Accouts Payable começou temporalmente logo na manhã depois dos acontecimentos da premiere da temporada. Nos comentários da última resenha reparei que muitos ficaram insatisfeitos com o modus operandi de To Trouble, seja pela falta de tensão ou pelos melismas que Suits repete desde que estreou.
Eu concordo com todos vocês em parte, mas não achei o episódio anterior ruim – não esperava muito mais do que aquilo, já que eles optaram por não fazer um salto temporal – o que poderia ter acontecido de bombásticos nas horas subsequentes a prisão de Mike? Pois é, quase nada. Vamos considerar aquilo um prólogo, dando apenas uma indicação de qual rumo os ventos soprarão a partir de agora.
Nesta tivemos o verdadeiro inicio da 6ª temporada. Foi em Accouts Payable que começamos a ter uma ideia de que agora não dá para ser como antes – ora, não precisamos mais ver Mike fingindo ser advogado e também porque a Pearson Specter Litt deve ficar um tempo por baixo depois do desmonte. Se algum “caso da semana” surgir, creio que servirá apenas como pano de fundo para esta reestruturação.
Minha aposta? Iremos focar nos nossos protagonistas, em dramas que cada um deles vai ter que superar não só no profissional, como no pessoal (#Faustão) – pessoal este que sempre acabou sendo colocado para escanteio para salvar o segredo de Mike Ross. Agora não há mais nada disso, cada um dos nossos personagens tão queridos precisam recolocar a vida nos eixos, ou pelo menos sofrer tentando.
A Pearson-Specter-Litt sempre foi a vida para todos eles, o que importa é reconstruí-la para depois começar a cuidar do resto (esta ordem pode não funcionar bem para alguns). As coisas estão diferentes, Harvey não é capaz de encontrar uma saída de mestre ou Jessica pode mexer os pauzinhos dela para controlar o que acontece dentro e fora da sua firma. Nós vemos os dois indivíduos que sempre emanaram uma aura de poder completamente submissos e nadando junto com a corrente para começar uma incerta escalada, sem equipamentos de segurança, na tentativa de alcançar um lugar que lembre o que eles já ocuparam.
Se semana passada foi tivemos uma quantidade considerável de humor, aqui a comédia foi pontual com o (sempre ele) Lois. Eu realmente achei muito característico dele contratar os figurantes para fazer volume dentro da firma, apenas não só mais representativo do que o prazer dele em poder demitir todos de uma vez.
Mas voltando para o drama corporativo. Os três seguiram em frente com o plano de usar o fundo dos sócios para fazer o acordo com os clientes que entraram pedindo indenização pelos casos em que Mike Ross trabalhou. Após serem tratados com arrogância por causa da tentativa de acordo, Harvey joga na cara dela tudo o que ele estava na cabeça dele – e, aposto que também quando o seu pupilo ainda estava sob a sua asa – que todos aqueles clientes insatisfeitos não teriam conseguido nada melhor se Mike se envolvido naquelas querelas. Foi o suficiente para fechar o acordo e entregar o dinheiro, que em tese não era de nenhum deles, para se livrar do primeiro problema.
Reencontramos então um Jack Soloff bem insatisfeito com este fato e pronto para processar o seu antigo escritório para reaver os seus haveres depois deles terem se debandado da sociedade. Acontece que ele não contava com a amizade de Jessica com seu atual empregador – Robert (sempre bom te ver) Zane. Como eu disse lá em cima, essa 6ª temporada é a prova de que todos precisarão descer dos seus antigos pedestais se quiserem seguir em frente. Vocês algum dia já imaginaram que a rainha Jéssica praticamente imploraria por um favor daquele jeito? A sorte é que o pai de Rachel realmente admira a mulher e profissional que ela é, e ordena que Soloff largue a sua contenda.
O problema é que, mais uma vez, havia muito mais por trás da história de Soloff do que ele quis contar à princípio. Ele não foi atrás de Jessica em um movimento mesquinho, ele precisava do dinheiro dele para poder adquirir um naco da sociedade de Zane e não tinha nenhum vintém para fazer isso. Novamente o segredo dele, apenas ventilado na 5ª temporada, foi utilizado como motivo por ele estar nessa situação. Eu gostaria muito de saber da vida pregressa de Soloff, mas acho que isso pode ser utilizado no futuro como recurso narrativo – por isso todo esse mistério em cima do que ele fez.
Ainda sobre o acordo, no momento que ele seria promulgado em juízo eis que das profundezas do oceano emerge Elliot Stemple com a sua particular indumentária para atrapalhar tudo– calma, é normal que você não se lembre dele. Interpretado pelo ótimo Patrick Fisher – nós o vimos pela primeira vez lá na 3ª temporada, como um antigo rival da época de Havard, que derrotou Harvey três vezes em júris simulados na faculdade. A partir daí havia evitado qualquer tipo de confronto profissional com o sócio de Jéssica.
No episódio Moot Point, Mike quer surpreender Harvey com um presente e Donna da a dica de algo que o chefe nunca havia sido capaz de conseguir, justamente um embate com Stemple. O problema é que Elliot acaba jogando sujo, usando um acordo que ele implora para conseguir para fazer o cliente de Harvey parecer culpado no tribunal – além de revelar que as vitórias dele quando jovem poderiam ser resultado de trapaças – No fim das contas, é claro, Mike e Harvey o derrotam e ainda conseguem enquadrar Stemple por espionagem coorporativa. Ou seja, ele não tem nada além de rancor no coração.
