, Abby e Liv se alarmam pelo fato que Eli sabe e que ele pode usar usar a informação contra Olivia.

Assim, Scandal fecha todas as histórias que construiu nesse episódio e ainda deixa algumas faíscas acesas para a season finale que será exibida na próxima semana. Depois de Trump Card, honestamente, eu tenho poucas perguntas e muitas expectativas.

 

Outros comentários:

  • “You feel me, brother” é a pior coisa que Eli poderia ter dito para Edison, mas é claro que ele não perderia a chance de incorporar uma frase do “gueto” para desqualificar o discurso.
  • Na primeira parte do episódio, Papa Pope parece o Mestre dos Magos: aparece, planta a discórdia e desaparece.
  • Hollis pegando na mão de Olivia e dizendo que ele não seria racista por causa dessa atitude… vomitei!
  • Susan: “If this is about the thing with the koala…” Como assim?!
  • Estou comprando muito o relacionamento da Mellie e Marcus. Quem mais?
  • Como nem tudo são flores, Jake Ballard foi a pior coisa do episódio. Eu me incomodo muito com essa postura passiva que ele tem tomado. Sussurar palavras no ouvido de Edison… ah, Scandal, please! 
  • E a única música do episódio pertence a Prince, é claro. Delirius foi a escolha de Shonda para Trump Card.

E o que você achou desse episódio? Gostou? Não? Conte tudo nos comentários e não deixe de contar suas expectativas para o último episódio!


Nathani Mota

Jornalista, nerd e feminista. Melhor amiga da Mindy Kaling, mesmo que ela não saiba disso.

Salto / São Paulo

Série Favorita: Sherlock

Não assiste de jeito nenhum: Two and Half Men

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