Ao tentar negociar com Stemple, ele aposta em uma carta para atingir Harvey de uma maneira inimaginável. O sócio de Jessica poderia se ver livre de um problema infernal caso entregasse o quadro do pato que Louis apontou na semana passada. Vocês podem ter estranhado o que levaria alguém trocar a chance de ganhar milhões com uma pintura infantil e que certamente não havia sido assinada por nenhum Picasso. Como tudo na vida de Harvey tem um significado, claro que a insistência dele em manter aquilo lá só se explicaria se fosse algo muito inerente à pessoa que ele é – e o soco foi certeiro.
Uma coisa que Suits sempre deixou bem claro é que a posição de Harvey, seja pelo seu sucesso ou pela sua arrogância, fez dele um dos profissionais mais odiados do ramo. Muitos já apareceram na história única e exclusivamente na vontade de tentar destruí-lo ou comprovar que ele não merecia o que era. Inclusive, Louis até pouco tempo atrás (???) nutria uma rixa com o colega – apesar de considerá-lo da família – porque não alguém como Elliot, escorraçado na frente de um tribunal, perderia a chance de atingir onde mais dói em seu desafeto – em um cenário onde o mesmo não tem como reagir?
Todos ali estão pagando pelos erros que cometeram, embora não ir para trás das grades tenha parecido uma vantagem. Harvey abre mão, como Jessica explicou depois, da única coisa que lembrava a sua mãe de forma positiva. Ora, ele foi quem trouxe Mike para dentro da firma, teria então o direito de se prender em uma lembrança de um passado feliz em sacrifício de uma possibilidade de futuro – não só para si – como para seus amigos? Não. Eu realmente espero que a gente venha a conhecer a mãe de Harvey em algum momento… Tudo na vida dele sempre acaba nas questões que ele tem com ela.
Vendo a abnegação de Harvey em se desfazer de uma memorabília tão preciosa, Jessica então percebe que não teria motivos para não ajudar Soloff, pois assim como o sócio, foi ela quem criou o cenário que colocou Jack onde ele está hoje. Talvez dali tenha nascido uma parceria importante para um momento futuro – inclusive porque ela se mostrou pronta para recomeçar na última cena com Louis.
Agora saindo do jurídico e indo para prisão. Mike foi ingênuo (de novo) ao cair nas provocações de Frank – muitos criticaram o fato uma pessoa inteligente como ele ficar suscetível à essa manipulações. Mas vejam, o cara (mesmo sendo culpado) não é uma pessoa má. Ele teve toda a trajetória que acompanhamos e agora está sendo punido. Vamos dar uma colher de chá! Como eu disse na semana passada, era de se esperar que os nervos dele ficassem a flor da pele – afinal, ele não pode mais usar do seu cérebro para controlar o seu destino.
Sendo prática, a tensão dentro da cadeia serviu para duas coisas: 1) Começar a explicar a história entre Harvey e Gallo e 2) fazer com que Mike começasse a estabelecer suas primeiras conexões dentro daquele ambiente completamente hostil. Eu gosto bastante de ver Harvey com sangue no olho, e ter uma pessoa que quer prejudicá-lo em um local onde ele também não pode – a princípio – influenciar, é interessante. Já no que tange Mike, eu gostei de cara do Malcon em To Trouble e creio que ele vá ter uma grande influência em ajudar o novo detento a se reencontrar como pessoa, expiando tudo de errado em que ele baseou sua vida no passado. Já Kevin será imprescindível para que Mike sobreviva ao cotidiano dentro do lugar onde quase todos estão corrompidos contra ele.
Eu gostei bastante de Accounts Payable – foi o inicio do desenvolvimento da história da 6ª temporada. Querendo ou não, vocês hão de concordar que estamos assistindo um recomeço para Suits. Apenas algumas facetas dos novos dramas começaram a ser mostradas, mas acredito no potencial da série construir mais uma vez algo cativante como sempre lhe foi característico.
Fique com a promo de Back on Map, que vai ao ar dia 27 de julho:
– Observações:
– Não sei se entendi muito bem, mas esses 10 milhões são referentes a soma dos valores das porcentagens que os sócios tinham na Pearson-Specter-Litt. Foi uma jogada um pouco controversa fazer isso, ainda mais sabendo que eles não teriam nenhum direito à esse valor se não fosse o jogo que eles fizeram semana passada.
– Ainda bem que Donna explicou o “I’m black on the inside”. Eu até joguei no Google, mas não achei nenhuma música! E para Gretchen entoar outra parte da canção – “You’re black all over” – devia ser de respeito.
– Donna já tava com as fotos preparadas haha
– Só pela promo dá para perceber que Sean Cahill não vai ser de grande ajuda – mas espero que ele apareça mais vezes na temporada.
– Qual o segredo de Soloff? Será que o dementador do Hardman vai aparecer novamente?
– A Pearson-Specter-Litt vai sublocar suas salas. Será que chega algum personagem interessante aqui?
– O arco da prisão ainda não engrenou. O lado de fora ainda parece ter mais força, inclusive com a saída de Mike – mas nunca vou subestimar esse povo de Suits.
– Algo me diz que vamos ver aquela pintura de novo.
– Todos perderam alguma coisa no episódio além de Harvey: Jessica emprestou dinheiro para Soloff, Kevin arriscou sua segurança por Mike, Rachel perdeu a chance de encontrar Mike.
– Se analisarmos direito não é um pato, mas sim um jacaré e uma boneca:
– Frank é capaz de mexer não só com o emocional, mas também é uma ameaça à integridade física de Mike. É um bom drama para se desdobrar.
– Uma consulta com a Dra. Paula cairia bem agora.
E vocês? O que acharam? Melhorou da semana passada? Coração partido com o Harvey? Fiquem a vontade para dividir a opinião de vocês aqui!
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